
Nova técnica brasileira trata câncer de mama sem cirurgia
Nova técnica brasileira trata câncer de mama sem cirurgia
Estudo da Universidade Federal de São Paulo mostra que a crioablação tem 100% de eficácia em tumores de até 2 cm, podendo revolucionar o tratamento do câncer de mama


Uma nova técnica promete mudar a forma como o câncer de mama é tratado. Segundo um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a crioablação, que congela o tumor, teve 100% de eficácia em tumores de até 2 cm. O método pode substituir a cirurgia em alguns casos.
Heródoto Barbeiro entrevistou o professor e médico Afonso Nazário, da Escola Paulista de Medicina, que explicou o procedimento. Segundo ele, “o tratamento é feito com anestesia local e uma sonda de congelamento que atinge temperaturas de -140ºC a -150ºC”.
Procedimento simples e pouco invasivo
O procedimento é minimamente invasivo e pode ser realizado em ambulatório. A sonda é inserida na mama e, por meio de congelamento extremo, destrói as células tumorais. “Acreditamos que nessas temperaturas não existe célula tumoral que consiga sobreviver”, afirmou Nazário.
O especialista esclarece, ainda, que a pesquisa demonstrou que tumores de até 2 cm foram completamente eliminados sem necessidade de remoção cirúrgica posterior. “Para tumores entre 2 e 2,5 cm, alguns casos ainda apresentaram resíduos tumorais”, explicou o médico.
A técnica já é usada para tratar outros tipos de câncer, como no rim e no fígado, mas sua aplicação para o câncer de mama ainda é experimental na América Latina. “Este é o primeiro estudo da região a avaliar a eficácia da crioablação no tratamento inicial da doença”, destacou o cientista.
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O futuro da técnica
A próxima fase do estudo irá comparar dois grupos de pacientes: um tratado apenas com crioablação e outro submetido à cirurgia convencional. “Nosso objetivo é comprovar que a crioablação pode substituir a cirurgia no dia a dia da oncologia”, disse Nazário. O estudo será concluído em dois anos.
Se os resultados forem confirmados, a crioablação poderá revolucionar o tratamento do câncer de mama, oferecendo uma alternativa menos invasiva e mais acessível para milhares de mulheres. “A médio prazo, esperamos que essa técnica entre na rotina da mastologia”, concluiu o especialista.