Quem se destacou em 2024?
Karen Cunha
Curadora e especialista em eventos de grande porte
Quem se destacou em 2024?
Confira 10 álbuns e artistas brasileiros que mais brilharam neste ano, de acordo com Karen Cunha
Nunca gostei desse tipo de lista, porque considero tudo muito subjetivo. Especialmente os parâmetros: o destaque é na mídia? Na crítica? Nos fãs? Pelo número de plays? Pelo número de seguidores? Enfim, há muitas maneiras de definir o destaque, mas decidi usar uma métrica “vintage” e falar sobre álbuns. Levarei em conta também os desdobramentos desses discos, como shows de lançamento e a repercussão.
Fazia tempo que não tínhamos um ano com tantos lançamentos bons. Foi fácil fazer uma curadoria, mas bastante complicado para integrar comissões de premiação. Deu vontade de premiar tudo.
Mas decidi escolher 10, afinal, mesmo que fosse uma lista de 50, ainda seria pouco para incluir tanta coisa legal lançada esse ano.
A lista não está em ordem de importância; escolher apenas 10 já foi uma tarefa difícil.
Rashid – Portal
Este álbum se distancia significativamente de tudo o que Rashid já produziu. Além de refletir sobre sua trajetória de forma madura e íntima, a obra também aborda sua recente paternidade, um tema raro e difícil de encontrar no cenário musical.
Um dos destaques é a faixa “Cairo”, uma emocionante homenagem ao seu primeiro filho, nascido em 2022.
É uma obra grandiosa que eleva Rashid a um novo patamar, não apenas no rap, mas também na MPB. O disco ainda conta com a participação de grandes nomes, como Péricles e Lenine.
Curtinho, mas muito agradável de ouvir. Nota 10.
Liniker – Caju
O álbum é tudo o que estão dizendo, sim.
Muito bem produzido e com uma narrativa coesa, a obra é uma sucessão de hits, e os ingressos para os shows da turnê esgotam em poucos minutos.
Embora o foco seja a personagem Caju, é impossível não perceber Liniker em cada letra e melodia.
As faixas “So Special” (com Tropkillaz) e “Deixa Estar” (com Lulu Santos e Pabllo Vittar) surpreendem ao revelar uma faceta mais dançante da artista.
Música para ouvir na pista é algo cada vez mais raro. Não via algo assim desde o álbum Noites de Climão, da Letrux.
Amaro Freitas – Y’Y
Qualquer coisa que eu falasse sobre ele seria pouco.
O álbum é fantástico, suas apresentações são incríveis e ele merece todos os prêmios e indicações que recebeu este ano.
Não tem como ficar indiferente às suas criações.
Melly – Amaríssima
O primeiro disco da cantora e compositora é uma verdadeira surpresa, com participações especiais de nomes como Liniker e Russo Passapusso.
Além de músicas deliciosas, a artista ainda apresenta uma obra visual que dá ainda mais coesão à narrativa do disco. Em outras palavras, ouvir o álbum e assistir à história dá ao conjunto um gostinho de fofoca. “O que aconteceu?” “O que vai acontecer?”
Dá vontade de se apaixonar, sofrer, dançar e se apaixonar novamente.
Para ouvir no “repeat”.
Yago o próprio – OPROPRIO
No seu álbum de estreia, Yago Oproprio já conquistou a crítica especializada e firmou seu espaço no rap brasileiro. Suas rimas criativas e seu flow melódico abordam situações cotidianas de forma irônica e bem-humorada.
Bom do começo ao fim.
Duquesa – Taurus, Vol. 2
A artista explora temas como identidade, resistência e empoderamento, com uma abordagem visceral e autêntica.
É sempre muito bom ver mulheres se destacando no rap, e ainda melhor ver o reconhecimento tanto dos fãs quanto de seus pares.
Grandona.
Hermeto Pascoal – Pra Você, Ilza
Aos 88 anos, é reconhecido no mundo inteiro como um dos maiores gênios vivos da música brasileira. Já foi gravado por Miles Davis e condecorado com um título honoris causa pela Juilliard, a maior escola de música do mundo.
O álbum, dedicado a sua amada Ilza, que partiu há 24 anos, lhe rendeu o Grammy Latino de Melhor Jazz.
Arrisco a dizer que esse disco apresentou Hermeto a muita gente que desconhecia a grandeza dessa figura. Tudo o que achamos moderno já foi feito por ele há anos.
Veja Hermeto! Escute Hermeto.
Thalin, Cravinhos, VCR Slim, Pirlo e Iloveyoulangelo – Maria Esmeralda
O disco traz uma estética que remete ao rap brasileiro dos anos 2000, período em que o visual se tornava quase uma extensão da sonoridade. A crítica especializada acolheu bem a obra, e o primeiro show, realizado no Teatro do Sesc Pompeia, com ingressos esgotados, contou com uma plateia ilustre.
A colaboração de artistas como Doncesão, Tchelo Rodrigues, Yung Vegan, Servo, RUBI e Quiriku enriquece ainda mais a sonoridade da obra, adicionando camadas de diversidade e profundidade musical.
Cátia de França – No Rastro de Catarina
Cátia de França é, sem dúvida, uma das artistas mais autênticas e essenciais da música brasileira, e No Rastro de Catarina finalmente a apresentou ao público mais jovem.
Shows lotados, elogios da crítica e indicação ao Grammy Latino são apenas uma fração do reconhecimento que ela merece.
Vale muito a pena não só ouvir esse álbum, mas também se aprofundar em toda a obra da artista.
Pabllo Vittar – Batidão Tropical Vol. 2
Entrar para a história com sua participação no memorável show da Madonna na Praia de Copacabana não foi suficiente. Pabllo conquistou o mundo com os hits “São Amores” e “Alibi”, sendo este último uma colaboração com as cantoras Sevdaliza e Yseult.
Quem nunca se pegou cantarolando alguma dessas músicas sem querer está morto por dentro.
Eu disse que eram só 10, mas preciso fazer uma menção honrosa:
Teto Preto – Fala
Lançar um disco de música eletrônica é sempre um ato de coragem, portanto não poderia deixar de falar de uma banda que já dura uma década.
Além do Teto Preto, é importante frisar a importância da festa/coletivo/gravadora Mamba Negra na difusão da música eletrônica brasileira pelo mundo.
Vale muito a pena acompanhar e apoiar a produção eletrônica nacional.
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Karen Cunha