
Renascimento do forró: geração que revive Luiz Gonzaga
Renascimento do forró: geração que revive Luiz Gonzaga
Do pé de serra ao mainstream: como o forró segue com seu espaço nas playlists


Há algo quase mágico no som da sanfona chorando, no triângulo tilintando e no zabumba marcando o compasso. O forró é a trilha sonora de um povo, a voz do sertão que ecoa em festas de arraiá, em bares de metrópole e até nos palcos internacionais. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, plantou uma semente no século 20 que hoje floresce com força total nas mãos de uma nova geração.
O forró está mais vivo do que nunca, reinventando-se sem perder sua essência. Jovens artistas estão misturando o tradicional pé-de-serra com pop, eletrônico e até R&B, provando que essa é uma das manifestações culturais mais versáteis e resistentes do Brasil.
Dados recentes mostram como o forró está mais vivo que nunca:
• O clássico “Asa Branca” e suas versões somam mais de 150 milhões de views no YouTube
• Artistas como João Gomes ultrapassam 300 milhões de streams com hits como “Meu Pedaço de Pecado”
• O forró mantém presença constante nas principais playlists regionais do Nordeste
As novas vertentes do forró: entenda as diferenças que estão revolucionando o gênero
O forró, em sua evolução natural, deu origem a várias vertentes contemporâneas que mantêm a essência nordestina enquanto incorporam influências modernas. Vamos desvendar cada uma dessas variações:
1. Piseiro
Características distintivas:
- Batidas aceleradas (em torno de 150-160 BPM, contra 100-120 BPM do forró tradicional)
- Uso intenso de elementos eletrônicos (synths, samples digitais)
- Letras com gírias contemporâneas e duplo sentido
- Presença marcante do triângulo eletrônico
Diferença crucial: Enquanto o forró tradicional é mais cadenciado (“xote”), o piseiro é essencialmente dançante e frenético.
2. Pisadinha: o primo brega do forró
Elementos definidores:
- Fusão com tecnomelody e brega pop
- Batida mais “redonda” que o piseiro (130-140 BPM)
- Letras focadas em relacionamentos cotidianos
- Arranjos mais limpos e comerciais
Diferença principal: A pisadinha tira o caráter “sujinho” do forró tradicional, optando por produção mais polida.
3. Forró romântico
Marcas registradas:
- Manutenção dos instrumentos tradicionais (sanfona, zabumba)
- Temas líricos amorosos
- Andamento moderado (similar ao forró pé-de-serra)
- Produção sem elementos eletrônicos invasivos
Diferencial: É o mais fiel à estrutura musical clássica, diferenciando-se apenas no conteúdo lírico.
Ícone do gênero: Flávio José (sanfona tradicional + letra sentimental)
4. Forró eletrônico: o forró das baladas
Inovações características:
- Base eletrônica (kick marcante, baixo sintetizado)
- Manutenção da sanfona como elemento central
- Batidas inspiradas no EDM (mas em tempo de forró)
- Performances voltadas para grandes eventos
Contraste principal: Enquanto o forró tradicional é acústico, esta vertente abraça a tecnologia sem perder a identidade.
Curiosidade cultural: O piseiro nasceu especificamente no Piauí como resposta dos jovens à aceleração dos ritmos urbanos, enquanto a pisadinha tem DNA mais paraense, herdeira direta do tecnobrega.
Veja também:
Os artistas que estão revolucionando o forró
Aqui, selecionamos 10 nomes que estão escrevendo o próximo capítulo dessa história.
Tarcísio se consolidou como o artista de forró com o crescimento mais expressivo na era digital, saltando de 50 mil para 8,7 milhões de ouvintes mensais no Spotify após o lançamento do hit. Seu hit “Me Esqueça Se Puder” ultrapassou 180 milhões de streams no Spotify, tornando-se um dos maiores sucessos do forró contemporâneo.
2. João Gomes
Seu single “Meu Pedaço de Pecado” viralizou globalmente, mostrando a força do novo forró entre os jovens. Sua voz potente e carisma fazem sucesso desde as quebradas até as grandes capitais.
3. Flávio José
Aos 73 anos, Flávio José continua sendo um dos mais importantes expoentes do forró contemporâneo, mantendo-se em plena atividade e arrastando multidões por onde passa. Segue levando a tradição do forró pé-de-serra a grandes palcos —além de se apresentar em eventos como o “Forró Verão 2025”, o artista mantém presença ativa nas redes sociais, renovando o diálogo com novas gerações e reforçando seu papel como guardião e propagador da cultura nordestina.
4. Romim Mahta
Romim Mahta é um cantor, compositor e produtor musical cearense conhecido por sua forte presença no cenário do forró eletrônico e do piseiro. Apelidado de “a voz do paredão”, ficou conhecido por empregar batidas aceleradas e arranjos potentes que dialogam com o gosto das periferias nordestinas. Além de sua carreira solo, suas composições já foram gravadas por artistas como Wesley Safadão, e seus shows costumam atrair grandes públicos, especialmente em eventos de música regional como o Encanta Ceará.
Natural do Pará, ganhou destaque ao incorporar batidas envolventes e elementos eletrônicos ao piseiro e ao forró eletrônico, com hits que se espalham pelas redes sociais e pelas pistas de dança do Norte e Nordeste do país.
Com produções como “Joga Pra Tropa” e colaborações com artistas da nova cena, Pedro no Beat representa uma geração que valoriza as raízes do forró, mas não tem medo de experimentar e dialogar com o pop, o funk e o trap, mantendo o gênero relevante entre o público jovem.
O forró é imortal
Luiz Gonzaga certamente estaria orgulhoso ao ver sua herança sendo carregada por artistas que honram as raízes enquanto ousam inovar. O forró domina festivais, viraliza nas redes e conquista corações mundo afora. Essa é a prova de que cultura verdadeira não desaparece – ela se reinventa, se expande e, no caso do forró, continua a fazer o Brasil inteiro dançar.
E você, já abraçou o forró dessa nova geração? Coloque um som, chame os amigos e deixe o ritmo do Nordeste te levar.