Renascimento do forró: geração que revive Luiz Gonzaga

Clarissa Sayumi
14:00 23.04.2025
Arte e cultura

Renascimento do forró: geração que revive Luiz Gonzaga

Do pé de serra ao mainstream: como o forró segue com seu espaço nas playlists

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- 23.04.2025 - 14:00
Renascimento do forró: geração que revive Luiz Gonzaga
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Há algo quase mágico no som da sanfona chorando, no triângulo tilintando e no zabumba marcando o compasso. O forró é a trilha sonora de um povo, a voz do sertão que ecoa em festas de arraiá, em bares de metrópole e até nos palcos internacionais. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, plantou uma semente no século 20 que hoje floresce com força total nas mãos de uma nova geração.

O forró está mais vivo do que nunca, reinventando-se sem perder sua essência. Jovens artistas estão misturando o tradicional pé-de-serra com pop, eletrônico e até R&B, provando que essa é uma das manifestações culturais mais versáteis e resistentes do Brasil.

Dados recentes mostram como o forró está mais vivo que nunca:
• O clássico “Asa Branca” e suas versões somam mais de 150 milhões de views no YouTube
• Artistas como João Gomes ultrapassam 300 milhões de streams com hits como “Meu Pedaço de Pecado”
• O forró mantém presença constante nas principais playlists regionais do Nordeste

As novas vertentes do forró: entenda as diferenças que estão revolucionando o gênero

O forró, em sua evolução natural, deu origem a várias vertentes contemporâneas que mantêm a essência nordestina enquanto incorporam influências modernas. Vamos desvendar cada uma dessas variações:

1. Piseiro

Características distintivas:

  • Batidas aceleradas (em torno de 150-160 BPM, contra 100-120 BPM do forró tradicional)
  • Uso intenso de elementos eletrônicos (synths, samples digitais)
  • Letras com gírias contemporâneas e duplo sentido
  • Presença marcante do triângulo eletrônico

Diferença crucial: Enquanto o forró tradicional é mais cadenciado (“xote”), o piseiro é essencialmente dançante e frenético.

2. Pisadinha: o primo brega do forró

Elementos definidores:

  • Fusão com tecnomelody e brega pop
  • Batida mais “redonda” que o piseiro (130-140 BPM)
  • Letras focadas em relacionamentos cotidianos
  • Arranjos mais limpos e comerciais

Diferença principal: A pisadinha tira o caráter “sujinho” do forró tradicional, optando por produção mais polida.

3. Forró romântico

Marcas registradas:

  • Manutenção dos instrumentos tradicionais (sanfona, zabumba)
  • Temas líricos amorosos
  • Andamento moderado (similar ao forró pé-de-serra)
  • Produção sem elementos eletrônicos invasivos

Diferencial: É o mais fiel à estrutura musical clássica, diferenciando-se apenas no conteúdo lírico.

Ícone do gênero: Flávio José (sanfona tradicional + letra sentimental)

4. Forró eletrônico: o forró das baladas

Inovações características:

  • Base eletrônica (kick marcante, baixo sintetizado)
  • Manutenção da sanfona como elemento central
  • Batidas inspiradas no EDM (mas em tempo de forró)
  • Performances voltadas para grandes eventos

Contraste principal: Enquanto o forró tradicional é acústico, esta vertente abraça a tecnologia sem perder a identidade.

Curiosidade cultural: O piseiro nasceu especificamente no Piauí como resposta dos jovens à aceleração dos ritmos urbanos, enquanto a pisadinha tem DNA mais paraense, herdeira direta do tecnobrega.

Veja também:

Os artistas que estão revolucionando o forró

Aqui, selecionamos 10 nomes que estão escrevendo o próximo capítulo dessa história.

1. Tarcísio do Acordeon

Tarcísio se consolidou como o artista de forró com o crescimento mais expressivo na era digital, saltando de 50 mil para 8,7 milhões de ouvintes mensais no Spotify após o lançamento do hit. Seu hit “Me Esqueça Se Puder” ultrapassou 180 milhões de streams no Spotify, tornando-se um dos maiores sucessos do forró contemporâneo.

2. João Gomes

Seu single “Meu Pedaço de Pecado” viralizou globalmente, mostrando a força do novo forró entre os jovens. Sua voz potente e carisma fazem sucesso desde as quebradas até as grandes capitais.

3. Flávio José

Aos 73 anos, Flávio José continua sendo um dos mais importantes expoentes do forró contemporâneo, mantendo-se em plena atividade e arrastando multidões por onde passa. Segue levando a tradição do forró pé-de-serra a grandes palcos —além de se apresentar em eventos como o “Forró Verão 2025”, o artista mantém presença ativa nas redes sociais, renovando o diálogo com novas gerações e reforçando seu papel como guardião e propagador da cultura nordestina.

4. Romim Mahta

Romim Mahta é um cantor, compositor e produtor musical cearense conhecido por sua forte presença no cenário do forró eletrônico e do piseiro. Apelidado de “a voz do paredão”, ficou conhecido por empregar batidas aceleradas e arranjos potentes que dialogam com o gosto das periferias nordestinas. Além de sua carreira solo, suas composições já foram gravadas por artistas como Wesley Safadão, e seus shows costumam atrair grandes públicos, especialmente em eventos de música regional como o Encanta Ceará.

5. Pedro no Beat

Natural do Pará, ganhou destaque ao incorporar batidas envolventes e elementos eletrônicos ao piseiro e ao forró eletrônico, com hits que se espalham pelas redes sociais e pelas pistas de dança do Norte e Nordeste do país.

Com produções como “Joga Pra Tropa” e colaborações com artistas da nova cena, Pedro no Beat representa uma geração que valoriza as raízes do forró, mas não tem medo de experimentar e dialogar com o pop, o funk e o trap, mantendo o gênero relevante entre o público jovem.

O forró é imortal

Luiz Gonzaga certamente estaria orgulhoso ao ver sua herança sendo carregada por artistas que honram as raízes enquanto ousam inovar. O forró domina festivais, viraliza nas redes e conquista corações mundo afora. Essa é a prova de que cultura verdadeira não desaparece – ela se reinventa, se expande e, no caso do forró, continua a fazer o Brasil inteiro dançar.

E você, já abraçou o forró dessa nova geração? Coloque um som, chame os amigos e deixe o ritmo do Nordeste te levar.

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