
Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro
Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro
Filha de Dorival Caymmi, Nana construiu trajetória sólida na MPB e eternizou sua voz em canções de amor, dor e memória


A cantora Nana Caymmi, considerada uma das maiores vozes da música brasileira, faleceu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde julho de 2024 na Casa de Saúde São José, localizada no Humaitá, Zona Sul da cidade, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com o hospital, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, Nana completou 84 anos apenas dois dias antes de sua partida. Criada em um ambiente profundamente musical, era filha do compositor Dorival Caymmi com Stella Maris, e irmã dos músicos Dori e Danilo Caymmi.
Desde jovem, Nana demonstrou sua vocação artística. Sua estreia foi ao lado do pai, interpretando “Acalanto”, música composta por Dorival quando ela ainda era bebê. A canção se tornou um clássico das canções de ninar brasileiras com versos conhecidos por gerações: “Boi, boi, boi / Boi da cara preta / Pega essa menina que tem medo de careta”.
Nana Caymmi: Carreira
Dona de uma discografia marcada por escolhas artísticas consistentes e por colaborações com grandes arranjadores e produtores, Nana deixou sua marca definitiva na MPB. Sua voz singular deu vida a composições de autores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e Roberto Carlos, sempre com forte personalidade interpretativa.
Em 1964, participou da gravação do icônico álbum Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo, que fez sucesso dentro e fora do Brasil. Dois anos depois, encarou vaias ao interpretar “Saveiros”, de Dori Caymmi, no Festival Internacional da Canção de 1966 — e saiu vencedora da competição.
Ao longo da carreira, Nana lançou dezenas de álbuns, como Nana Caymmi (1975), que consolidou seu nome na música brasileira, Renascer (1976), Voz e Suor (1983, com o pianista Cesar Camargo Mariano), Bolero (1993) e A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran (1994), produzido por José Milton, com quem trabalhou até 2019.
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Nana Caymmi: Sucesso também na TV
Sua voz também foi presença constante nas trilhas sonoras de novelas e minisséries da TV Globo. Em 1998, interpretou “Resposta ao tempo”, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, tema de abertura da minissérie Hilda Furacão. O sucesso rendeu outro convite da emissora no ano seguinte, para a abertura da novela Suave Veneno, com a canção homônima dos mesmos autores.
Em 2017, a gravadora Universal Music lançou a coletânea Nana Novelas, com 15 faixas da cantora extraídas de trilhas da TV Globo. Seus últimos discos foram Nana Caymmi Canta Tito Madi (2019) e Nana, Tom, Vinicius (2020).
Na vida pessoal, Nana foi casada com Gilberto Gil entre 1967 e 1969 e teve relacionamentos com os músicos João Donato e Cláudio Nucci. Ela deixa três filhos e duas netas.