Conheça Athos Bulcão, artista dos azulejos característicos de Brasília
Conheça Athos Bulcão, artista dos azulejos característicos de Brasília
A vida e obra do carioca, que nos deixou há 16 anos, abriu portas para que a arte se encontrasse com o público para além dos museus
Nascido em 1918, no Rio de Janeiro, Athos Bulcão sempre carregou consigo o amor pelo abstrato. Aos 21 anos, ele deixou o curso de medicina para se dedicar às artes visuais.
O talento era tanto que sua primeira exposição veio cinco anos depois, abrindo portas para que o artista se tornasse assistente de ninguém menos que Cândido Portinari.
Em 1955, Athos se uniu ao renomado arquiteto Oscar Niemeyer e fez parte da força-tarefa de artistas que ajudaram a colocar beleza e leveza na recém-pensada capital federal.
Ele, inclusive, se mudou para Brasília antes mesmo de sua inauguração e investiu mais e mais no objetivo de tirar as obras de arte dos museus.
Valéria Cabral, secretária-executiva da Fundação Athos Bulcão, conviveu com o artista e hoje luta para que seu legado não seja esquecido, especialmente com projetos voltados para alunos de escolas públicas do Distrito Federal.
“Um dos principais legados do professor Athos foi disponibilizar a obra de arte para todas as pessoas e indiscriminadamente. Você passa pela cidade e vê Athos Bulcão no teatro, na igreja, no parque”, disse.
Quem também cresceu acompanhando de perto a vida e obra de Athos foi Cadu Niemeyer, neto de Oscar. “Ele foi uma segunda família para mim, frequentava a minha casa. E acho que ir a Brasília é viver Athos Bulcão”, afirmou.
Na capital federal, as obras do artista estão em lugares emblemáticos como Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Ministério das Relações Exteriores. Também há traços de Athos dentro e fora do Teatro Nacional e na tradicional Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul.
Há, ainda, painéis do artista no Sambódromo do Rio de Janeiro; no Memorial da América Latina, em São Paulo; e no Tribunal de Contas do Estado da Bahia.
É tanta história que o cineasta brasiliense Sérgio Moriconi produziu o curta-metragem Athos, em homenagem a ele. Para Sérgio, os trabalhos do artista ultrapassaram as fronteiras do Brasil.
“As calçadas de Copacabana metaforizam o Rio de Janeiro e com Athos é a mesma coisa. A gente liga a televisão e vê o Congresso, os monumentos de Brasília. Sempre ao fundo há uma obra do Athos”, destacou.
Athos Bulcão morreu no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, em 31 de julho de 2008, vítima da Doença de Parkinson. Já suas obras, inclusive aquelas deixadas neste mesmo hospital, jamais devem ser esquecidas.
Por Hariane Bittencourt