Dia de Yemanjá: oferendas e shows marcam a celebração em Salvador

Flores no mar, cheiro de alfazema e olhos fechados durante uma prece. Esse era o retrato da praia nas primeiras horas do dia 2 de fevereiro. Milhares de pessoas – entre baianos e turistas – se reuniram para celebrar o dia de Yemanjá no Rio Vermelho, bairro da capital, Salvador.
 
A festa chegou a 103ª edição neste ano e mostrou a força da cultura popular, da religiosidade e da devoção de um povo. Antes mesmo de o sol nascer, havia fila para entregar presentes à Rainha do Mar e uma multidão espremida na areia para colocar as oferendas no mar.
 
Além de todo o simbolismo e ritos da religião, Salvador parecia ter antecipado o famoso carnaval da cidade. Em todo o lugar havia festas, batuques e celebrações. Não faltaram homenagens a Yemanjá. Uma das comemorações foi a Enxaguada de Yemanjá, sob o comando de Carlinhos Brown, que teve a participação de Daniela Mercury, Margareth Menezes, Luiz Caldas, Banda Mel, Mariene de Castro e Timbalada.
 
O evento também festejou os 40 anos do Axé Music. A Novabrasil esteve presente e conversou com os artistas. Brown, que agitou um público enorme, falou da relação do Axé com a Música Popular Brasileira: “Nós somos MPB. Primeiro porque nossa veia foi misturar todas as músicas. Nunca estivemos distantes dela. A única coisa que fizemos foi uma MPB com teor de regionalidade que se universalizou e passou a ser chamado ‘Axé’”.

A cantora e ministra da Cultura, Margareth Menezes, disse que o universo do Axé Music é muito vasto e amplo. “A gente deve isso a quem veio antes. Viva Caetano (Veloso), (Gilberto) Gil, Novos Baianos… E também à nossa força de defender um legado, defender um jeito diferente de fazer a música, a musica de rua”.
 
Daniela Mercury lançou uma música em comemoração às quatro décadas do ritmo e é uma homenagem à natureza. “É tudo muito rico e interessante, enriquece nossa relação com a natureza porque os orixás estão todos relacionados a algum fenômeno. Essa riqueza que inspira as canções”, apontou

“A MPB não seria a mesma coisa sem a alegria do Axé Music. O Axé veio em um momento de ruptura da ditadura no país. A gente abriu com muita alegria, com muita cor, que o Brasil não poderia viver sem”, lembrou o cantor Luiz Caldas.

A atriz Alessandra Negrini também participou da festa e falou sobre a presença no Dia de Yemanjá. “Essa festa é lindíssima, eu sou do axé, então, para mim, tem uma importância religiosa, além de cultural. Uma festa de resistência, uma festa importante para o Brasil. Que permaneça assim”, afirmou.