O desafio da paz em um mundo turbulento
Pensa Comigo com Gabriel Chalita
Escritor, filósofo e professor
O desafio da paz em um mundo turbulento
Falar sobre guerra, como as que envolvem Israel, Líbano e Palestina, e entre Rússia e Ucrânia, é sempre triste, mas também é essencial para refletirmos sobre as consequências devastadoras desses conflitos e o que eles representam para a humanidade
Na minha participação no Nova Manhã desta semana, tive a oportunidade de abordar um dos temas mais delicados e atuais: a guerra. Vivemos tempos de incerteza, onde conflitos armados, como os que envolvem Israel, Líbano e Palestina, e Rússia e Ucrânia, continuam a impactar milhares de vidas.
Falar sobre guerra é sempre triste, mas também é essencial para refletirmos sobre as consequências devastadoras desses conflitos e o que eles representam para a humanidade.
O Líbano, um país que já visitei em três ocasiões, sempre me fascinou por sua beleza e hospitalidade. No entanto, é uma nação marcada por tensões históricas e religiosas, onde convivem 18 grupos religiosos.
A tentativa de estabilizar a política do país passou por uma divisão de poder entre diferentes confissões religiosas.
Infelizmente, o Líbano voltou a ser palco de ataques, o atual, o mais intenso em 20 anos, colocando a nação em uma situação de extremo sofrimento.
Israel alega que seus ataques são direcionados ao Hezbollah, mas, na prática, pessoas inocentes – mulheres, crianças e homens que não fazem parte do conflito – acabam sendo a maioria das vítimas.
Isso nos faz questionar: até que ponto os ataques cirúrgicos e as justificativas de defesa são válidos quando a vida de inocentes é destruída?
A Realidade dos Conflitos em Gaza
O conflito entre Israel e a Palestina é outro exemplo trágico dessa escalada de violência. Israel argumenta que seus ataques são uma resposta à ofensiva do Hamas, mas, mais uma vez, os números não mentem: os maiores afetados não são os membros do Hamas, mas sim a população civil, incluindo mulheres e crianças.
Neste contexto, é impossível ignorar o papel dos líderes políticos. Benjamin Netanyahu, por exemplo, é um líder que se mantém no poder em grande parte devido ao conflito.
Ele, que já enfrentava baixa popularidade, parece sustentar sua autoridade através da guerra, uma estratégia vista com frequência em líderes ao redor do mundo. E essa não é uma observação isolada.
Na Assembleia da ONU, Joe Biden também mencionou que o poder não é tudo, sugerindo que há momentos em que a busca por poder se sobrepõe ao bem maior.
Quem lucra com as guerras?
A guerra, em si, é sempre um fracasso da humanidade. Somos seres racionais, sociais, capazes de resolver nossos problemas por meio do diálogo, e, no entanto, continuamos recorrendo à violência.
A verdade amarga é que guerras persistem porque alguns grupos lucram com elas. Há uma indústria poderosa por trás dos conflitos, composta por aqueles que vendem armas e se beneficiam do caos.
Outro fator que mantém esses conflitos é o uso estratégico de inimigos externos para fortalecer lideranças. Essa tática não se limita apenas à guerra, mas também está presente na política.
Ao identificar um inimigo, seja ele real ou imaginário, líderes conseguem unir as pessoas em torno de si, alimentando o ódio e o medo.
Essa estratégia é particularmente comum em tempos de eleição, quando o discurso de ódio acaba prevalecendo sobre o discurso de paz.
O Perigo do Ódio na Política
Recentemente, tenho observado uma preocupante escalada de agressividade nas eleições brasileiras. Não se fala mais de propostas, mas de xingamentos, socos e até cadeiradas.
Esse comportamento desvia o foco daquilo que realmente importa: as políticas públicas que podem transformar nossas cidades e melhorar a vida da população.
São Paulo, a maior cidade da América Latina, é um exemplo claro dessa tendência. A discussão política, que deveria ser pautada por soluções concretas para problemas urbanos, foi substituída por ataques pessoais.
E, assim como na guerra, o ódio domina o debate. O que as pessoas parecem esquecer é que eleger maus políticos também traz consequências trágicas: sistemas de saúde precários, educação de baixa qualidade e o aumento da violência urbana.
Mais Amor e Menos Ódio
A paz, tanto nas guerras quanto na política, precisa ser o objetivo central. Infelizmente, vivemos em um tempo onde o ódio parece ser uma ferramenta eficaz para mobilizar pessoas, mas devemos resistir a essa tentação.
Como sociedade, é fundamental que não caiamos na armadilha dos discursos inflamados que dividem, mas que busquemos líderes que promovam o diálogo, o respeito e soluções concretas.
A guerra é o fracasso da humanidade, e a política baseada no ódio não é diferente. Precisamos escolher líderes que busquem a paz, que proponham ideias e que tenham a coragem de agir com amor, mesmo quando essa não parece ser a escolha mais popular.
Em tempos de conflitos e incertezas, mais do que nunca, devemos lembrar que o amor e o respeito são as verdadeiras forças transformadoras de qualquer sociedade.
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