Se não tivesse nos deixado órfãos de sua genialidade e talento em 2019, aos 88 anos, o Pai da Bossa Nova, João Gilberto, estaria completando 92 anos de idade neste 10 de junho de 2023.

Nesta matéria, confira 10 curiosidades sobre um dos maiores gênios da música popular brasileira.

Confira curiosidades sobre João Gilberto e a Bossa Nova | Foto: Divulgação

João Gilberto e a Bossa Nova

Considerado um dos maiores gênios da música popular brasileira, João Gilberto – baiano de Juazeiro, no sertão na Bahia – mudou para sempre o rumo da nossa história, sendo um dos principais responsáveis pela criação do gênero brasileiro que ganhou o mundo e tornou-se referência para uma geração de artistas que vieram junto e depois dele. 

A Bossa Nova alterou, de forma irreversível, o DNA da música popular brasileira, e atravessou definitivamente a vida e carreira não só de cantores e compositores – como:

  • Caetano Veloso;
  • Gal Costa;
  • Gilberto Gil;
  • Milton Nascimento;
  • Novos Baianos;
  • Rita Lee;
  • Chico Buarque;
  • Roberto Carlos;
  • Fernanda Takai;
  • Jorge Ben Jor;
  • Edu Lobo;
  • e Cazuza;
  • entre tantos – mas de também de arranjadores, guitarristas, violonistas e outros músicos. 

Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa.

A revista Rolling Stone Brasil o classificou como um dos 30 ícones brasileiros da guitarra ou violão e também como o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos, ficando atrás somente de Tom Jobim, músico, compositor e arranjador dos maiores sucessos da carreira de João Gilberto.

10 curiosidades sobre João Gilberto e a Bossa Nova

Para te explicar isso melhor, trouxemos 10 curiosidades sobre o aniversariante do dia e a Bossa Nova.

1 – João Gilberto compôs a canção Bim Bom a partir de intensos estudos de violão

Em meados dos anos 50, durante seus intensos estudos de violão, João Gilberto percebeu que, se cantasse mais baixo e sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo.

Compôs a canção Bim Bom, confiante de que havia encontrado a batida que queria. 

2 – Após apresentar sua técnica a músicos do Rio de Janeiro, inicia-se o movimento da Bossa Nova

Em 1957, com 26 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, para mostrar sua nova técnica aos músicos de lá e, quem sabe, conseguir gravá-la. 

Foi quando apresentou a sua música a Roberto Menescal, que o levou para participar dos encontros que ele e alguns outros jovens músicos de classe média do Rio de Janeiro – como Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, Sérgio Ricardo e Carlos Lyra – faziam em apartamentos da zona sul carioca, entre eles, o apartamento de Nara, em Copacabana.

Todos esses músicos acabaram influenciadíssimos pela técnica de João e iniciaram o movimento da Bossa Nova que, depois, expandiu-se para as universidades e para os bares cariocas, conquistou o Brasil e o mundo.

3 – Por meio de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, João Gilberto conheceu a canção Chega de Saudade

Logo, João conheceu Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que lhes apresentaram a canção Chega de Saudade, guardada já há um ano.

A canção, inicialmente, era um chorinho e João a transformou num samba enxuto, com o violão deixando de ser mero acompanhamento e dividindo o primeiro plano com a voz, trazendo fluidez rítmica e melódica à música.

Antonio Carlos Jobim e João Gilberto, no apartamento do pianista Bené Nunes, na Gávea, durante entrevista concedida à revista “O Cruzeiro” (1960) | Foto: Instituto Antonio Carlos Jobim

3 – João Gilberto criou e consolidou um novo estilo de tocar violão

João Gilberto criou e consolidou um novo estilo de tocar violão: com uma batida que alternava as harmonias com a introdução de acordes dissonantes, não convencionais, e uma inovadora sincopação do samba, a partir de uma divisão única, inspirada no jazz norte-americano.

Além disso, João trouxe outro diferencial da Bossa Nova com relação ao que se ouvia até então na música brasileira: letras com temáticas leves e a forma de cantar mais suave, baixinha e próxima da voz falada, com um texto bem pronunciado em tom coloquial.

4 – Em “Chega de Saudade”, João Gilberto inovou na gravação do disco

O marco inicial da bossa nova foi quando João Gilberto – primeiro gravou o violão da canção para uma gravação de Elizeth Cardoso, em 1958 – e depois, lançou um disco com a canção e o título Chega de Saudade, em 1959.

João inovou na gravação do disco, ao pedir aos técnicos dois microfones: um para a voz e outro para o violão. Desse modo, a harmonia passou a ser mais claramente ouvida. Até então, gravava-se apenas com um microfone, com destaque para a voz em detrimento do violão.   

Disco “Chega de Saudade” (1959) de João Gilberto | Foto: Divulgação/Adaptado.

5 – O álbum “Chega de Saudade” levou João ao estrelato

O disco também continha aquela canção Bim Bom, que trouxe João ao Rio de Janeiro, além de:

  • Desafinado (de Newton Mendonça e Tom Jobim);
  • Rosa Morena (de Dorival Caymmi, transformando canções antigas em novas);
  • e Lobo Lobo (de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli).

A recepção do álbum foi um sucesso e lançou João Gilberto ao estrelato. A partir daí, ele não parou mais. 

6 – A canção “Samba de Uma Nota Só” traz a a síntese dos fundamentos da Bossa Nova 

Em 1960, João Gilberto gravou seu segundo LP, O Amor, o Sorriso e a Flor, que – em 1962 – chegou aos EUA e iniciou a exportação da música brasileira.

Esse LP conta com a canção que é a síntese dos fundamentos da Bossa NovaSamba de Uma Nota Só (de Tom Jobim e Newton Mendonça), e traz, pela primeira vez, as letras das músicas na contracapa, algo que passou a ser característico dos discos brasileiros a partir de então.

7 – Com o álbum “João Gilberto”, eternizou-se de vez na música popular brasileira

Com a gravação do seu terceiro álbum – chamado João Gilberto – em 1962, o artista eternizou-se de vez na música popular brasileira, tendo – em tão pouco tempo – influenciando tanto.

O disco conta com músicas como:

  • O Samba da Minha Terra e Saudade da Bahia (ambas de Caymmi);
  • O Barquinho (de Menescal e Bôscoli);
  • Este Teu Olhar (de Tom Jobim);
  • e Insensatez (de Tom e Vinicius).

8 – João Gilberto foi muito aclamado pelo público internacional

Os seus discos de João Gilberto chegaram aos EUA e os artistas do jazz ficaram impactados com a sua forma de fazer música, considerando-o um fenômeno.

João começa então a fazer apresentações no exterior, sendo muito aclamado pelo público, pela crítica e pelos músicos internacionais. 

9 – Fez uma apresentação histórica no Carnegie Hall, em Nova York

Em 1962, o Pai da Bossa Nova fez uma apresentação histórica, ao lado de Tom Jobim, Sérgio Mendes e outros artistas brasileiros, no Carnegie Hall, em Nova York. Em 1963, João passou a viver em NY e a difundir cada vez mais a música brasileira mundo afora.

10 – A versão em inglês de “Garota de Ipanema” – interpretada por Astrud Gilberto, tornou-se a música brasileira mais conhecida e regravada no mundo

Em 1964, lançou o disco Getz/Gilberto, com o saxofonista de jazz norte-americano Stan Getz, outro aclamado sucesso, que ganhou quatro Grammy Awards:

  • Melhor Álbum do Ano;
  • Melhor Gravação do Ano (Astrud Gilberto e Stan Getz, em The Girl From Ipanema);
  • Melhor Solista de Jazz (Getz);
  • e Melhor Engenheiro de Som (Phil Ramone).

Tom Jobim também participou da gravação do disco, que trazia clássicos da Bossa Nova. A versão da canção Garota de Ipanema, em inglês – interpretada por Astrud Gilberto, esposa de João na época – tornou-se a música brasileira mais conhecida e regravada no mundo.