Desastres naturais podem levar à stress pós-traumático e a solidariedade é fundamental
Desastres naturais podem levar à stress pós-traumático e a solidariedade é fundamental
Neurocientista e colunista da Novabrasil, Carla Tieppo, fala sobre a importância da união e da ajuda nesses momentos
A tragédia ocasionada pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda está longe de terminar. As condições meteorológicas não são favoráveis e, além disso, há todo um processo de reconstrução e realocação de pessoas no Estado.
Um outro componente é a situação psicológica das pessoas. A saúde mental de quem passa por uma situação dessas, e até de quem acompanha à distância, é algo que merece atenção e motivo de preocupação neste momento.
A neurocientista e colunista da Novabrasil, Carla Tieppo, afirma que “quando enfrentamos desastres naturais, como fogo e água, temos deflagradores diretos e básicos para esse tipo de ameaça”. Esses desastres naturais são detectados por circuitos específicos e isso nos fragiliza.
Ela destaca que as pessoas que estão dentro da tragédia, com água no entorno, ou observando a situação dos animais, podem ter episódios de stress pós-traumático e que demandam um trabalho de recuperação. Para Carla Tieppo, “é algo semelhante ao que enfrentamos durante a pandemia, por conta do número de mortes e famílias traumatizadas. No Sul, vivemos uma situação muito próxima disso”.
A neurocientista lembra que isso também pode afetar quem está à distância. Mas, para ela, “muitas pessoas já encontraram um caminho para, de alguma forma, diminuir essa condição, que é auxiliando”. Ela ressalta que, ficar remoendo as notícias ou observando a tragédia o tempo todo é uma forma masoquista de ver a situação. “É a nossa necessidade de produzir memórias que nos ajudem a nos organizar para uma situação futura”, diz Carla Tieppo.
O equilíbrio é fundamental nessas horas. O ideal para nosso cérebro é balancear as situações negativas com as ações positivas verificadas em meio à tragédia. Segundo Carla, “uma tragédia também é uma forma de verificarmos a união de um povo e a percepção como uma Nação”. Ela entende que o Brasil está se saindo bem nessa solidariedade e isso gera um alívio nessas condições de desastres naturais.
Em relação às crianças, que podem não ter essa reflexão, o recurso do grupo, da união e do amparo é fundamental. Nesse sentido, a conversa sincera, e mostrar o vínculo social, é algo importante e que vai moldar essa criança para futuros enfrentamos.
Carla Tieppo relata que nossa capacidade é social e é isso que vai aliviar essa tensão do risco de desastres naturais. “Sugiro à todos que se engajem na ajuda solidária e nas causas sociais porque isso é a melhor fonte de bálsamo para o cérebro entender que vivemos perigos, mas também temos recursos”, conclui a colunista.