
Mais um dia do amigo
Mais um dia do amigo
Existem algumas datas diferentes em que se comemora o Dia do Amigo, afinal, a amizade é algo que deve ser celebrado todos os dias, certo? E, como o dia 20 de julho é uma dessas datas “oficiais” do Dia do Amigo, resolvemos fazer uma lista especial de grandes amizades da nossa música popular brasileira, que … Continued


Existem algumas datas diferentes em que se comemora o Dia do Amigo, afinal, a amizade é algo que deve ser celebrado todos os dias, certo?
E, como o dia 20 de julho é uma dessas datas “oficiais” do Dia do Amigo, resolvemos fazer uma lista especial de grandes amizades da nossa música popular brasileira, que renderam inesquecíveis parcerias musicais.
No fim, quem também sai ganhando com essas belas amizades somos nós, que somos presenteados com clássicos que – assim como essas amizades na vida de cada um dos artistas – transformaram as nossas vidas para sempre!
Vamos lembrar de algumas delas?
1 – Caetano Veloso e Gilberto Gil
Os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil se conheceram lá na década de 60, quando Gil já começava a se apresentar em alguns programas de TV da época e Caetano se encantou por aquele artista.
Logo estavam em seu primeiro trabalho juntos, o espetáculo Nós, Por Exemplo, que inaugurava o Teatro Vila Velha em Salvador, em 1964, e unia Gil, Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé.
Em seguida vieram outros espetáculos juntos, e logo os dois fundavam – ao lado de outros artistas – a Tropicália, um movimento de contracultura que transformou para sempre os rumos da nossa música popular brasileira, ao unir elementos tradicionais da nossa música, com inovações estéticas internacionais, como o rock’n roll.
Os Festivais de Música Brasileira de 1967 e de 1968, em que apresentaram as canções Domingo no Parque e Questão de Ordem (Gil) e Alegria, Alegria e É Proibido Proibir (Caetano), foi um marco na vida dos amigos e na transformação no que viria a ser a MPB a partir de então.
Depois disso, Caetano e Gil foram presos e exilados juntos em Londres, por conta da forte repressão do regime militar brasileiro. Quando voltaram, tornaram-se ainda mais fortes na defesa da nossa música e da liberdade artística como um todo. Ambos seguiram carreiras maravilhosas na música, independentes um do outro, mas sempre muito ligados.
Em 2015 realizaram juntos a turnê Dois Amigos, Um Século de História, em que comemoraram os 50 anos de carreira de cada um.
Entre as principais parcerias dos amigos estão as obras primas: Divino Maravilhoso, Haiti, Batmacumba, São João Xangô Menino e Panis Et Circenses.
2 – Toquinho e Vinicius de Moraes
Toquinho era grande fã de Vinicius de Moraes e o poeta influenciava grande parte do seu trabalho. Foi quando o cantor, compositor e violonista – estando em Roma para visitar e fazer uma turnê ao lado do amigo Chico Buarque, exilado na Itália por conta da ditadura milita – foi convidado para gravar os violões de um disco de homenagem à obra de Vinicius. O disco chamava-se – como que numa profecia do que viria a acontecer – A Vida, Amigo, É A Arte do Encontro.
Vinícius ficou tão impressionado com o trabalho do jovem Toquinho, que convidou-o para acompanhá-lo em uma turnê pela Argentina logo em seguida e, desse encontro da vida, surgiu uma das maiores amizades e parcerias da MPB.
Na ocasião, Toquinho tinha 23 anos e Vinicius, 55. A grande amizade e parceria durou até o último dia da vida do poeta, com 66 anos, em 1980. Toquinho estava hospedado na casa de Vinicius e foi uma das primeiras pessoas a encontrá-lo já sem vida.
A parceria foi a maior da vida de Toquinho e uma das maiores da vida de Vinicius, rendendo à dupla mais de 20 LP’s, 100 canções e 1000 shows. Entre as principais composições dos dois estão as clássicas: Tarde em Itapoã, A Tonga da Mironga do Kabuletê, Samba da Rosa, Sei Lá, A Vida Tem Sempre Razão, Regra Três, e Aquarela.
3 – Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes
Cantores, instrumentistas e compositores da mesma geração, Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes já eram amigos e parceiros de longa data, quando resolveram formar os Tribalistas, em 2002.
Marisa já havia gravado canções de Arnaldo, como Alta Noite, e composto com ele os sucessos Beija Eu, De Mais Ninguém, Bem Leve e Não Vá Embora.
De Brown, já havia gravado sucessos como Segue o Seco, Maria de Verdade, Magamalabares e Arrepio e composto com ele as clássicas Na Estrada, ECT e Tema de Amor. Marisa também já tinha produzido um disco do baiano em 1998.
Além disso, os três amigos já haviam escrito juntos as canções Seo Zé e Paradeiro e Marisa e Brown eram autores do hit Amor I Love You, em que Arnaldo faz uma participação declamando um trecho de Eça de Queirós.
Mas foi em 2002, quando Marisa foi gravar uma participação em um disco de Arnaldo, produzido por Brown, que o trio começou a compor despretensiosamente várias canções juntos, que depois decidiram transformar em um disco.
Com o nome de Tribalistas, a banda formada pelos três amigos estourou, o disco foi um sucesso absoluto de público e crítica – nacional e internacional – e ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro. Entre as canções, os super sucessos: Tribalistas (em que se apresentam ao público, como Arnaldo, Carlinho e Zé, apelido de Marisa entre os amigos), Já Sei Namorar, Carnavália, Velha Infância e Passe em Casa.
Depois, os três voltaram para as suas carreiras solo e continuaram a compor em parceria, como é o caso das canções Infinito Particular, Vilarejo, Até Parece, Universo ao Meu Redor, Bonde do Dom, Verdade, Uma Ilusão e Depois.
Em 2017, 15 anos depois do primeiro encontro, os Tribalistas juntaram-se novamente para lançar o segundo CD, com dez canções inéditas. Entre os novos sucessos, estavam os hits: Aliança, Diáspora, Um Só e Fora da Memória.
O novo disco de Marisa, Portas, lançado agora em julho de 2021, também conta com composições junto com o velho amigo Arnaldo Antunes, além de várias canções em parceria com o filho de Carlinhos, Chico Brown.
Outro que faz parte deste forte círculo de amizade, mesmo não sendo dos Tribalistas, é Nando Reis, que compõe com os três artistas desde o início das suas carreiras até os dias de hoje.
4 – Cássia Eller e Nando Reis
Veja também:
Falando em Nando Reis, uma de suas maiores amizades e parcerias dentro e fora da música foi com a cantora Cássia Eller. Mesmo não tendo escrito nenhuma canção juntos, tudo o que Cássia cantava de Nando virava uma obra prima. Parecia que ele tinha feito todas as canções exatamente para se encaixarem na voz de Cássia. E algumas foram mesmo, como é o caso de All Star, que Nando escreveu especialmente para Cássia como forma de homenagear a grande amizade dos dois: “Estranho seria se eu não me apaixonasse por você”.
A amizade dos dois começou em 1999, quando Nando foi produzir um disco inteiro de Cássia, chamado Com Você… Meu Mundo Ficaria Completo, com canção homônima escrita por ele, além de outros sucessos de autoria do artista e que viraram grandes clássicos na voz de Cássia: O Segundo Sol e As Coisas Tão Mais Lindas.
A partir dali, aconteceu uma conexão de almas e uma amizade profunda – além de uma uma parceria musical muito produtiva – que durou até os últimos dias de vida da cantora.
Entre as canções, também estão as clássicas: Luz dos Olhos, ECT e Relicário, todas parte do disco de maior sucesso de Cássia, o Acústico MTV, que teve direção musical de Nando Reis e Luiz Brasil e no qual Nando também participa, dividindo com Cássia os vocais de Relicário, numa interpretação inesquecível.
As canções No Recreio e All Star, também de Nando, estão no álbum póstumo de Cássia, Dez de Dezembro, lançado em 2002, um ano após a partida da cantora e todo produzido pelo amigo, a partir de registros do tipo voz e violão. O disco apresenta faixas em sua maioria inéditas e o título se refere ao dia do aniversário da cantora, que completaria 40 anos em 2002.
5 – Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Erasmo foi apresentado a Roberto Carlos, lá nos anos 60, por Arlênio Lívio, integrante da banda The Sputniks, que tinha Roberto e Tim Maia em sua formação. Roberto precisava da letra da canção Hound Dog, sucesso na voz de Elvis Presley, e Arlênio disse que Erasmo seria a pessoa certa para ajudá-lo, pois era um grande fã de Elvis. A partir daí, construíram uma das maiores e mais produtivas amizades da música brasileira, compondo centenas de canções em parceria.
Splish Splash foi a primeira parceria dos dois: Erasmo fez uma versão da música norte-americana para o álbum do amigo, em 1963.
Quando lançou-se em carreira solo, o tremendão – nascido Erasmo Esteves – resolveu adotar o “Carlos” no nome artístico, em homenagem a Roberto Carlos e ao produtor Carlos Imperial.
Logo em seguida, Roberto e Erasmo fundaram, junto com Wanderléa, um dos maiores movimentos musicais e culturais de massa do país, que revolucionou o comportamento jovem e a música brasileira: a Jovem Guarda, tendo como principal influência o rock’n roll do final da década de 50, principalmente Elvis, The Beatles e o soul da Motown.
Os três apresentaram um programa com esse mesmo nome, aos domingos, entre os anos de 1965 e 1968, que virou um fenômeno de audiência e mídia e logo todos os jovens queria ser como os três artistas. Eles lançaram não só músicas, mas moda, gírias e filmes juntos.
Depois do fim da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo seguiram muito amigos e parceiros musicais até os dias atuais. Uma das canções da dupla, inclusive – Amigo – tem letra de Roberto escrita especialmente para Erasmo e fala sobre a amizade dos dois: “Você meu amigo de fé, meu irmão camarada…”
Outras das principais canções compostas pela dupla são: Festa de Arromba, Minha Fama de Mau, Gatinha Manhosa, É Proibido Fumar, Detalhes, Se Você Pensa, Além do Horizonte, Que Tudo Mais Vá Pro Inferno, Sentado à Beira do Caminho, Eu Sou Terrível, Emoções, As canções que você fez pra mim, As curvas da estrada de Santos, É Preciso Saber Viver, Coqueiro Verde, Olha e tantas outras.
6 – Cazuza e Frejat
Cazuza e Frejat se conheceram quando Cazuza foi fazer um teste para ser vocalista da banda de rock na qual Frejat era guitarrista, o Barão Vermelho, indicado por Leo Jaime.
A voz e interpretação viscerais de Cazuza conquistaram a banda toda e – claro! – ele passou no teste. A partir daí surgiu uma das grandes amizades da música popular brasileira, forte e intensa, com direito a brigas e reconciliações, além de uma parceria musical que fez do Barão Vermelho uma das principais bandas da nossa história e depois também ajudou a consolidar a carreira solo de Cazuza.
Mesmo depois da saída de Cazuza da banda, em 1985, quando Frejat assumiu os vocais, os dois continuaram parceiros e muito amigos até os últimos dias da vida de Cazuza. Frejat fez uma visita ao amigo poucos dias antes dele morrer – com apenas 32 anos, vítima da HIV, em 1990 – e sentiu demais a partida do amigo.
Algumas das icônicas canções da dupla são: Bete Balanço, Ideologia, Maior Abandonado, Pro Dia Nascer Feliz, Malandragem e Todo Amor Que Houver Nessa Vida.
7 – Ângela Maria e Cauby Peixoto
Ambos já partiram e nos deixaram cheios de saudade, mas vocês sabiam que esses dois ícones da música popular brasileira – Ângela Maria e Cauby Peixoto – eram grandessíssimos amigos? Tão amigos que estão enterrados lado a lado?
Quando Cauby faleceu, em 2016, aos 85 anos, Ângela – que o considerava como um irmão, que esteve ao seu lado nos bons e maus momentos – cedeu um espaço no jazigo de sua família para que ele fosse enterrado. Dois anos depois, em 2018, Ângela também nos deixava, aos 89 anos, sendo enterrada ao lado do amigo-irmão.
Os dois começaram as carreiras na época de ouro do rádio, na década de 1950. A primeira vez que cantaram juntos, já nos anos 60, foi a música Samba em Prelúdio, de Vinicius de Moraes e Baden Powell. Cauby era dono de uma boate chamada Drink, no Rio de Janeiro, e convidou Ângela – a quem já admirava muito como cantora – para se apresentar por lá. Cauby estava na plateia do show e subiu ao palco para cantar em dueto com ela.
Ali começava, além de uma belíssima parceria musical (entre duas das maiores vozes da MPB), uma forte amizade, que durou quase 70 anos. Ângela e Cauby gravaram diversos discos e fizeram inúmeras apresentações juntos, em que interpretaram várias canções de sucesso das suas brilhantes carreiras.
Entre os grandes sucessos cantados pelos dois em parceria, estão boleros, músicas românticas e sambas-canções, como: Alguém Como Tu (de José Maria de Abreu e Jair Amorim), Se Não For Amor (de Benito Di Paula), Apelo (de Baden Powell e Vinicius de Moraes), Começaria Tudo Outra Vez (de Gonzaguinha), Ave Maria No Morro (Herivelto Martins), Tu Me Acostumaste (Tu Me Acostumbraste, de Frank Domínguez, versão de Carlos Brandão) e Contigo Aprendi (de Armando Manzanero, versão de Nazareno de Brito).
Quando Cauby faleceu, em 2016, os dois amigos estavam na turnê 120 Anos de Música, que comemorava os 60 anos de carreira de cada um deles.