História da música ‘Pro Dia Nascer Feliz’, no aniversário do Frejat

Você conhece a história da música Pro Dia Nascer Feliz, de Frejat e Cazuza? Sabia que foi essa a música que fez explodir de vez o nome do Barão Vermelho para o Brasil inteiro?

Hoje é dia de comemorar o aniversário do cantor, compositor, produtor e instrumentista carioca Roberto Frejat, que completa 62 anos neste 21 de maio!

E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira, nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Sobre Frejat

Roberto Frejat começou a sua carreira em 1981, como guitarrista e principal compositor – ao lado de seu grande parceiro e amigo, Cazuza – de uma das mais importantes bandas de rock brasileiras de todos os tempos: o Barão Vermelho.

Eles estouraram no cenário musical nacional em 1983, com o sucesso Pro Dia Nascer Feliz (de Cazuza e Frejat) e depois emplacaram outro grande hit, Bete Balanço (também da dupla), que foi tema de um filme homônimo, em 1984.

Quando Cazuza saiu do grupo, no ano seguinte, Frejat assumiu também os vocais do Barão Vermelho e permaneceu à frente do grupo por 30 anos, lançando 13 discos com a banda, com canções inesquecíveis como, por exemplo: 

• Maior Abandonado e Todo Amor que Houver Nessa Vida (ambas parcerias de Cazuza e Frejat)
• Por Você (de Frejat com Maurício Barros e Mauro Santa Cecília)
• Pense e Dance (Frejat com Dé e Guto Goffi)
• O Poeta Está Vivo (Frejat com Dulce Quental)
• Puro Êxtase (de Guto Goffi e Maurício Barros)

A forte parceria de Frejat com Cazuza não acabou depois que o amigo saiu da banda e eles ainda compuseram juntos outros grandes clássicos da história da nossa música como Ideologia e Malandragem.

Frejat deixou o Barão Vermelho definitivamente em 2017, mas – desde 2001 – já levava uma carreira solo em paralelo, quando lançou o seu primeiro álbum: Amor pra Recomeçar, com música homônima de sua autoria em parceria com Maurício Barros e Mauro Santa Cecília. 

Desde então, lançou diversos sucessos em carreira solo, como:

• Segredos
• Homem Não Chora (parceria com Alvin L)
• Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo (com Maurício Barros e Mauro Santa Cecília).

Com a força e a potência de sua voz – grave e suave ao mesmo tempo – Frejat tem um jeito inconfundível de interpretar as canções.

Seu último álbum de inéditas, Ao Redor do Precipício, foi lançado em 2020, e traz parcerias com Zeca Baleiro, Leoni, Luiz Melodia e Jards Macalé, entre outras.

Se você quiser saber mais sobre a vida e a obra de Roberto Frejat, escute o Acervo MPB Especial Barão Vermelho, série de áudio-biografias exclusivas Novabrasil, que conta a história dos nossos maiores artistas, uma verdadeira enciclopédia da nossa música.

Hoje, para prestar uma homenagem a este artista tão importante da nossa música, vamos contar a história de um de seus maiores sucessos: a canção Pro Dia Nascer Feliz, parceria com Cazuza, que fez o nome e a música de Frejat e sua banda, o Barão Vermelho, tornar-se um sucesso no Brasil inteiro, em 1983.

História da canção Pro Dia Nascer Feliz, de Frejat e Cazuza

A letra de Pro Dia Nascer Feliz nasceu da ideia de mostrar como era a vida de um músico.

A mãe do Cazuza, Lucinha Araújo disse certa vez em entrevista, que o filho deve ter composto essa música no Arpoador, uma praia e formação rochosa de Ipanema, no Rio de Janeiro, que Cazuza costumava frequentar.

Lucinha conta que o filho ia para o Arpoador frequentemente quando estava com insônia , o que era muito comum de acontecer (“Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito”).

Já Frejat, seu parceiro de composição, e responsável pela música de Pro Dia Nascer Feliz (normalmente acontecia assim: Frejat compunha a música e mandava para Cazuza colocar a letra), disse que o amigo escrevia muito sobre o que vivia. Que a maneira de Cazuza viver estava sempre presente nas letras e que ele não se escondia atrás de personagens.

Outro colega de Barão, Guto Goffi, contou que o que Cazuza escreve na letra de Pro Dia Nascer Feliz era exatamente a rotina e o cotidiano deles naquela época: iam à praia de manhã, de tarde ensaiavam, e de noite iam para o Baixo Leblon, onde seguiam até de madrugada. E assim sucessivamente, dia após dia.

“Voltávamos para casa – muitas vezes – do nosso dia de trabalho, com o dia amanhecendo, quando todo mundo estava acordando para seguir com seu dia de trabalho”, relata Maurício Barros, outro colega de Barão Vermelho.

Já Dé Palmeira, baixista do Barão, diz que a letra de Pro Dia Nascer Feliz é Cazuza em sua essência. Que muitas vezes ele varava madrugadas regadas a muito sexo e drogas, e depois voltava para casa para descansar e depois seguir mais um dia de trabalho, ensaios e shows.

Todos os outros integrantes da banda acharam que a música tinha muito potencial – principalmente o refrão – quando Cazuza e Frejat mostraram Pro Dia Nascer Feliz para eles pela primeira vez. 

E eles estavam certíssimos! Tanto era um hit que, quando Ney Matogrosso – na época já um artista consagrado no Brasil inteiro – escutou Pro Dia Nascer Feliz no segundo disco da banda, Barão Vermelho 2, de 1983, foi correndo para a casa de Cazuza , acordou o cantor e falou para ele que a incluiria em seu próximo álbum – que já estava sendo gravado – de qualquer jeito!

Cazuza ficou meio inseguro, dizendo pra Ney que ele ia atrapalhar a execução da versão do próprio Barão, que tinha acabado de ser lançada. Mas Ney insistiu muito em gravar a canção e falou que isso seria ótimo para a banda.

Não deu outra: a gravação de Ney Matogrosso – no mesmo ano, em uma versão bem diferente da gravada pela banda – foi um sucesso tão grande, que fez o Barão Vermelho atingir outro patamar a partir de então, e tornou a banda conhecida no país inteiro.

Os músicos da banda contam que a versão deles de Pro Dia Nascer Feliz, que foi para o álbum Barão Vermelho 2, desagradou Cazuza. Ele achou que a música estava sendo executada muito certinha, quadradinha. Bem tocada, porém fria. 

Isso porque, os integrantes do Barão queriam – no segundo álbum – mostrar todo o potencial e qualidade sonora que tinham, para provar que a banda tinha vindo para ficar. E, por isso, tiveram a preocupação de gravar tudo bem certinho, mais dentro dos padrões do mercado.

E, com essa versão, Cazuza não conseguia colocar a voz dando a intenção que ele queria, não tinha a cara dele, disruptivo do jeito que era. Cazuza não combinava com coisas certinhas e quadradas! 

Acontece que a versão do Ney foi um sucesso tão grande, que começou a tocar em todas as rádios e – em seguida – os programadores já incluíam também a versão do Barão Vermelho, fazendo com que a banda fosse cada vez mais conhecida do grande público e ganhasse cada vez mais prestígio e reconhecimento por seu trabalho.

A música ficou em execução nas rádios por mais de seis meses consecutivos, projetando a banda a nível nacional e – para sempre – como uma das maiores bandas da música brasileira.

“Eu acho que essa música é um divisor de águas na carreira do Barão Vermelho, pelo menos até aquele momento, analisa Frejat. “Ela nos tornou profissionais! Tenho muito carinho por essa música”. 

Veja a versão do aniversariante de hoje, Roberto Frejat, com o Barão Vermelho, para a canção Pro Dia Nascer Feliz:

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Frejat.

por Lívia Nolla