Especial Jorge Ben Jor – PARTE 2

Lívia Nolla
10:00 23.03.2024
Música

Especial Jorge Ben Jor – PARTE 2

Neste semana, estamos comemorando o aniversário de um dos maiores artistas da música popular brasileira de todos os tempos: Jorge Ben Jor. Ontem, no dia do aniversário do cantor e compositor carioca, nós iniciamos com a Parte 1 desta série de duas matérias especiais que contam sobre sua vida e obra, trazendo a importância do … Continued

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- 23.03.2024 - 10:00
Especial Jorge Ben Jor – PARTE 2
Jorge Ben Jor | Foto: Leo Aversa/Divulgação

Neste semana, estamos comemorando o aniversário de um dos maiores artistas da música popular brasileira de todos os tempos: Jorge Ben Jor.

Ontem, no dia do aniversário do cantor e compositor carioca, nós iniciamos com a Parte 1 desta série de duas matérias especiais que contam sobre sua vida e obra, trazendo a importância do artista para a nossa cultura.

Hoje, damos sequência, com a segunda e última parte da nossa homenagem! Aproveitem!

Jorge Ben Jor (Foto: Divulgação)
Jorge Ben Jor (Foto: Divulgação)

Parceria com Gilberto Gil e África Brasil

O ano de 1975 foi bastante produtivo para Jorge Ben Jor: ele gravou, com Gilberto Gil, o também antológico LP duplo Gil & Jorge: Ogum, Xangô, famoso pelo seu experimentalismo – das nove faixas do LP, quatro têm mais de 10 minutos – e pelo improviso dos dois artistas que interagem entre si durante todo o disco.

O álbum contém quatro canções inéditas: Meu Glorioso São Cristóvão (composição de Jorge); Jurubeba e Filhos de Gandhi (composições de Gil); e Sarro (parceria entre os dois artistas). Essa É Pra Tocar no Rádio, foi lançada poucos meses depois por Gil, no disco Refazenda; e as outras quatro faixas são regravações: Nega (lançada pelo baiano em 1971); Quem Mandou (Pé na Estrada), de Jorge, lançada por Simonal em 1973; Taj Mahal e Morre o Burro, Fica o Homem.

O disco é considerado uma obra-prima da nossa música e ocupa a posição 60 na lista divulgada pela revista Rolling Stone Brasil, dos melhores discos da música brasileira de todos os tempos.

Ainda em 1975, Jorge lançou o álbum Solta o Pavão, contendo os super sucessos Zagueiro, O Rei Chegou Viva o Rei, Se Segura Malandro e Jorge de Capadócia, entre outros.

No ano seguinte, foi a vez do importante disco África Brasil com destaque para canções icônicas como Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), Hermes Trismegisto Escreveu, e Xica da Silva, essa última composta especialmente para a trilha sonora do filme homônimo, depois do diretor Cacá Diégues o apresentar a sinopse do longa protagonizado por Zezé Motta.

A faixa Zumbi, que já havia sido lançada no LP A Tábua de Esmeralda, de 1974, recebeu uma nova roupagem e o antenome África Brasil, que deu nome ao disco. Ben alterou a estrutura da letra e os arranjos originais foram completamente modificados, ganhando uma pegada mais pesada e funk, inspirada na black music estadunidense, e que privilegiava o acompanhamento instrumental.

Este é o disco no qual Jorge Ben Jor definitivamente trocou o violão acústico pela guitarra elétrica, movimento já iniciado no álbum anterior, e consolidou uma fusão de gêneros musicais e de técnicas composicionais entre a música afro-brasileira e a música pop negra estadunidense, algo no qual o compositor trabalhava desde o começo de sua trajetória.

África Brasil é reconhecido como um trabalho de caráter afirmativo da cultura negra, em uma época na qual ocorria a emergência dos movimentos negros no Brasil, em meio à um contexto de repressão política com a ditadura militar brasileira.

Sucesso comercial e de crítica, o álbum foi eleito o 22º em lista dos 50 mais legais do mundo pela revista Rolling Stone e o 67º na lista dos 100 maiores discos da música brasileira da Rolling Stone Brasil.

Em 1977, foi lançado o LP Tropical, gravado na Inglaterra, contendo sucessos de sua carreira. No ano seguinte, o álbum A Banda do Zé Pretinho, trouxe o grande hit da faixa-título, além de outros sucessos como Troca Troca e Bom-dia, Boa-tarde, Boa-noite, Amor.

Jorge Ben Jor e Gilberto Gil — Foto: Reprodução parcial da capa da edição simples do álbum 'Gil Jorge', de 1975
Jorge Ben Jor e Gilberto Gil — Foto: Reprodução parcial da capa da edição simples do álbum ‘Gil Jorge’, de 1975

Salve Simpatia pelo mundo!

Em 1979, Jorge Ben Jor lançou o disco Salve Simpatia, que apresentou ao mundo o sucesso Ive Brussel (com participação de Caetano Veloso na gravação) e destacou outras canções importantes como Boiadeiro (parceria com Augusto de Agosto); Menina Crioula e a faixa-título.

No ano seguinte, é a vez do álbum Alô, Alô, Como Vai?, com sucessos como A Cegonha Me Deixou em Madureira (parceria com Augusto de Agosto), Solitário Surfista e Caê, Caê, Caetano, essa última também em homenagem ao amigo baiano.

Nessa época, Jorge começou a divulgar suas músicas no exterior, apresentando-se em shows e participando de festivais de jazz e world music. Em 1981, lançou o LP Bem-vinda Amizade, com destaque para os grandes sucessos Santa Clara Clareou e Curumin Chama Cunhãtã Que Eu Vou Contar (Todo Dia Era Dia de Índio), gravada no mesmo ano, também com grande repercussão, por Baby do Brasil (na época Baby Consuelo).

Em 1983, Ben Jor lançou o disco Dádiva, com destaque para canções como: Eu Quero Ver a Rainha (com a participação do amigo Tim Maia) e Ana Tropicana. Em 1984, foi a vez do LP Sonsual registrar músicas como Senhora Dona da Casa, A Rainha Foi Embora e Irene, Cara Mia. E, em 1986, o álbum Jorge Ben Brasil, destaca faixas como: Roberto, Corta Essa, Ladrão Batuta e O Amante Vigilante Africano.

989 foi o ano em que Jorge Ben alterou o seu nome artístico para Jorge Ben Jor, pois – ainda mais conhecido internacionalmente – passou a ter seu nome confundido com o do cantor e guitarrista norte-americano de jazz, George Benson. Neste mesmo ano, lançou o álbum Benjor, contendo suas composições Mama África e Cabelo (parceria com Arnaldo Antunes).

Em 1992, lançou o CD Jorge Ben Jor Ao Vivo no Rio, com destaque para o grande hit  W/Brasil (Chama o Síndico), sucesso nas pistas de dança desde o ano anterior e que continua até os dias atuais. O ponto de partida da composição foi uma encomenda do publicitário Washington Olivetto, para uma festa de fim de ano de sua agência, a W Brasil. A letra traz referência ao momento político brasileiro da época em que foi escrita, anos 90, e coloca o amigo Tim Maia como síndico do país.

Veja também:

Outras canções inéditas de destaque do disco ao vivo foram Spyro Gyro, Homem do Espaço e Ela Mora na Pavuna. Voltando às paradas de sucesso com este disco, Jorge Ben Jor foi redescoberto por uma nova geração de fãs que vieram engrossar as fileiras de sua legião de admiradores.

No ano seguinte, o artista gravou o álbum 23, que trouxe os sucessos Alcohol; Engenho de Dentro; Moça Bonita (com participação de Tim Maia); Princesa e Spirogyra Story. Paula Lima participa dos vocais desse disco, antes de ser conhecida do grande público.

Em 1995, lançou os discos Ben World Dance – gravados nos EUA e contendo versões dance music para alguns de seus sucessos –  e Homo Sapiens, com destaque os hits Gostosa e Rabo Preso. Em 1997, gravou o álbum Músicas para Tocar em Elevador, com a participação de artistas como Carlinhos Brown, Paralamas do Sucesso, Skank e Fernanda Abreu, cantando seus sucessos com ele.

Jorge Ben Jor | Foto: Leo Aversa/Divulgação
Jorge Ben Jor | Foto: Leo Aversa/Divulgação

E ele não pára!

Em 2001, o artista lançou – em CD e DVD – o Acústico MTV Jorge Ben Jor (CD, DVD e musical de televisão), com arranjos de Lincoln Olivetti e produção musical de Paulinho Tapajós, acompanhado de duas bandas. No primeiro set, contou com a Admiral Jorge V, e no segundo set, contou com a Banda do Zé Pretinho. O trabalho – que trouxe sucessos consagrados de sua carreira – contou, ainda, com a participação de uma orquestra de cordas.

Em 2005, Jorge Ben Jor lançou o álbum Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum), contendo 16 composições inéditas, entre elas Mexe Mexe, O Rei é Rosa Cruz, Tupinambás, O Nome do Rei é Pelé e Hoje é Dia de Festa.

Em 2007, se apresentou ao lado de Jorge Vercillo, Jorge Mautner e Jorge Aragão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em um show que reuniu os “Jorges” da música brasileira em homenagem a São Jorge.

No repertório, parcerias inéditas, como Líder dos Templários (composição em parceria dos quatro artistas) e São Jorges (de Jorge Ben Jor com Vercilo e Aragão), e outros sucessos já consagrados dos quatro. O registro ao vivo do show, com direção musical de Rildo Hora e canja especial de Gilberto Gil, foi lançado, nesse mesmo ano, no CD e DVD Coisa de Jorge.

Neste mesmo ano, Jorge Ben Jor lançou o disco Recuerdos de Asunción 443, com sucessos como O Astro; Miss Mexe Gal (em homenagem à Gal Costa); Falsa Magra (composição de Jorge lançada em 1987 por Branca Di Neve); e Usted És Mi Marrón Glacé, cantada em espanhol.

Em 2009, foi lançada a caixa Salve, Jorge!, com os 13 álbuns gravados para a gravadora Philips (hoje Universal), desde Samba Esquema Novo, de 1963, até África Brasil, de 1976, e trazendo ainda um CD duplo com raridades de estúdio, entre os quais Camisa 12, Os Mentes Claras, Salve América e Silvia Lenheira.

Em 2012, Jorge fez um show na Praia do Pontal, em Paraty, para gravação em CD e DVD do projeto especial Luau MTV Jorge Ben Jor e, neste mesmo ano, foi lançado o documentário Imbatível ao Extremo: Assim é Jorge Ben Jor!, especial em 10 capítulos sobre sua trajetória artística.

Jorge Ben Jor influenciou o sambalanço e o chamado samba-rock (embora não goste do termo e prefira dizer que o que faz é “samba esquema novo”) e foi regravado e homenageado por inúmeros expoentes das novas gerações da música brasileira que foram surgindo ao longo do tempo, como Mundo Livre S/A, Os Paralamas do Sucesso, Skank, Fernanda Abreu, Racionais MC’s e muitos outros.

Em 2008, a revista Rolling Stone Brasil o nomeou como o 5º maior artista da história da música brasileira.

Acervo MPB e Playlist Especial

E, para você conhecer mais detalhes sobre a vida e a obra da aniversariante do dia, confira o Acervo MPB Jorge Ben Jor um episódio especial da nossa série exclusiva Novabrasil de áudio-biografias de grandes nomes da nossa música.

Aproveitem também a Playlist Especial que preparamos, com canções que vão contando, uma a uma, a trajetória de Jorge Ben Jor em ordem cronológica, desde o início de sua carreira.

por Lívia Nolla

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