25 anos sem Renato Russo
25 anos sem Renato Russo
No dia de hoje, há exatos 25 anos, perdíamos um dos maiores poetas da música brasileira: Renato Russo. O cantor, compositor, multi-instrumentista, líder e vocalista da banda Legião Urbana – umas das mais importantes da história do rock nacional – nos deixou em 12 de outubro de 1996, com apenas 36 anos, por conta de … Continued
No dia de hoje, há exatos 25 anos, perdíamos um dos maiores poetas da música brasileira: Renato Russo.
O cantor, compositor, multi-instrumentista, líder e vocalista da banda Legião Urbana – umas das mais importantes da história do rock nacional – nos deixou em 12 de outubro de 1996, com apenas 36 anos, por conta de complicações causadas pelo HIV.
Sua obra está entre uma das mais importantes da história da música brasileira, com canções carregadas de ideais, sensibilidade e críticas sociais, que influenciaram uma geração.
Antes de se dedicar inteiramente à música, Renato foi professor de inglês e repórter. Participou da banda Aborto Elétrico – grupo da cena punk de Brasília, que também originou o Capital Inicial – depois seguiu uma pequena carreira como o Trovador Solitário, antes de assumir os vocais da Legião Urbana.
Com a Legião, escrevia canções que “conversavam sobre experiências urbanas do que é ser um jovem brasileiro vivendo a partir dos anos 70, com traços românticos e narrativos nas letras”, como Renato descreveu em entrevista.
Letras essas as com quais os jovens se identificavam muito e que Renato dizia não gostar de explicar o significado, que preferia que cada pessoa identificasse as mensagens das canções dentro do seu universo interior.
Apesar disso, em homenagem ao dia de hoje, preparamos uma lista com 11 curiosidades sobre as letras das canções de Renato, para vocês matarem a saudade desse grande gênio da MPB.
1 – Giz era a música preferida de Renato. Ele dizia ser a canção que ele ficou mais feliz em ter escrito. A música fala sobre um momento de sua infância, quando ele e os amigos voltavam da escola e começava a chover: eles pegavam tijolos de construção e rabiscavam no chão o sol que a chuva apagou.
2 – Embora seja muitas vezes interpretada ou entoada em tom festivo, Renato alertou em uma entrevista que ficava assustado por, muitas vezes, as pessoas não perceberem que Pais e Filhos é uma canção de dor: fala do suicídio de uma garota que se jogou do quinto andar porque tinha problemas com os pais e dos desencontros entre gerações.
3 – No show do disco ao vivo As Quatro Estações, ele conta que Pais e Filhos foi escrita no banheiro: “Agora a gente vai tocar uma música que foi feita no banheiro, porque é no banheiro que a gente coloca duas das funções vitais do ser humano. Eu não me envergonho de cagar, eu não me envergonho de mijar, porque eu não me incomodo de comer, não tenho problema em dormir e também não tenho medo de sonhar. Eu não tenho vergonha do que eu faço no banheiro, minha gente.”
4 – A canção Meninos e Meninas é um grito de liberdade de toda uma geração abafada pelo preconceito. No show do disco As Quatro Estações, Renato diz: “Esta é uma música sobre quando a gente tinha doze anos de idade. Eu ainda tenho 12 anos de idade.”. A música não fala somente sobre bissexualidade, mas sobre todos os questionamentos e descobertas que vivemos ao longo da nossa adolescência e que nos acompanham por toda a nossa vida.
5 – Renato Russo sempre esquecia as letras super complexas das canções Índios e Faroeste Caboclo nos shows. Às vezes, ele parava a banda e pedia ajuda para a plateia, que o salvava prontamente. Ele já avisava que aquelas eram as músicas mais difíceis e que ele poderia errar a letra.
6 – No disco ao vivo Acústico MTV, Renato conta que Teatro dos Vampiros era pra ser uma música sobre a televisão, mas se tornou algo muito maior, principalmente devido à situação política do país na época, que vivia a Era Collor.
7 – A primeira música que Renato Russo compôs na vida foi O Descobrimento do Brasil, que conta sobre fatos reais da sua infância.
8 – A canção Andrea Doria faz referência a um navio italiano, o SS Andrea Doria, que seguia para Nova York quando naufragou em 25 de julho de 1956, após se chocar com uma outra embarcação de bandeira sueco-americana chamada Stockholm. Em entrevista, Renato Russo explicou que a música fala dos sonhos e planos da juventude, que esbarram na hipocrisia, na mentira, no consumismo, no capitalismo e, por isso, naufragam.
9 – 1965 (Duas Tribos) é uma música que fala sobre a época da Ditadura Militar. Renato Russo relembrou – em uma entrevista ao Programa Livre, em 1994 – sobre o quanto as pessoas perderam as suas liberdades por conta do regime militar e o quanto era importante ele poder falar sobre isso abertamente em um programa de TV, 30 anos depois.
10 – A canção Feedback Song for a Dying Friend foi feita em homenagem ao amigo Cazuza, que tinha anunciado ser portador do vírus HIV. Renato viria a saber, meses depois, que também tinha a doença.
Ele escreveu a canção em inglês (era fluente, havia morado nos Estados Unidos e sido professor de inglês) e pediu que o escritor Millôr Fernandes traduzisse para o português, para o encarte do disco.
Millôr conta em um artigo: “Traduzido o poema, sendo o poema audacioso e seu autor vivo, entrei em contato com ele para aprovação. Renato não corrigiu uma palavra. Apenas, aqui e ali, murmurava, perplexo e escandalizado: ‘Deus, do céu, eu escrevi isso?’, confirmando a minha tese de que não há bilíngue. Só quando ouviu em sua própria língua o que tinha escrito em inglês, Renato percebeu a audácia do que dizia.”
11 – A canção Love in The Afternoon foi feita para todas as pessoas que vão embora cedo demais. Em entrevista, Renato cita como exemplo Ayrton Senna e Kurt Cobain. Ironicamente e infelizmente, Renato foi também uma dessas pessoas, que morrem cedo demais. Há exatos 25 anos, no dia de hoje.