
Morre Maria Lúcia Godoy: a voz que eternizou Villa-Lobos e encantou o mundo
Morre Maria Lúcia Godoy: a voz que eternizou Villa-Lobos e encantou o mundo
Soprano mineira faleceu aos 100 anos, deixando um legado que uniu o erudito ao popular com sensibilidade e maestria


Maria Lúcia Godoy, uma das maiores cantoras líricas do Brasil, faleceu nesta quinta-feira (15), em Belo Horizonte, aos 100 anos. Nascida em Mesquita, no Vale do Rio Doce, e radicada na capital mineira desde a infância, sua voz foi comparada por Ferreira Gullar a “um pássaro voando” e por Carlos Drummond de Andrade a “ouro que não se destrói”.
Formada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Lúcia iniciou seus estudos musicais com Honorina Prates e, posteriormente, com Pasquale Gambardella no Rio de Janeiro. Aperfeiçou sua carreira na Alemanha, graças a uma bolsa de estudos, e tornou-se solista principal do Madrigal Renascentista, grupo fundado em 1956 .
Ela era reconhecida como a principal intérprete de Heitor Villa-Lobos. Seu repertório abrangia desde modinhas imperiais até obras contemporâneas de autores como Tom Jobim, Milton Nascimento e Chico Buarque .
Além da música, Maria Lúcia também se dedicou à literatura, publicando livros infantis e colunas em jornais. Em 2016, recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela UFMG.
Seu velório ocorre nesta sexta-feira (16), no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e o sepultamento está marcado para as 17h, no Cemitério do Bonfim .
Veja também:
Dez curiosidades sobre Maria Lúcia Godoy
Gravação icônica: Sua interpretação das “Bachianas Brasileiras nº 5”, de Villa-Lobos, é considerada a mais famosa e definitiva.
- Reconhecimento internacional: Foi elogiada por publicações como “The Guardian” e “The New York Times” por sua técnica vocal e interpretação.
- Versatilidade musical: Seu repertório incluía desde óperas como “La Bohème” até canções populares brasileiras, como “Travessia”, de Milton Nascimento.
- Homenagens nacionais: Recebeu a Grã-Cruz da Inconfidência, uma das maiores honrarias do governo de Minas Gerais.
- Participação em filmes: Teve participações especiais em filmes como “Os Senhores da Terra” e “Poeta de Sete Faces”.
- Inspiração para Tom Jobim: Sua interpretação influenciou Tom Jobim na composição da melodia de “Sabiá”.
- Aparições em eventos históricos: Cantou na inauguração de Brasília, a convite do presidente Juscelino Kubitschek.
- Publicações literárias: Publicou livros infantis e foi cronista do jornal “Estado de Minas” por 11 anos.
- Último álbum: Seu último trabalho musical foi o álbum “Acalantos” (2012), com faixas autorais.
- Acervo digital: Em 2024, seu sobrinho Daniel Godoy anunciou planos de digitalizar e expor o acervo da artista na UFMG e em plataformas digitais.
Maria Lúcia Godoy deixa um legado inestimável para a música e a cultura brasileira, sendo lembrada como uma artista que uniu técnica, emoção e dedicação em cada apresentação.