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História da música “Dia Branco”, nos 80 anos de Geraldo Azevedo

Lívia Nolla
00:35 11.01.2025
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Música

História da música “Dia Branco”, nos 80 anos de Geraldo Azevedo

Site da Novabrasil preparou especial com os "segredos" de um dos maiores sucessos do artista pernambucano; confira

Lívia Nolla - 11.01.2025 - 00:35
História da música “Dia Branco”, nos 80 anos de Geraldo Azevedo
O cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo | Imagem: Divulgação

Hoje, dia 11 de janeiro, é aniversário de um grande nome da nossa música: o cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo completa 80 anos! Por isso, preparamos uma matéria especial, com a história da música “Dia Branco”, grande sucesso do artista, composta em parceria com Renato Rocha.

Quem é Geraldo Azevedo

O cantor, compositor, violonista, arranjador e diretor musical pernambucano Geraldo Azevedo tem uma imensa contribuição para a cultura e a música popular brasileira. Sua obra explora uma vasta diversidade de ritmos nordestinos como o frevo, forró, xote, maracatu e baião, aliados às harmonias da bossa nova e também a influências do rock’n roll.

Nascido em 1945, na zona rural de Petrolina, à beira do Rio São Francisco, Geraldo conviveu com a música desde cedo. Sua mãe, professora, cantava e promovia eventos culturais na escola que funcionava em sua própria casa. Nestes eventos, aos quatro anos de idade, Geraldo Azevedo já cantava e se apresentava. 

Aos cinco anos, o artista ganhou seu primeiro violão, confeccionado pelo pai, e já arriscava os primeiros acordes. Mais tarde, na adolescência, com o surgimento da bossa nova, Geraldo encantou-se pela música de João Gilberto, e passou a estudar o instrumento com mais afinco, como autodidata, com apenas 12 anos.

Geraldo Azevedo no início da carreira | Imagem: Reprodução

Iniciou sua carreira musical em um programa de rock na rádio difusora de Petrolina e logo passou a apresentar o programa Por Falar em Bossa Nova. Mudou-se para Recife para cursar arquitetura, mas a música falou mais alto. Formou parcerias de sucesso e começou a se apresentar em universidades, participando de alguns coletivos de artistas e fazendo trabalhos que uniam o teatro, a literatura e a música.

Logo, Geraldo Azevedo começou também a compor, mudou-se para o Rio de Janeiro e tornou-se um dos mais requisitados violonistas do país. Como músico, acompanhou Geraldo Vandré e – durante os anos de chumbo da ditadura – foi preso e torturado, só retomando a carreira no início dos anos 70, ao reencontrar-se com o conterrâneoAlceu Valença. Lançou com ele o seu primeiro disco, Quadrafônico, que funde o rock com as influências regionais.

O seu primeiro LP solo veio em 1977. Depois disso, Geraldo Azevedo lançou um sucesso atrás do outro, em mais de 60 anos de parcerias, com outros nomes como Luiz Gonzaga, Chico César, Elba Ramalho e Zé Ramalho. A cada passo de sua brilhante carreira na música, luta para manter a tradição de suas raízes culturais e combate incessantemente o preconceito contra o povo nordestino.

Juntos, ele, Alceu, Elba e Zé Ramalho ainda formaram um dos mais importantes encontros da música popular brasileira: O Grande Encontro, lançando álbuns em 1996, 1997, 2000 e 2016.

Entre os maiores sucessos da carreira de Geraldo Azevedo, estão as canções:

  • Bicho de Sete Cabeças II (com Zé Ramalho e Renato Rocha)
  • Dona da Minha Cabeça (com Fausto Nilo)
  • Canção da Despedida (com Geraldo Vandré)
  • Talismã (com Alceu Valença)
  • Canta Coração (com Carlos Fernando)
  • Moça Bonita (com Capinan)
  • Taxi Lunar (com Zé Ramalho e Alceu Valença)
  • Dia Branco (parceria com Renato Rocha), 

É sobre essa última, que vamos contar a história hoje.

História da música “Dia Branco”

Geraldo Azevedo costuma dizer que “Dia Branco” é uma música muito “democrática”, pois agrada a quase todas as pessoas, de todos os gostos e perfis! Não à toa, é uma das músicas mais bonitas da nossa MPB.

O pernambucano conta que sempre é abordado por pessoas que dizem amar a canção e que é impressionante o número de casais que escolheu “Dia Branco” como música tema da cerimônia do seu casamento. Teve até um noivo que contratou o próprio Geraldo para interpretar a canção no dia do seu casamento, deixando a noiva boquiaberta!

O curioso é que, apesar de parecer muito singela e natural, a bela canção levou três anos para ser feita! Geraldo Azevedo já tinha há tempos a melodia guardada “na gaveta”. O que o inspirou a compor a melodia – além do amor – foi “All Things Must Pass”, um álbum triplo do guitarrista, cantor, compositor e produtor britânico – por muitos anos guitarrista dos BeatlesGeorge Harrison, lançado em 1970.

Um certo dia, o pernambucano mostrou a melodia que compôs inspirada em algumas baladas de George Harrison para o seu parceiro, o letrista e poeta Renato Rocha, que encaixou um verso que ele já havia escrito há um tempo: 

“Se você vier

Pro que der e vier, comigo

Eu lhe prometo o Sol, se hoje o Sol sair

Ou a chuva, se a chuva cair”

Os compositores encaixaram a letra na melodia perfeitamente! Acontece que, como nem tudo são flores, eles passaram mais quase três anos tentando fazer a segunda parte: da mesma forma que a primeira parte saiu fácil, a segunda parte levou um bom tempo para acontecer! Valeu a pena esperar, pois ficou essa obra-prima:

Quando a música ficou pronta, Geraldo ainda sim não resolveu gravá-la. Ele estava gravando o seu terceiro álbum de estúdio – “Bicho de Sete Cabeças” – e mostrou “Dia Branco” para a cantora e compositora cearense Amelinha, que se apaixonou pela música e quis gravá-la em seu antológico álbum “Frevo Mulher”, de 1979.

A música só atingiu o sucesso que é como conhecemos hoje, quando o próprio Geraldo Azevedo a gravou, somente com um violão, em seu álbum “Inclinações Musicais”, de 1981. Depois o clássico foi eternizado também por vozes como Fagner, Elba Ramalho eDaniela Mercury.

E aí, gostou de saber mais uma história por trás da composição de um grande clássico da música popular brasileira? Essa foi a história da música “Dia Branco”, no dia em que seu compositor, Geraldo Azevedo, completa oito décadas de vida!

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Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

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