
História da música “Disparada”, no aniversário de Jair Rodrigues

História da música “Disparada”, no aniversário de Jair Rodrigues
Site da Novabrasil separou alguns segredos de um dos maiores sucessos na voz do aniversariante


Você conhece a história da música “Disparada”, um dos maiores sucessos na voz do aniversariante do dia, Jair Rodrigues?
Jairzão completaria 86 anos de vida hoje, e nós vamos homenagear um dos maiores artistas que a MPB já conheceu, trazendo a história da música “Disparada”, que foi um grande sucesso em sua voz, composta por Geraldo Vandré e Theo de Barros.
Sobre Jair Rodrigues
Nascido em Igarapava, no interior de São Paulo, Jair Rodrigues iniciou sua carreira depois de conquistar o primeiro lugar em um programa de calouros na Rádio Cultura e tornar-se crooner, cantando em casas noturnas de São Carlos, em meados da década de 50.
Seu primeiro álbum – “O Samba Como Ele É” – foi lançado no ano de 1963, trazendo a antológica canção “O Morro Não Tem Vez”, composição de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Cantor e intérprete talentosíssimo, dono de uma irreverência e personalidade únicas e presença de palco marcante, Jair Rodrigues é considerado o primeiro rapper brasileiro.
Ele foi precursor do gênero ao lançar – com versos mais declamados do que cantados – a canção “Deixa Isso Pra Lá” (de Alberto Paz e Edson Meneses), no seu segundo disco, “Vou de Samba com Você”, de 1964.
Foi com essa música – acompanhada de sua icônica coreografia com as mãos para cima e para baixo – que Jair Rodrigues atingiu sucesso nacional e tornou-se conhecido e admirado no Brasil inteiro.
Depois do sucesso de “Deixa Isso Pra Lá”, o artista consolidou-se de vez como um dos maiores intérpretes do país, ao vencer o II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, defendendo a canção “Disparada” (de Geraldo Vandré e Théo de Barros), em uma interpretação inesquecível, ao lado do Trio Marayá e do Trio Novo.
Entre os anos de 1965 e 1967, Jair Rodrigues comandou – ao lado de Elis Regina – o famoso programa musical “O Fino da Bossa”, na TV Record. Juntos, os dois artistas lançaram três LPs ao vivo: um deles, “Dois na Bossa”, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias.

Jairzão é pai dos também artistas Jair Oliveira e Luciana Mello, que dão continuidade ao seu legado e à bela história que o pai construiu na música popular brasileira.
Luciana é cantora e compositora, umas das mais belas vozes do país, e Jair Oliveira (que já usou o nome Jairzinho) é cantor, compositor, instrumentista e produtor musical, inclusive já produziu diversos discos da irmã, além dos seus, e é autor de sucessos como ‘Simples Desejo”(com Daniel Carlomagno), “Bom Dia Anjo” e “Prazer e Luz” (com Max Vianna).
Jairzinho começou sua carreira na década de 80, integrando o conjunto musical infantil Balão Mágico, e Luciana – que também chegou a fazer parte da turma do Balão Mágico – começou gravando com o pai a canção “O Filho do Seu Menino” (composta por Rildo Hora), no disco Luzes do Prazer, de 1984.
“Jair Rodrigues” gravou mais de 50 discos e fez turnês pelo Brasil e pelo mundo ao longo de seus mais de 50 anos de carreira.
Jairzão morreu em casa – aos 75 anos, em maio de 2014 – em decorrência de um infarto agudo do miocárdio, nos deixando órfãos do seu talento, simpatia e genialidade, mas deixando um legado eterno na história da música popular brasileira.
Veja também:

História da música “Disparada”
Composta pelo paraibano Geraldo Vandré em parceria com o carioca Theo de Barros, a canção “Disparada” foi brilhantemente interpretada por Jair Rodrigues, acompanhado do Trio Maraiá e do Trio Novo, no II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966.
O fato curioso é que o primeiro lugar no festival foi compartilhado com outra canção, “A Banda”, de Chico Buarque de Holanda, em uma verdadeira disputa acirrada, com apostas em todo o país, entre os adeptos de uma e de outra composição.
Nas folhas de votação do festival, consta que “A Banda” ganhou a competição por 7 a 5. Acontece que Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de “Disparada” – a qual ele considerava a melhor canção do Festival e que, caso isso acontecesse, entregaria o prêmio ao concorrente. Por isso, o júri do festival resolveu dar empate.
Em pleno auge da Ditadura Militar brasileira, os autores de “Disparada” fazem na canção de protesto, uma comparação entre a exploração das classes sociais pobres pelas mais rica – ou da população pelos seus governantes – e a exploração das boiadas pelos boiadeiros, fazendo uma relação entre gado e gente.
O retrato de um Brasil marcado pela contracultura da juventude em meio a um contexto de contestação política, perseguições, anseios de mudança, e em um misto de medo e esperança. Denunciando explorações, torturas, assassinatos e a repressão. “Disparada” fala sobre o despertar de consciência para quem está vivendo tudo isso.
“A intenção era compor uma moda-de-viola baseada no folclore da região Centro-Sul, porém nossas raízes se infiltraram no processo e resultou uma catira de chapéu de couro”, esclarece Theo de Barros na contracapa de seu primeiro LP.
A energia, alegria, simpatia e os movimentos no palco de Jair Rodrigues, quase tiraram do cantor a chance de interpretar “Disparada” no Festival. Geraldo Vandré – autor da letra – em um primeiro momento, não queria que Jair interpretasse a composição que trata de algo tão sério. “Mas o Jair vai cantar esse negócio rindo …” disse Vandré.
Jair Rodrigues não só interpretou a canção cheio de emoção e densidade, surpreendendo Vandré, como também levou o prêmio de Melhor Intérprete do Festival, e a música foi o maior sucesso de sua carreira.
Em uma entrevista, o cantor explicou porque era o intérprete ideal para “Disparada”: “Meu pai morreu no lombo de um burro. Ele era boiadeiro, o velho Severiano Rodrigues de Oliveira. Acho que “Disparada” tem muita coisa a ver com ele”.
E aí? Gostou de saber a história da música “Disparada”, composição de Theo de Barros e Geraldo Vandré, sucesso na voz de Jair Rodrigues?