10 curiosidades sobre a música “Fé”, da cantora Iza
10 curiosidades sobre a música “Fé”, da cantora Iza
No dia do aniversário da cantora, separamos alguns "segredos" desse grande sucesso da artista carioca. Confira aqui no site da Novabrasil
Hoje, dia 3 de setembro, é aniversário da cantora e compositora carioca Iza.
Um dos maiores nomes da música brasileira na atualidade, Iza é dona de um imenso talento e carisma, e possui canções que são verdadeiros hits no país inteiro.
E, para homenageá-la no dia de hoje, nós trouxemos 10 curiosidades sobre um dos maiores sucessos da carreira de Iza: a música Fé.
Sobre Iza
Isabela Cristina Correia de Lima Lima nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de setembro de 1990.
Nascida e criada no bairro de Olaria, Iza é filha da professora de música e artes Isabel Cristina Lima e do militar naval Djama Leite Lima. Seus pais são primos de segundo grau, motivo pelo qual a cantora recebeu o sobrenome Lima duas vezes.
Aos 6 anos mudou-se para Natal, no Rio Grande do Norte, quando seu pai foi transferido para servir a Base Naval de Natal. Durante a infância na capital potiguar sofreu racismo por ser uma das únicas crianças negras numa escola particular e tradicional da cidade de Natal.
Criada pela mãe, Iza começou a cantar na Igreja aos 14 anos e começou a fazer apresentações em paróquias e outros eventos quando retornou ao Rio de Janeiro, aos 19 anos de idade.
Em 2009, aos 18 anos, ela ingressou, com bolsa pelo Enem, no curso de Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – mais uma vez uma das poucas pessoas pretas da universidade – se formando em 2013 e passando a trabalhar como editora de vídeo.
Em 2015, paralelamente, criou um canal no YouTube e passou a publicar vídeos cantando músicas de outros artistas. No ano seguinte, foi descoberta pela Warner Music e assinou contrato com a gravadora.
A cantora lançou diversos singles de sucesso, até lançar seu álbum de estreia, Dona de Mim, em 2018, que já recebeu uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.
O primeiro single do álbum – Pesadão, em parceria com o cantor Marcelo Falcão – foi uma das canções mais tocadas no país entre o fim de 2017 e início de 2018, além de ter se tornado, no segmento pop, a mais executada pelas rádios do Brasil em 2018.
O segundo single – Ginga, em parceria com o rapper Rincon Sapiência – é outra canção de sucesso do álbum, bem como a faixa-título. Dona de Mim conta com 14 faixas e participações de – além de Rincon Sapiência e Marcelo Falcão – Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Gloria Groove, Thiaguinho e Ruxell.
Em 2019, Iza lançou mais dois singles de muito sucesso: Meu Talismã e Brisa.
Representatividade para uma geração
Iza é – desde 2019 – técnica do programa The Voice Brasil. No mesmo ano, dublou a personagem Nala na versão brasileira para o live action do filme O Rei Leão, da Disney, e foi anunciada rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense, escola da mesma região em que nasceu, no Rio de Janeiro.
Em outubro de 2020, Iza entrou na lista da ONU dos 100 negros mais influentes do mundo, na categoria de Mídia e Cultura.
Em maio de 2021, foi eleita uma das Líderes da Próxima Geração, pela revista norte-americana Time, pelo seu impacto racial e social na América Latina.
A cantora foi eleita a celebridade mais influente do Brasil em 2021, pela Ipsos, uma das maiores empresas de pesquisas do mundo.
No mesmo ano, recebeu uma homenagem da Mattel, onde a cantora recebeu uma versão sua exclusiva da Barbie. A homenagem faz parte do projeto Mulheres Inspiradoras, que tem como objetivo reconhecer mulheres que fazem a diferença em seu campo de atuação, ao atingir grandes marcos em sua carreira, e são exemplos para as futuras gerações.
Afrodhit
Em setembro de 2022, Iza lançou um EP de três músicas – Mole, Mó Paz e Droga – que estariam no seu próximo álbum.
Chamado de Três, o projeto se tornou uma divulgação para a apresentação da cantora no palco principal do Rock in Rio 2022, no qual se tornou a primeira cantora negra brasileira a fazer um show no Palco Mundo, o principal palco do festival.
Os vídeos para as músicas foram lançados em formato de curta-metragem dirigido por Felipe Sassi e com roteiro da própria cantora, contando ainda com a participação da atriz Zezé Barbosa.
Antes disso, a cantora já havia lançado três outros singles que entrariam no novo álbum: Gueto, Sem Filtro e Fé.
Acontece que, em fevereiro de 2023, Iza descartou o álbum que estava totalmente pronto: “Aquelas músicas já não me representavam mais. Minha voz [agora] tá mais grave, porque minha voz é mais grave, essa sombra na voz é minha marca, minha impressão digital. O quanto isso é forte, né? O quanto eu não usava minha voz 100% porque, às vezes, quando eu tava em estúdio quem tava gravando em estúdio não curtia e me podava”, declarou.
Com isso, a artista produziu um novo álbum em cerca de cinco meses, Afrodhit, lançado em agosto de 2023, e que conta com 13 sucessos, entre eles: Fé nas Maluca (em colaboração com MC Carol); Que Se Vá e Nunca Mais, além de participações de Russo Passapusso e Djonga.
A história por trás da música Fé, da cantora Iza
Composta por Iza – em parceria com Fabinho Legramandi, Henrique Bacellar, Lukinhas, Pablo Bispo, Pierrot Júnior, Ruxell, Sérgio Santos e W K – e lançada como single em 2022, a música Fé, não só é uma das mais potentes da carreira da cantora, mas também do cenário pop nacional.
A letra fala sobre termos fé para enfrentar as batalhas do dia a dia, como o racismo, o machismo, a opressão e a desigualdade social, e para acreditarmos – mesmo assim – em uma vida melhor, não deixando de buscar os nossos sonhos, apesar dos obstáculos. Fala sobre sermos gratos pelo que ainda vem.
Trouxemos uma lista com 10 curiosidades sobre a canção Fé, da Iza, e seu clipe, repleto de referências e simbologias.
10 curiosidades sobre a canção Fé, de Iza
1 – Foram vários momentos em que Iza precisou ter fé. Um deles, foi um pouco antes de estourar como cantora, quando ela e sua mãe estavam passando por muitas dificuldades financeiras: “Foi em 2016, 2017… Eu já estava há bastante tempo sem ganhar dinheiro, trabalhando como autônoma (…) Disse para mim mãe que ia desistir de ser cantora. Ela estava trabalhando em três escolas, fazendo hora extra, e eu me senti muito egoísta de estar correndo atrás do meu sonho, com os boletos chegando”.
Nessas horas de tanta dificuldade, qual é a primeira coisa que normalmente a gente pensa? Recalcular a rota, né? Mas pra não pra quem não foge à luta, como Iza: “Foi um momento decisivo, definiu a minha carreira até aqui”.
Isso que ela passou lá atrás – e que ela sabe que ainda é a realidade de muitos brasileiros e brasileiras – serviu de inspiração para a letra de Fé, aliada às dificuldades enfrentadas pela mulher preta diariamente e os preconceitos e violências que ela sofreu e ainda sofre. Tudo isso, aliado à sua representatividade e resiliência, que geram identificação e trazem inspiração para muitas outras pessoas pretas (principalmente mulheres) e muitos artistas no Brasil.
2 – O clipe de Fé – dirigido por Felipe Sassi, roteirizado pela própria cantora e com direção criativa de Sassi, IZA e INDIO – é uma obra de arte: forte e belíssimo, mostra Iza sendo xingada, sendo cuspida, sendo hostilizada, mas seguindo firme, mostrando a redenção da vitória de quem acredita.
Sobre o processo de criação, a cantora relatou: “Eu não estava conseguindo explicar direito para o Felipe. Então eu falava que queria uma parte que parecesse minha consciência. E queria que fosse uma coisa clara, ampla, sem fim. Mas como você traduz isso em imagem, né? (..) Eu falei: ‘Felipe, eu quero cantar para a câmera e quero as pessoas batendo na minha cara, me puxando, falando sobre essa resiliência, sobre olhar para a frente”.
3 – O projeto conta com um ballet formado por 50 bailarinos de dança contemporânea, com muitos movimentos que fazem menção às danças afro-brasileiras. Jaime Bernardes, bailarino e coreógrafo, é o responsável pela criação da coreografia.
No clipe, os bailarinos representam as dificuldades vividas pela cantora durante sua trajetória de vida: os racistas, machistas, os abismos sociais, os obstáculos, os haters e os caminhos tortuosos para alcançar seus objetivos. No clipe, os bailarinos e a Iza falam com o corpo, porque todas as vivências que carregamos, estão dentro de nós, do nosso corpo.
4 – A maioria dos takes do clipe foram pensados pela artista, que já tinha imaginado uma escada de pessoas, inspirada em cenário do filme O Show de Truman, e na “saia” formada pelos dançarinos: “Queria ilustrar como a opinião das pessoas é um peso na vida. Como vamos carregando essas projeções, sem nem perceber”.
5 – Já na escolha dos tons, Iza explica que queria usar cores primárias – como azul e vermelho – e queria deixar o foco para as pessoas. “Queria fazer em um estúdio, onde não dá para saber exatamente onde é, que horas foi feito. Queria algo atemporal. Tentei ser o mais minimalista possível, para que as pessoas fossem a grande mensagem”.
Já sobre os figurinos: com a roupa de látex que fica em tom sobre do com a sua pele, Iza queria passar mensagem de nudez, de fragilidade e de mudanças de estado de espírito como se fosse uma casca/pele. E ela também usa duas roupas de modelagem igual, feitas de alfaiataria, uma em azul e outra em vermelho, trazendo um estado de espírito de paz, de consciência e de fervor.
6 – De longe, um dos momentos mais marcantes de Fé é quando Iza leva uma cuspida na cara. A escolha foi da artista, que quis evidenciar o racismo e machismo do país. “Eu pensei: ‘como posso ilustrar que a mulher preta é a figura mais desvalorizada do Brasil?’ (…) E eu falei para ele (o dançarino que cospe no rosto da cantora) não beber água, queria cuspe mesmo e a textura não é a mesma. Eu gosto de me entregar no processo e acabou que foi muito legal, é um dos clipes que mais me diverti nos bastidores”.
7 – Iza quer que os fãs se fortaleçam ao escutarem Fé: “A intenção é que as pessoas peguem essa música e apliquem na vivência delas. Quando a gente fala sobre as nossas questões, isso faz a diferença (…) Todo mundo conhece um filho da p***, que traz medo para vida, traz coisas que não te ajudam. A gente não precisa só ter fé, a gente precisa ignorar muita gente escrot* no caminho”.
E completa com uma dica: “A Iza de hoje se preocupa bem menos com o que os outros estão falando (…) Eu lido melhor com as críticas do que no início e muitas coisas me ajudaram nisso, como meus fãs. Estou mais confiante (…) Fechem os ouvidos para críticas das pessoas que não fazem o que você faz. Sua vida já vai ser mais fácil”.
8 – O final emocionante do clipe traz um grande coral, formado pelos bailarinos e bailarinas acompanhando os backing vocals de Iza, diante de uma chuva que significa a vitória, a possibilidade de celebrar as conquistas, tendo fé de que o que sonhamos está no nosso caminho e vai chegar.
Letícia Pedroza, que já é arranjadora e backing vocal de Iza, foi a responsável pelo arranjo do coral e contou que achava que no clipe oficial não poderiam usar a expressão “filha da p***”, por conta da música ir para as rádios. Mas a intenção era essa mesma: ser algo impactante, que saísse como um grito aprisionado da boca de tantos brasileiros e brasileiras.
9 – Com Fé, Iza foi indicada ao Grammy Latino de 2023 na categoria Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa.
10 – Maria Bethânia e Caetano Veloso incluíram Fé no setlist da turnê de shows Caetano & Bethânia, que estão fazendo juntos pelo Brasil.
Quando soube da notícia, Iza exaltou os dois irmãos artistas consagrados da música brasileira:
“Nenhuma palavra seria suficiente para agradecer, mas vou tentar (…) Quando me encontrei com a rainha Bethânia no backstage de um festival que fizemos juntas (…) ela me chamou no seu camarim. Me abraçou e disse coisas lindas que nunca vou esquecer. Uma foi: ‘Eu e meu irmão estamos ensaiando Fé’. Saí do camarim extasiada! Ela conhecia minha música! E os dois acharam legal ensaiar e colocar no repertório dessa turnê! Não contei para ninguém! Para mim, a vitória estava ali, já. Dois ícones sentiram algo com um trampo meu.”, disse a cantora no seu Instagram, no dia seguinte em que a dupla baiana estreou a turnê.
por Lívia Nolla