
Rússia avança sobre a Ucrânia enquanto Trump e Zelensky estremecem aliança
Rússia avança sobre a Ucrânia enquanto Trump e Zelensky estremecem aliança
Novos bombardeios e mudanças diplomáticas indicam enfraquecimento da relação entre Kiev, Europa e EUA


O conflito entre Rússia e Ucrânia atingiu um novo patamar, com ataques recentes e mudanças significativas no cenário diplomático global. Em meio a esse contexto, a pesquisadora Giovana Branco participou do Jornal Novabrasil, apresentado por Heródoto Barbeiro, e fez uma análise detalhada sobre os desdobramentos.
Durante a entrevista, a especialista em política russa da Universidade de São Paulo destacou que a possibilidade de um cessar-fogo está cada vez mais distante. Segundo ela, as negociações que ensaiavam avanços foram totalmente abaladas após o encontro entre Zelensky e Trump.
“A situação é absolutamente insustentável”, afirmou Giovana. Para ela, a reunião expôs a fragilidade ucraniana e afastou ainda mais a Ucrânia da possibilidade de obter suporte efetivo dos Estados Unidos.
Europa pressionada a agir sozinha após recuo norte-americano
Os reflexos da nova postura americana atingem diretamente os países europeus. Giovana explicou que o isolamento adotado pelos Estados Unidos já é uma característica pendular da política externa norte-americana. No entanto, com Trump, esse distanciamento se tornou mais agressivo.
“A Europa agora precisa se organizar e buscar reforçar sua unidade, porque os Estados Unidos deram sinais claros de que não pretendem oferecer o mesmo apoio de antes”, analisou a pesquisadora. Essa mudança coloca os líderes europeus em uma encruzilhada, obrigados a repensar sua segurança e relevância internacional.
Com isso, a União Europeia terá que decidir entre ampliar sua cooperação interna ou aceitar um papel secundário no cenário global, enquanto a Rússia amplia sua influência.
Putin usa festa da vitória para reforçar discurso nacionalista
Em maio, a Rússia celebrará os 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo. O evento acontecerá na Praça Vermelha, em Moscou, e deve contar com uma grande mobilização pública. Giovana Branco explicou que Vladimir Putin utiliza esse evento como uma ferramenta de fortalecimento da identidade nacional.
“A festa de 9 de maio é central para a narrativa histórica da Rússia moderna”, afirmou Giovana. Ela ressaltou que, embora a vitória tenha sido da União Soviética e não da Rússia atual, Putin capitaliza esse momento para reforçar o orgulho nacional e justificar ações políticas.
Mudança na dinâmica diplomática
Um fato que chama atenção é o convite de Putin para que Trump participe das celebrações em Moscou. Caso isso aconteça, será um marco histórico, principalmente considerando a guerra em curso na Ucrânia e as sanções ocidentais impostas à Rússia.
“Ainda que Trump não compareça pessoalmente, a presença de um representante americano seria um recado claro de reaproximação entre Washington e Moscou”, avaliou Giovana. Essa possível reaproximação enfraqueceria ainda mais o apoio ocidental à Ucrânia e ampliaria o isolamento europeu.
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Moldando a narrativa pró-Rússia
Outro ponto abordado por Giovana foi a forma como a história da Segunda Guerra Mundial é contada na Rússia. A pesquisadora lembrou que o pacto de não agressão entre União Soviética e Alemanha nazista, assinado em 1939, dificilmente será mencionado nas comemorações.
“A história é sempre moldada conforme os interesses do momento”, explicou Giovana. Segundo ela, essa prática não é exclusividade russa. Outros países, incluindo os Estados Unidos, fazem o mesmo ajuste narrativo quando convém.
Com isso, o discurso de Putin durante as celebrações de maio será cuidadosamente construído para reforçar o papel de herói histórico da Rússia, ao mesmo tempo em que ignora episódios menos convenientes.
Conflito sem trégua e cenário global em transformação
Os novos ataques russos e o enfraquecimento da aliança entre Ucrânia, Europa e Estados Unidos consolidam um novo desenho geopolítico. A ausência de um cessar-fogo ou de negociações eficazes deixa claro que o conflito está longe de terminar.
“A Ucrânia segue sem capacidade de se defender de forma eficiente, e 20% do território ucraniano continua sob controle russo”, pontuou Giovana. Esse cenário amplia a sensação de abandono e gera tensões entre os líderes europeus, que se veem obrigados a redefinir seu papel no mundo.
Com a aproximação entre Trump e Putin, a Ucrânia se torna cada vez mais uma peça isolada nesse tabuleiro, enquanto Rússia e Estados Unidos sinalizam uma possível nova era de negociações diretas.