Qual a diferença entre eutanásia e suicídio assistido?
Qual a diferença entre eutanásia e suicídio assistido?
Com a morte do escritor e compositor Antonio Cícero, o assunto virou discussão no Brasil, apesar de os dois procedimentos serem proibidos por aqui
O escritor, compositor e membro de número 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Antonio Cícero, morreu por suicídio assistido, na Suíça, aos 79 anos. A prática é permitida na Suíça desde 1942, desde que por “motivos justos e não-egoístas”.
A prática não é permitida para se evitar o pagamento de tratamentos médicos ou antecipar o recebimento de uma herança.
Cícero buscou o procedimento por ter Alzheimer. Ele, que era ateu, deixou um texto explicando a decisão. Para o escritor, a medida era uma forma de amenizar o sofrimento.
A ABL informou que Cícero viajou a Paris, na França, na última semana com o companheiro dele, Marcelo Pies. De lá, seguiram para Zurique, na Suíça. Eles moravam no Rio de Janeiro.
Eutanásia ou morte por suicídio assistido?
O assunto é minucioso, particular à vítima e o procedimento é confundido com a eutanásia. Mas existem diferenças entre as duas práticas.
A advogada especialista em bioética e diretora, Luciana Dadalto, explicou ao Jornal Novabrasil, que ambas partem do desejo do paciente tirar a própria vida.
Porém, na eutanásia, uma dose letal é administrada no paciente por um profissional de saúde.
Já no caso do suicídio assistido, o profissional recomenda a dose e o próprio paciente administra em si.
Luciana é também diretora do Instituto Ana Michelle Soares, dedicado à informação e acolhimento em Cuidados Paliativos, e explicou que, independentemente das técnicas, o médico precisa estar presente porque “há a necessidade de prescrição de um fármaco“.
Na Suíça, apenas o suicídio assistido é permitido por lei. A eutanásia, não.
A advogada explica que há outros países do mundo em que são permitidas as duas práticas. E, certamente é uma questão ética da medicina, mas que, segundo ela, “tem a ver com uma construção cultural sobre o cuidar“.
Aqui no Brasil, isso tem a ver com uma escolha social, inclusive médica. “Em países menos religiosos, menos moralistas, os médicos já se encaminham para entender que estas são uma forma de cuidado. O que ainda não chegou no Brasil.”
Alguns projetos de Lei sobre o tema estão engavetados no Congresso Nacional.
Para Luciana, o assunto deveria ser mais debatido no Brasil. Os cuidados paliativos são um caminho para aliviar o sofrimento dos pacientes gravemente doentes, mas “há uma pequena parte que, mesmo recebendo os cuidados disponíveis, o sofrimento não é aliviado“.
É essa pequena parte dos pacientes que optam por essas práticas no mundo, pontou.