
Congresso se transformou numa máquina de destruir o meio ambiente, diz especialista
Congresso se transformou numa máquina de destruir o meio ambiente, diz especialista
Em entrevista à Novabrasil, Márcio Astrini, secretário do OC, diz que o êxodo climático já é uma realidade e precisa de atenção das autoridades


O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, em entrevista à Novabrasil, declarou que o Congresso precisa formar uma comissão interna de crise climática. Segundo ele, é dentro do Congresso que nascem os problemas do meio ambiente no Brasil. “O Congresso se transformou hoje numa máquina de destruir meio ambiente e legislação do clima”, afirma Astrini.
Em meio ao desastre por causa das tempestades no Rio Grande do Sul, a questão do chamado êxodo climático tem sido cada vez mais discutida. Márcio Astrini alerta que o clima alterado da Terra vai promover, cada vez mais, situações sem precedentes. O especialista lembra que isso já ocorre no Brasil, pois há muitos nordestinos que fogem ou fuigram da situação severa do clima.
E o mundo também enfrenta o problema. Segundo Márcio, “há países ilhas que serão completamente engolidos pelo mar por causa das mudanças climáticas”. Ele lembrou que o Paquistão, em 2022, teve um terço do país embaixo d’água. Astrini diz que é necessário entender que o clima está mais extremo e é preciso se adaptar e reorientar as políticas públicas, tornando as cidades mais resilientes.
O secretário-executivo do Observatório do Clima relata que há um mapeamento no Brasil para observar os pontos mais vulneráveis do país em relação aos problemas climáticos. São cerca de 1.000 localidades. O problema é que não há um plano para esses locais. É importante saber o tamanho da população, quanto custa para prevenção, quanto tempo demora para as ações e qual o tamanho do risco.
Márcio destaca ainda que o êxodo climático pode ser necessário em algumas regiões. Apesar dos olhares voltados para a região Sul, é também importante se atentar para a seca na região Norte, especialmente no Amazonas, e a vulnerabilidade do semi-árido. “Esse fluxo migratório, quando ocorre, acaba levando pessoas para outros centros urbanos. Isso estressa serviços, como hospitais, creches e saneamento em outros pontos. Há um efeito dominó”, diz Márcio Astrini.
O especialista alerta que há 2 tipos de previsão: a do tempo e a do clima. A previsão do tempo prevê chuvas e extensão, mas não consegue prever o volume. Já a previsão do clima não é tão certeira, mas indica que os eventos climáticos serão mais intensos e comuns, tanto para chuva quanto para seca.
Neste sentido, Márcio alerta que as autoridades têm de acreditar nisso e assumir responsabilidades: “a primeira coisa que precisamos fazer é parar de andar para trás, e a gente anda para trás a passos largos dentro do Congresso”.