
União pede desculpas pelas vítimas da ditadura
União pede desculpas pelas vítimas da ditadura
Ato faz parte de acordo com Ministério Público Federal pela demora na identificação das vítimas de Perus


34 anos depois, familiares de vítimas da Ditadura e representantes da sociedade puderam ouviram um pedido de desculpas da União pela negligência na identificação das ossadas da Vala Clandestina do cemitério de Perus, em São Paulo. A cerimônia marcou o Dia Internacional do Direito à Verdade.
A Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, fez o pedido em nome do governo federal ao lado dos familiares e representantes do Poder Público.
“É um momento muito triste, ao mesmo tempo, muito importante, porque a verdade é uma verdade que precisa ser revelada como justiça a todos os familiares. Mas também para que a sociedade brasileira compreenda toda a violência que se cometeu em nome do Estado. E para que a gente reafirme a democracia, nunca mais esqueça e para que nunca mais aconteça”, declarou a Ministra.
Em nota, O Governo Federal, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e da atuação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), disse estar comprometido em viabilizar a continuidade e finalização dos trabalhos de identificação dos remanescentes ósseos da Vala de Perus.
O ato é parte de um acordo judicial entre a União e o Ministério Público Federal.
Vala clandestina
Na década de 1990, um funcionário público revelou ao repórter Caco Barcellos, da TV Globo, a existência de uma vala clandestina. A área continha ossadas em mais de mil sacos. As vítimas eram indigentes, desconhecidas e consideradas opositoras do regime militar.
Pessoas que discordavam do autoritarismo e lutavam pela democracia, além de pacientes de hospitais psiquiátricos, crianças vítimas da meningite e vítimas da polícia. As investigações começaram após pedido da então prefeita Luiza Erundina.
Nas duas décadas seguintes, diversas ações públicas denunciaram as más condições de conservação do material na Unicamp e no IML de São Paulo. As primeiras identificações só viriam anos depois, entre 2014 e 2018, graças à Comissão Nacional da Verdade durante o governo Dilma Roussef. E hoje estão sob responsabilidade da Universidade Federal de São Paulo.
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Já a Procuradora-Geral da União da Advocacia-Geral, Clarice Calixto, ressaltou o papel dos Direitos Humanos e da democracia como guardiões da possibilidade de se viver em meio às diferenças e divergências de opiniões.
“Sem democracia não há divergências, sem democracia não há tolerância. O horror não pode ser naturalizado. Os direitos humanos são os direitos à dignidade de cada pessoa. Todos somos iguais, mulheres e homens, pessoas brancas, negras, com posições políticas ou outras. Para isso, o Estado tem que respeita cada pessoa na sua individualidade“.
No fim de 2024, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania renovou o acordo de cooperação junto ao Programa Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para a financiar a contratação da equipe pericial e a retomada dos trabalhos de investigação interrompidos no governo Bolsonaro.
Confira a reportagem: