
Shakira esbanja borogodó em novo tour e faz verdadeiro manifesto feminista


Mulher 4.0
Aline Dini e Michelle Trombelli
Shakira esbanja borogodó em novo tour e faz verdadeiro manifesto feminista
Do começo ao fim, show da colombiana mistura desabafos de sua história pessoal de traição com mensagens de poder e inspiração às mulheres

Shakira rebola. Shakira seduz. Ela toca guitarra com seus pés descalços e balança os “hips” como ninguém. Até aí, é a Shakira velha conhecida dos brasileiros com sua voz potente, sorriso largo e português perfeito.
Mas a versão 2025 da Shakira é muito mais do que isso. Uma mistura de superação, cura pessoal e, claro, aquele ‘beijinho no ombro’ para o ex. “Vocês sabem que nos últimos anos enfrentei muitos desafios. Mas se aprendi algo é que as quedas não são o fim, mas o início de um voo mais alto.
Nós, mulheres, depois de cada queda, nos levantamos mais fortes, mais sábias, sim senhor. E se quisermos chorar, choramos. Mas se não quisermos chorar, faturamos”, desabafou a versão loba, solteira e extremamente poderosa dessa Shakira que se apresentou no estádio Morumbis, em São Paulo. E o público respondeu com muito acolhimento e encantamento.
Confira destaque do show de Shakira em SP no ‘Nova Manhã’:
Las mujeres ya no lloran
Esse é justamente o nome da nova turnê mundial de Shakira que começou nesta semana pelo Brasil com shows no Rio e em São Paulo. A frase faz parte do sucesso BZRP, música que ela lançou no ano passado em parceria com o DJ e produtor musical argentino Bizarrap.
Depois de sete anos sem vir ao país que a acolheu no início da carreira, Shakira prometeu entregar os melhores shows da sua vida em solo brasileiro. E, pelo visto,cumpriu a promessa. Aos 48 anos, ela se autointitulou “una lobita” cercada por sua alcateia. Ou seja, mais do que uma apresentação musical, a nova turnê tem o claro propósito de inspirar outras mulheres a se fortalecerem enquanto ela mesma trata as suas feridas pessoais. Isso está nas letras das músicas do novo álbum, no discurso em cima do palco e em frases motivacionais que aparecem no telão todo tempo.
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Foto: Divulgação/Live Nation.
Mais superação, menor rancor
O show da Shakira pode ser visto por muitos como uma vingança ao ex-marido traidor. “Ah, mas é só pra esfregar na cara dele o quanto ela é linda, rica, bem sucedida, sexy e continua sendo amada”, dizem alguns. Acho que é dar um protagonismo indevido ao ex-jogador Gerard Piquet (sim, aquele que foi lembrado nos shows do Rio e de SP com um sonoro “hey Piquet, vai tomar no c#’).

Em nenhum momento, Shakira se coloca como “superada”. Como uma mulher totalmente curada da dor da traição. Talvez nem haja uma cura completa pra isso. E é justamente por isso que existe tanta conexão e empatia com o público. Afinal, poucos devem se orgulhar de nunca terem sentido essa dor.
Em cima do palco, Shakira expõe suas fragilidades de uma forma corajosa, assim como fez em seu álbum. Mas mostra que é possível, sim, sairmos mais fortes de situações que nos colocam pra baixo, seja qual for. “Quando se sentir triste, dance e cante”, foi um dos recados ao público.
Superprodução
O show da Shakira no Morumbis reuniu quase 70 mil pessoas. A entrada dela no palco atrasou um pouco mais de uma hora e a artista justificou que a chuva gerou problemas técnicos.
Algumas pessoas ficaram impaciente e houve até vaias. Mas, durante o espetáculo, tudo correu bem e os looks dela (perdi a conta de quantos foram) e os efeitos especiais realmente foram um show à parte. Destaque para uma loba gigante 3D que surgiu no meio do palco quase no fim.
“Las mujeres ya no lloran” tem rock, salsa, reggaeton, pop, afro e tantos ritmos que tornam a Shakira essa artista única. A chuva deu uma trégua minutos antes dela entrar no palco. E, como uma boa loba que se preze, a musa latina invocou com seu canto uma linda lua cheia que veio iluminar o estádio na Zona Sul de São Paulo durante boa parte da apresentação.
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Foto: Divulgação/Live Nation
Ao final, liderados por Shakira, todos uivaram juntos como uma linda alcateia: auuuuuuuuuuuuu. Não falo aqui no sentido figurado. Foi uivo mesmo. Um grito de liberdade ecoado por uma multidão cheia de seres únicos que têm as suas próprias histórias de dor, traições, tristezas, superação pessoal e livramentos. Assim como Shakira.
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