Relação Brasil-Venezuela está arranhada e deve ser pragmática, avalia especialista
Relação Brasil-Venezuela está arranhada e deve ser pragmática, avalia especialista
Em entrevista à Novabrasil, o professor João Carlos Jarochinski diz que Maduro é um presidente autodeclarado eleito
Nicolás Maduro toma posse nesta sexta-feira, dia 10, em meio a muitas manifestações e um aparato forte de segurança. Para o professor João Carlos Jarochinski, Diretor do Centro de Ciência Humanas e Professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima, “Maduro é um presidente autodeclarado eleito, pois não apresentou as atas da eleição”.
Na véspera da posse, a principal opositora de Maduro, Maria Corina Machado foi detida e libertada pouco tempo depois. Além disso, muitos atos contrários ao atual governo foram realizados em território venezuelano. Para o professor Jarochinski, Maria Corina deve permanecer como principal nome da oposição, mas há receio de enfraquecimento dos movimentos sociais. “Isso se justifica pelo medo da repressão, mas a falta de engajamento público, ou em redes sociais, afeta a condição para uma oposição forte”, diz ele.
O especialista diz ainda que a participação popular diminuiu porque houve engajamento antes das eleições e isso não deu resultado. “As pessoas estão mais preocupadas em sobreviver no dia a dia e muitas estão desistindo do país e buscando outros lugares para garantir a condição de vida”.
O professor Jarochinski entende que “a relação Brasil-Venezuela está bem arranhada. O Brasil tem uma pauta de defesa da Democracia e isso se torna um elemento central da política externa brasileira”. O não cumprimento de eleições transparentes por parte de Maduro influencia nessa relação. Lembrando que o governo brasileiro enviou uma embaixadora para a posse de Maduro, o que pode indicar que a relação será de um diálogo mais pragmático.
A Venezuela terá Nicolás Maduro como presidente até janeiro de 2031, o que deverá totalizar mais de 18 anos no poder. A falta de transparência no processo eleitoral e a repressão cada vez maior do governo, tornam o país cada vez mais isolado e pressionado interna e externamente.