Estudo aponta falta de investimento na população idosa do Brasil
Estudo aponta falta de investimento na população idosa do Brasil
Em entrevista à Novabrasil, Michelle Queiroz, autora do estudo, aponta fatores que levam à essa situação e a necessidade de olhar para os idosos do país
Um estudo do FDC Longevidade, plataforma da Fundação Dom Cabral sobre longevidade, indica invisibilidade da pauta do envelhecimento.
O documento “Investimentos Sociais Privados e Longevidade” mostra que governo, empresas privadas e a sociedade civil não investem na população idosa no Brasil.
De acordo com Michelle Queiroz Coelho, professora da Fundação Dom Cabral e autora do estudo, são vários os motivos que levam a essa situação, mas ela destaca uma delas.
“A primeira delas é reflexo de uma sociedade etarista e que não vê o envelhecimento como valor. Por isso, que encontramos no poder público o descaso, muitas vezes, em relação á políticas pública e regulamentação do fundo do idoso, as empresas, que desconhecem esse público, e a própria sociedade civil. Há um olhar de falta de pertencimento e valorização à velhice”, diz ela, em conversa com a Novabrasil.
Michelle Queiroz diz que o fundo do idoso é a oportunidade de investir em ações para fornecer envelhecimento saudável para a população. “Essa é uma gama de ações que vão desde educação, saúde e prevenção contra a violência”.
Confira abaixo:
O Fundo do Idoso capta recursos financeiros para serem investidos em ações que promovam o bem-estar e a qualidade de vida de pessoas 60+, sobretudo aquelas em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Em volume de recursos, a região Sudeste concentrou 56% dos valores e recebeu recursos em 204 fundos, enquanto a Norte recebeu somente 2% dos aportes em 10 fundos. Os estados do Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima sequer receberam recursos desse mecanismo.
Segundo a professora Michelle Queiroz, para uma empresa que opera por lucro real, a legislação permite que ela abata até 100% da doação de até 1% do imposto de renda para o conselho municipal do idoso.
O problema é que o fundo do idoso está regulamentado em apenas 14% dos municípios do Brasil. Outro ponto é a sociedade civil estar apta a produzir projetos para o bem dos idosos.
A professora da Fundação Dom Cabral destaca ainda que o etarismo é um problema mundial, sendo verificado em vários pontos do planeta. Ela afirma ainda que, no Brasil, é importante promover mecanismos que possam disseminar a pauta sobre longevidade. “Se partirmos de um processo de educação, acredito que teremos o primeiro ponto de partida para transformação”, conclui Michelle Queiroz.
Atualmente, o Brasil tem 36 milhões de pessoas com mais de 60 anos e, em 2050, o país será o sexto do mundo com mais idosos, segundo o IBGE. O envelhecimento, em comparação com outras Nações, tem sido muito rápido e é importante preparar a sociedade e as organizações para essa mudança no padrão geográfico.