A “pobreza menstrual” ainda é uma realidade de muitas mulheres
A “pobreza menstrual” ainda é uma realidade de muitas mulheres
A falta de acesso ao absorvente, saúde e saneamento, também traz consequências para economia e educação
O Dia Internacional da Dignidade Menstrual é celebrado em 28 de maio. A data não foi escolhida por acaso: o número 28 representa a quantidade média de dias de um ciclo menstrual, e o quinto mês do ano é referência à duração média do período de menstruação.
Ainda que a menstruação seja um fenômeno biológico natural, muitas mulheres no mundo enfrentam uma realidade conhecida como “pobreza menstrual”.
Em entrevista à Novabrasil, Flora Pimenta, diretora da ONG Absorvendo Amor, diz que “a pobreza menstrual é o termo usado para falar de toda e qualquer falta de acesso à itens de higiene menstrual. Isso não se limita apenas ao absorvente, envolve também educação, saúde, saneamento básico. É um problema transversal que impacta a vida das pessoas que menstruam”.
O governo federal lançou em 2023 um programa que garante absorvente higiênico para estudantes de baixa renda de escolas públicas e mulheres em situação de vulnerabilidade. Flora Pimenta diz que o programa é um ponta pé inicial para melhorar a situação dessas pessoas, mas ainda não é possível observar o impacto social da iniciativa. Lembrando que o governo de São Paulo já havia proposto, desde 2021, um programa de dignidade menstrual.
A ONG Absorvendo Amor trabalha também com outras organizações e o objetivo é educar as jovens sobre a menstruação e a educação sexual, além da distribuição de absorventes. Segundo Flora, a pobreza menstrual gera um índice de evasão escolar por parte das meninas em condições vulneráveis. “Isso posteriormente vai se agravando, combinado com a maternidade e o trabalho doméstico. O que a gente sabe é que a pobreza menstrual vai puxando as mulheres do ambiente econômico”, diz ela.
E, além da pobreza e falta de acesso aos ítens de higiene, há também o tabu de falar sobre o tema. Flora Pimenta diz que “existe um tabu gigantesco, não apenas sobre menstruação, mas também em relação à vida fértil e sexual. As meninas mais jovens ficam com vergonha de falar sobre o assunto”.
A ONG Absorvendo Amor trabalha com profissionais de saúde que ajudam na educação dessas meninas sobre o tema e tentam quebrar essa retração. Além disso, a organização, que funciona com doações e voluntários, divulga em seu perfil do Instagram diversos assuntos ligados à menstruação e educação.