30 anos do Plano Real: “É hora de construir o futuro do país”, diz economista
30 anos do Plano Real: “É hora de construir o futuro do país”, diz economista
Em entrevista à Novabrasil, o economista Roberto Troster destacou os pontos quer fizeram o plano dar certo e as expectativas para o Brasil do futuro
Há exatos 30 anos, em primeiro de julho de 1994, o real começava a circular no Brasil. A moeda consolidava o Plano Real, que trouxe várias outras medidas que debelaram a hiperinflação no país.
O plano foi elaborado no governo Itamar Franco, com a equipe econômica do Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. O documento foi elaborado pelos economistas Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pérsio Arida, André Lara Resende e Pedro Malan.
Vale ressaltar que, antes do Plano Real, vários outros planos foram lançados na tentativa de estabilizar a economia brasileira. Plano Cruzado, Bresser, Verão e Collor foram alguns que fracassaram na estabilização da economia do país.
Em entrevista à Novabrasil, o economista Roberto Luís Troster trouxe 4 pontos que ele considera fundamentais para o sucesso do Plano Real: “O primeiro foi a comunicação. A equipe explicou o funcionamento para o Congresso e para o Fernando Henrique Cardoso. O segundo foi a arquitetura do plano que foi muito bem feita e evitados os erros de planos anteriores. Terceiro, a equipe boa e que estava focada em fazer acontecer. E o quarto fator foi o apoio da população que acreditou na nova moeda”.
O professor de economia Hugo Garbe, da Universidade Mackenzie, em conversa com a Novabrasil, lembra que a inflação cresceu um pouco mais que o salário médio dos trabalhadores. “Mas, isso não significa que o Plano Real não foi bem sucedido. De forma geral, é uma inflação que dá pra se conviver. O trabalhador só ganhou com o Plano Real desde 1994”, conclui ele.
Nesses 30 anos, a inflação oficial do país acumulou alta de 708%. Isso quer dizer que 1 real de hoje valeria apenas 12 centavos em 1994. Mesmo assim, ao pensarmos em 1992, início do governo Itamar Franco, lembramos que a inflação era de 2.000% ao ano e as máquinas de remarcação trabalhavam a todo vapor. Logo, a consolidação do Plano Real livrou o país de um caminho que corroía o salário dos trabalhadores.
Para Troster, após 30 anos é possível afirmar que resolvemos a hiperinflação, mas isso, por si só, não basta. É importante ter mais crescimento, saúde e educação também. “Os economistas precisariam tentar construir um futuro, fazer uma força maior para isso. Mais do que déficit público ou externo, o que nos falta é déficit de ambição”, diz ele. Ou seja, é preciso ter vontade de fazer o país crescer, com melhorias na Reforma Tributária, na Previdenciária e no ambiente de negócios.