IA Generativa deve ser o maior desafio do TSE nas eleições
IA Generativa deve ser o maior desafio do TSE nas eleições
Núria Lopes explica o que é possível fazer com o recurso e afirma que, se bem utilizado, pode ser grande aliado
As regras definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o uso da inteligência artificial nas eleições municipais de 2024 começaram a valer com o início da campanha eleitoral, na semana passada. Talvez, o maior desafio da Corte está na identificação do uso desse recurso e em conseguir aplicar a lei contra o candidato que se aventurar. Embora a IA tenha infinitas aplicações positivas, o que mais aflige é a utilização dela para criar conteúdo difamatório ou fake news contra oponentes.
Com avanços a passos largos, atualmente é possível criar qualquer cenário imaginável e inimaginável com a chamada Inteligência Artificial Generativa. Preocupada com o assunto, a Novabrasil FM buscou ouvir a professora Núria Lopes, doutora em Teoria e Filosofia de Direito pela PUC-SP. Segundo a especialista, está cada vez mais difícil constatar se o conteúdo é verdadeiro ou não, “ainda mais com a IA Generativa, que trouxe ferramentas que se popularizaram e tornaram o processo muito barato, ou seja, nem será necessário usar muita verba do Fundo Eleitoral”, afirma.
A professora diz ainda que o eleitor pode ser facilmente enganado, tendo em vista que a verificação do conteúdo, para saber se é verdadeiro ou falso, “exige perícia, exige um trabalho técnico intenso”. Com isso, a dica de Núria é que as pessoas fiquem mais alerta, que “procurem sempre os canais oficiais, na imprensa, nos sites dos partidos dos candidatos, para que tenham informações confiáveis”, completa.
Na Coréia do Sul é diferente
Diante do avanço, pessoas com más intenções procuram obter vantagem pessoal com o uso da tecnologia, mas nem todo mundo pensa ou age igual. Núria Lopes conta que na Coréia do Sul a inteligência artificial tem sido usada contra a maré da fake news. Por lá, um candidato construiu um avatar de si próprio e conseguiu multiplicar a sua presença no país durante a campanha, garantindo maior proximidade com os eleitores.
“Mas, o que a gente tem visto em outros países, como na Argentina, nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil, é a difamação, a calúnia, deep fakes e outras artimanhas que colocam o oponente em situações complicadas na internet”, relata.