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Hospital das Clínicas deve treinar equipes para aumentar transplante de útero no Brasil

Decio Caramigo
13:40 22.10.2024
Jornalismo

Hospital das Clínicas deve treinar equipes para aumentar transplante de útero no Brasil

O primeiro caso bem sucedido aconteceu em São Paulo, a doadora é irmã da receptora e já havia dado à luz dois filhos

Decio Caramigo - 22.10.2024 - 13:40
Hospital das Clínicas deve treinar equipes para aumentar transplante de útero no Brasil
Foto: Divulgação.

São Paulo entrou para a história por ser o primeiro local da América latiba a fazer um transplante de útero bem sucedido entre pacientes vivas. O procedimento foi realizado pela equipe do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em parceria com uma equipe sueca da Universidade de Gotemburgo.

Sempre no lance, o jornalismo da Novabrasil buscou entender um pouco mais sobre a cirurgia e em que casos ela se aplica. Para isso, Heródoto Barbeiro e a equipe do Jornal Novabrasil convidou o diretor do Centro de Reprodução Humana do HC-USP, Dani Ezjenberg

O transplante foi realizado com sucesso, utilizando um útero de uma irmã da receptora, que havia doado o órgão após já ter dado à luz a dois filhos. “Precisa ter uma compatibilidade do tipo sanguíneo, a paciente doadora precisa estar em boas condições de saúde e, normalmente, utilizamos doadores com idade até 50 anos”, esclarece o Dr. Dani.

A idade não é um problema

Mas, o médico explica que o primeiro caso do mundo, realizado na Suécia, há dez anos, foi com uma doadora de 61 anos de idade, “então, não necessariamente a idade, ou a menopausa, vão impedir a doação do útero”, completa.

“As mulheres que precisam de um transplante de útero são aquelas que nasceram sem o órgão ou as que o perderam de forma inesperada, seja por um câncer, ou durante a gestação, ou durante uma cirurgia por problema benigno que acabou com alguma complicação e o útero precisou ser removido”, alerta o médico Dani Ezjenberg.

Motivos para realizar a cirurgia

Em São Paulo, a receptora do transplante, que sofre de uma condição conhecida como síndrome de Rokitansky, passou por uma avaliação pré-transplante rigorosa.

Essa síndrome se caracteriza pela ausência de útero e parte da vagina, mas a receptora possuía ovários normais. O processo realizado incluiu a coleta de óvulos, fertilização in vitro e o congelamento dos embriões para uso futuro após o transplante.

O desejo de ser mãe e a capacidade de gestar um filho são questões fundamentais para muitas mulheres, e esse transplante representa uma nova esperança para aquelas que enfrentam problemas de infertilidade relacionados à ausência de um útero.

Após uma cirurgia como essa, o especialista disse que o recomendado é aguardar cerca de seis meses para saber se haverá algum tipo de rejeição. Passados os seis meses, e com sucesso total, “você passa a colocar os embriões que foram congelados antes do transplante de útero, pois transplantamos o úteros, mas não as tubas. Então, a única forma dessas pacientes fertilizarem é in vitro“, destaca.

Multiplicando conhecimento

O impacto dessa inovação vai além da saúde física e atinge aspectos emocionais e psicológicos. “Embora seja uma tecnologia, relativamente, nova no Brasil, a gente acredita que o Hospital das Clínicas, como centro transportador e centro de ensino, pode disseminar esse conhecimento a outros centros transportadores do país”, enfatiza Dani Ezjenberg.

Mas, ele faz o alerta de que “é muito importante que o procedimento não seja feito sem um treinamento prévio”. Por ser uma cirurgia complexa, Ezjenberg ressalta que a equipe multidisciplinar envolve mais de 30 profissionais, entre especialistas em reprodução humana, transplantadores, enfermeiros, assistentes sociais, imunologia e patologia, entre outros.

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