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Saiba quem estará na FLIP 2024, a maior festa literária do mundo

Decio Caramigo
13:48 09.09.2024
Arte e cultura

Saiba quem estará na FLIP 2024, a maior festa literária do mundo

Evento acontece entre 9 e 13 de outubro, em Paraty e vai homenagear o escritor João do Rio

Decio Caramigo - 09.09.2024 - 13:48
Saiba quem estará na FLIP 2024, a maior festa literária do mundo
Foto: Divulgação.

A Festa Literária Internacional de Paraty – Flip celebra sua 22ª edição entre os dias 9 e 13 de outubro, em Paraty, trazendo para o centro de seus debates a pluralidade de visões e sensibilidades que estão em jogo na contemporaneidade.

Todo ano, um autor é homenageado e nesta edição o escolhido foi o escritor e jornalista João do Rio, pseudônimo mais famoso de Paulo Barreto (1881-1921), um dos nossos mais importantes autores do século XX.

Cronista prolífico, também foi crítico de arte, escreveu romances, ensaios, contos, peças de teatro, conferências sobre dança, moda, costumes e política. João do Rio trabalhou a vida toda em jornais e revistas. Pioneiro como repórter, criou um estilo de texto híbrido de literatura e reportagem, ficção e realidade. É considerado o pai da crônica moderna e mudou o modo de se fazer jornalismo. Aos 29 anos, João do Rio conquistou uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Vítima de um ataque cardíaco que o impediu de completar 40 anos, o homenageado da Flip 2024 deixou 25 livros e mais de 2.500 textos publicados em jornais e revistas.

“Eu fiquei muito feliz de poder homenagear o João do Rio porque ele faz essa ponte do que tentamos comunicar aqui, dessa relação do território com a literatura. O João do Rio foi um etnógrafo contemporâneo e de maneira muito “avant-garde” porque em suas crônicas, ele estabeleceu essa representação literária da realidade do Rio de Janeiro que se transformava no começo do século XX”, explica Mauro Munhoz, diretor artístico da FLIP.

Já Ana Lima Cecilio, curadora da edição deste ano, comenta que João do Rio foi “um cara que soube olhar a cidade com curiosidade e empatia para a cultura brasileira, para as pessoas, para como era feita aquela cidade”. E complementa: “acho que esse olhar é uma coisa que nos falta no jornalismo e no jeito que a gente tem olhado o Brasil. Então, resgatá-lo foi sensacional”.

A programação completa com as mesas da FLIP voltadas para repercutir a obra de João do Rio pode ser vista aqui.

Onde é a FLIP?

Paraty é uma cidade localizada no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, na região chamada Costa Verde. É a última cidade antes da divisa com o estado de São Paulo.

Entre seus atrativos estão o Centro Histórico com suas ruas de paralelepípedos, praias e uma grande variedade de eventos.

Mauro Munhoz explica que a FLIP “não acontece num equipamento fechado e durante cinco dias, a ideia é trazer a experiência para moradores e visitantes de que morar numa cidade aberta é mais interessante do que morar numa cidade fechada”, finaliza.

Durante a Flip, a cidade respira literatura. São montadas tendas e outros espaços para a realização de mesas, lançamentos de livros, estantes de vendas, área infantil, bancas de artesanato e apresentações culturais. Algumas construções se transformam em “casas de editoras”, onde quase todas as grandes editoras nacionais montam sua própria programação. Basicamente tudo se concentra na região central da cidade, por isso é bom escolher uma hospedagem próxima para facilitar o deslocamento.

Como participar?

A FLIP tem crescido a cada edição, mas mantém o propósito de ser uma feira literária em espaço aberto, com várias atividades gratuitas que ocupam locais distintos da cidade e, de certa forma, mostra a cara do momento presente do Brasil. Sem dúvidas, a brasilidade é seu principal atrativo. São cinco dias que tornam Paraty um laboratório a céu aberto, que promove encontros entre pessoas com o mesmo objetivo: a busca por conhecimento, pelo novo e pelo clássico.

A maioria dos ingressos para participar da FLIP tem preços populares. Muitas atrações são gratuitas, mas é preciso retirar senhas com antecedência – é o caso das “Casas de Editoras”.

Já as mesas do Programa Principal da Flip ocorrem no Auditório da Matriz com 30% dos ingressos de cada mesa vendidos com desconto, sendo 10% gratuitos e 20% a preços populares, estes disponibilizados antecipadamente para os cidadãos paratienses. Além disso, no Auditório da Praça todas as mesas são transmitidas ao vivo gratuitamente com conforto e acessibilidade.

Serviço Vendas Lote 1

R$ 39 (inteira) // R$ 19,50 (meia)

Vendas Lote 2

R$ 130 (inteira) // R$ 65 (meia) Ingressos disponíveis no site: https://flip.fcticket.com.br

Programação Principal – FLIP 2024

Dia: 09/10 (quarta)

Horário: 19h30

Mesa 1: As ruas têm alma: João do Rio, o convidado do sereno

Luiz Antonio Simas: uma breve aula sobre João do Rio, a novidade da crônica, o fascínio com a cidade que ia se modernizando e também a atenção com a tradição que a construiu. Atualização do legado de João do Rio como chave para entender a contradição em que somos fundados.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 10h

Mesa 2: A cidade contra nós

Com Bruna Mitrano + José Falero

Ø mediação: Stephanie Borges

Dois nomes fundamentais na literatura brasileira contemporânea que fazem, cada um a seu modo, formas de crônicas modernas. Observação da cidade e de seus muros, com a lupa e a sensibilidade para aqueles que estão longe dos grandes centros.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 12h

Mesa 3: Da poeira que viemos

Com Léonora Miano + Eliana Alves Cruz

Ø mediação: Adriana Ferreira Silva

Duas brilhantes romancistas que, a partir da criação literária, discutem com coragem as questões mais difíceis da vida na diáspora: o racismo, a posição da mulher, o embranquecimento e a dor fundadora das mulheres que se movimentam entre essa violência, mas aprendem e ensinam a resistência, a luta e a alegria.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 15h

Mesa 4: A vida secreta das emoções

Com Ilaria Gaspari + Marcela Dantés

Ø mediação: Natalia Timerman

Ilaria Gaspari é uma filósofa que olha para a história da filosofia antiga para entender o mundo e quem somos nos dias de hoje. Marcela Dantés é uma escritora que espia a psicanálise moderna para contar histórias que poderiam estar em qualquer tempo. Tudo o que vai por dentro para construir narrativas impressionantes.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 17h

Mesa 5: Inventar na América Latina

Com Joca Reiners Terron + Juan Cárdenas

Ø mediação: Noemi Jaffe

Dois dos maiores nomes da literatura latino-americana conversam sobre literatura e seus romances mais recentes, que refletem sobre como a emergência climática alcança cada canto do mundo, mesmo as pequenas cidades. Certa herança do realismo mágico, imaginação febril e absoluta destreza literária guiam suas reflexões fundamentais sobre o mundo de hoje.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 19h

Mesa 6: Dormindo com o inimigo

Mark Coeckelbergh + Danny Caine

Ø mediação: Fabiana Moraes

Inteligência artificial, política de uso de dados, escolhas de consumo: as big techs estão em toda parte e comandam o mundo com sua rede silenciosa. Uma mesa para refletir sobre como elas influenciam nosso modo de consumir, trabalhar, criar e viver.

Dia: 10/10 (quinta)

Horário: 21h

Mesa 7: Profecias do passado

Com Robert Jones Jr. + Evandro Cruz e Silva

Ø mediação: Juliana Borges

No centenário de James Baldwin, dois autores trazem realidades tão diferentes que conversam sobre a herança de um passado de violência. Nos EUA, a construção de uma identidade nacional à parte, como resistência das memórias coletivas de um povo desterrado. No Brasil, a compreensão de que ainda temos muito que lidar com nossa aparente cordialidade.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 10h

Mesa 8: A paz e o gesto

Com Lisa Ginzburg + Ana Margarida de Carvalho

Ø mediação: Adriana Ferreira Silva

A vida da mulher contada por ela mesma, sem armadilhas que a levem a discutir, mais uma vez, a maternidade ou as relações amorosas. Mulheres como criadoras de uma autonomia única e viva, mas, principalmente, de uma literatura universal.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 12h

Mesa 9: Como enfrentar o ódio

Com Patrícia Campos Mello + Felipe Neto

Ø mediação: Fabiana Moraes

Entender o mecanismo do ódio nas redes sociais e na sociedade é o ponto central da discussão política: como as redes sociais são usadas na construção da polarização e como estamos, no Brasil e no mundo, reféns de um sistema que se alimenta desse sentimento.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 15h

Mesa 10: Saber o passado, mirar o futuro

Com Raoni + Txai Suruí

Ø mediação: Guilherme Freitas

Uma homenagem à mais importante liderança indígena do país, que há décadas está na vanguarda da divulgação do pensamento dos povos originários. Lado a lado com ele, Txai Suruí, jovem liderança que está pronta para levar à frente o legado.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 17h

Mesa 11: Descobrimento ao contrário

Com Micheliny Verunschk + Odorico Leal

Ø mediação: Rita Palmeira

Duas construções literárias impressionantes remontam às origens do Brasil para, ao retomar o colonialismo e a violência contra os povos indígenas, refletir sobre a formação do país que somos hoje, usando a literatura como uma forma de história, talvez a mais apta a compreender um país repleto de contradições.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 19h

Mesa 12: Não existe mais lá

Com Atef Abu Saif + Julia Dantas

Ø mediação: Bianca Tavolari

Atef Abu Saif estava em Gaza quando começaram os bombardeios e viu a cidade em que viviam tantos amigos ser totalmente destruída e essas pessoas queridas serem mortas. Julia Dantas viu sua casa e seu bairro serem invadidos pelas águas na enchente de Porto Alegre, na primeira tragédia climática observada ao vivo por todo Brasil. O encontro entre dois diários escritos em realidades tão diferentes e brutais traz experiências de observação do fim da cidade por ações humanas.

Dia: 11/10 (sexta)

Horário: 21h

Mesa 13: Zé Kleber: Rádio Novelo Apresenta Ao Vivo

Apresentação: Branca Vianna

Reportagens: Flora Thomson-DeVeaux + Vitor Hugo Brandalise + Évelin Argenta + Natália Silva + Paula Scarpin

Música original: Stela Nesrine

O Rádio Novelo Apresenta se inspirou em João do Rio para criar um programa inédito com histórias de todo tipo sobre as ruas: histórias escondidas nas sarjetas, debaixo das pedras de Paraty e por trás das placas. Tem um crime do qual Paulo Barreto poderia ser acusado de apologia, assim como a saga de um anti-herói das ruas de todo o mundo (que talvez nem devesse estar nas ruas).

Dia: 12/10 (sábado)

Horário: 10h

Mesa 14: O amor político

Com Brigitte Vasallo + Geni Nuñez

Ø mediação: Nanni Rios

Questionar os relacionamentos monogâmicos como a base de toda sociedade é o que une essas duas pensadoras, ainda que partam de experiências tão diferentes. O encontro entre a ancestralidade dos povos originários e o futuro que miramos por relações mais saudáveis.

Dia: 12/10 (sábado)

Horário: 12h

Mesa 15: A eterna guerra dos sexos

Com Jazmina Barrera + Ligia Gonçalves Diniz

Ø mediação: Branca Vianna

Encontro de duas ensaístas que mergulham na história da literatura para reconstruir velhos lugares comuns sobre os papéis dos homens e das mulheres. Reinventar nosso modo de entender o mundo a partir do gênero, aprendendo a ser generosos na troca do olhar.

Dia: 12/10 (sábado)

Horário: 15h

Mesa 16: Sagradas e profanas

Com Gabriela Cabezón Cámara + Arelis Uribe

Ø Mediação: Stephanie Borges

Vidas comuns transformadas em épicos incríveis pela escrita de duas autoras de gerações diferentes, mas que renovam com audácia, pitadas de humor e muita engenhosidade a literatura latino-americana – sobretudo a escrita por mulheres.

Dia: 12/10 (sábado)

Horário: 17h

Mesa 17: A memória dos homens

Com Mohamed Mbougar Sarr + Jeferson Tenório

Ø mediação: Rita Palmeira

Um resgata a ancestralidade pela riqueza do legado. O outro faz uma espécie de acerto de contas. Em ambos os autores, a masculinidade, a injustiça e a eterna tentativa de contar a história pela invenção de uma memória que faça jus à história que queremos. Um elogio ao poder da palavra, à criação e à literatura. Sábado,

Dia: 12/10 (sábado)

Horário: 19h

Mesa 18: Anatomia do futuro

Com Édouard Louis

Ø mediação: Paulo Roberto Pires

Criado num mundo de desigualdade, preconceito e conformismo, o autor francês reinventou sua vida com a literatura. Louis escreve sobre si para falar de todos nós, na convicção de que o desejo de mudança é o primeiro passo de uma vida mais justa.

Dia: 13/10 (domingo)

Horário: 10h

Mesa 19: Invenção e linguagem: o romance segue

Com Carla Madeira + Silvana Tavano + Mariana Salomão Carrara

Ø mediação: Adriana Couto

Quando tudo parece conspirar para que a literatura seja posta de lado, surgem livros que renovam a vocação e o talento para contar histórias arrebatadoras, que relembram que personagens e enredos nos moldam e ajudam a viver.

Flipinha e Flipzona

Como nos últimos anos, as editoras e autores foram convidados a enviar sugestões de obras que dialogassem com o tema definido pelo Educativo Flip para esta edição. Ao todo, foram enviados 810 títulos, cerca de 2.430 exemplares – o maior número desde o início desta iniciativa em 2022, quando foram recebidos 450 títulos.

Como parte importante da programação da FLIP, além de palestras, também são realizadas discussões, oficinas literárias e eventos paralelos voltados para as crianças e adolescentes, como a Flipinha e a Flipzona. Berlina Cermelli, diretora do programa educativo, comenta que “a Flipinha surgiu após Ana Maria Machado, convidada do programa principal na primeira edição da FLIP, receber um grupo de alunos que queria conversar com ela, isso foi ganhando força e enraizou, pouco a pouco.”

Na Central Flipinha, montada na tenda da Praça da Matriz, as mesas literárias começam na quinta-feira, dia 10 de outubro, e acontecem em quatro horários – com

exceção da quinta-feira, com o cortejo de abertura e três mesas, e no domingo, com uma sessão de filmes da FlipZona.

Já a Flipzona surgiu da necessidade de tornar o evento mais atrativo para os adolescentes, que precisavam de um incentivo para canalizar seu vigor, pois “eles se sentiam sem lugar no evento”. Desde 2009, a Flipzona promove debates de assuntos que orbitam a vida dos jovens contemporâneos como redes e mídias digitais, audiovisual e produção cultural, tudo com o objetivo de atrai-los para o mundo da literatura.

Diante dessa pluralidade, com o público formado por moradores de Paraty, turistas de todos os cantos do Brasil e pessoas que vêm de outros países, a curadoria precisa ser minuciaosa e colaborativa, com o auxílio de 18 editoras, explica Luis Felipe Porto, coordenador do programa educativo da FLIP. “Acho que esse processo de curadoria participativa para a gente é muito importante, então essas obras foram desenhadas, foram para a escola, voltaram para a gente”, conta. Porto completa que um agradecimento especial aos autores que, “muito generosamente passam para o público seus reflitos imaginativos. Isso é o centro de tudo o que a gente está fazendo aqui”, aponta.

Entre os autores confirmados, temos: Alexandre Rampazo, Ana Fátima, Bianca Santana, Caroline Carvalho, Clara Alves, Clara Gavilan, Claudio Fragata, Eliana Alves Cruz, Everson Bertucci, Flávia Martins de Carvalho, Geni Núñez, Gustavo Cerqueira, Jeferson Tenório, Kal Ribeiro, Kiusam de Oliveira, Luana Vignon, Luiz Antonio Simas, Manuela Navas, Otávio Júnior, Pamela Vaz, Paula Schiavon, Sofia Mariutti, Socorro Acioli, Stênio Gardel e Tino Freitas.

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