Eleições 2024: Boulos é o primeiro entrevistado da Novabrasil e do SBT News
Eleições 2024: Boulos é o primeiro entrevistado da Novabrasil e do SBT News
Pré-candidato do PSOL à prefeitura de SP disse que vai fazer pente fino nos contratos de ônibus, fortalecer Mais Médicos na cidade e dobrar efetivo da GCM
A Novabrasil, em parceria com o SBT News, deu início nesta terça-feira, (2) a uma série de entrevistas com os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo. Por sorteio, o primeiro a ser sabatinado foi o deputado federal e pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos.
Durante uma hora, ele respondeu às perguntas do mediador Heródoto Barbeiro e também dos jornalistas Michelle Trombelli e Roberto Nonato, da Novabrasil, e do Marcelo Casagrande, do SBT News. Boulos negou ser um candidato “refém” do presidente Lula e disse que se orgulha do apoio dele.
O pré-candidato também atribuiu a um amadurecimento político o tom mais moderado. “Com os anos, eu percebi a necessidade de dialogar mesmo com quem eu não concordo, mas ainda tenho as mesmas convicções e valores de quando comecei a militar há mais de 20 anos lutando por mais moradia a quem necessita”, destacou.
Confira alguns dos principais pontos abordados por Guilherme Boulos na entrevista:
GCM e Segurança Pública
Quando questionado sobre o poder dado à Guarda Civil Metropolitana, Boulos afirma que o problema da GCM, atualmente, é a falta de efetivo. Em comparação, o pré-candidato alertou para o fato da maior cidade da América Latina ter um efetivo que gira em torno de 7.060 agentes, enquanto que a do Rio de Janeiro, cidade com metade da população paulista, possui 7.700. “Então, a nossa meta em programa de governo é ousada, é dobrar o efetivo da Guarda de São Paulo, com a finalidade de fazer o policiamento de proximidade, que é o papel constitucional da Guarda. Um policiamento comunitário, preventivo.”
Guilherme Boulos também aproveitou a oportunidade para esclarecer que não pretende retirar da GCM o poder de polícia. A respeito da PEC da Polícia Municipal, que tramita no Congresso Nacional, Boulos diz que a proposta “não muda, em relação à Guarda de São Paulo, o poder e a atribuição que ela tem. Ela passa a se chamar Polícia Municipal e também dá aos guardas os benefícios, do ponto de vista previdenciário ou de outras ordens, que as forças de segurança policial possuem, e por isso terá o meu apoio”, completa.
O pré-candidato falou um pouco sobre um dos tópicos de seu plano de governo e que trará para a capital paulista uma iniciativa do Piauí, que diminuiu drasticamente o número de roubos de celulares. Segundo Boulos, será “uma ação conjunta entre prefeitura, Polícia Federal, Receita Federal, Polícia Civil, Ministério Público, enfim… vamos fiscalizar as lojas que estão vendendo celular roubado”, explica. A ideia do projeto é brecar o mercado de venda, “se o ladrão não tem para quem vender, você estagna o número de roubos”, finaliza Boulos.
Moradia
No tema ‘falta de moradias’, o deputado apontou que São Paulo precisa de mais “humanidade e cuidado por parte da prefeitura”, ao citar as 53 mil pessoas em situação de rua na capital com base no CADÚnico. O pré-candidato afirmou que os abrigos da capital estão lotados e não estão adequados às condições básicas.
“Às vezes, o único companheiro de uma pessoa que está na rua é o cachorro. E nos abrigos, a maioria não tem um canil, embora tenha uma lei municipal que determine”. E isso se estende às carroças, que muitas vezes são a “única forma para se arrecadar renda, mas no abrigo, não tem espaço para deixar carroça”.
“Se a gente tratar as pessoas como gente, elas vão se comportar assim. Se você tratar as pessoas como se não fossem nada, você terá uma piora nas condições, inclusive de segurança na nossa cidade, como já tem acontecido”, apontou.
Guilherme Boulos afirmou que, caso eleito, vai garantir abrigo “humanizado, com profissionais de saúde mental, assistência social”, e que seja uma porta de saída para essas pessoas. O pré-candidato propôs expandir o projeto do Sindicato da Construção Civil.
O modelo cria uma escola para formar as pessoas acolhidas, e que quiserem, em pedreiros, carpinteiros e encanadores, profissões em falta no mercado. E destinar vagas em editais públicos para pessoas formadas nas escolas para população de rua.
Sistema Único de Saúde
A saúde é um dos principais desafios de quem deseja comandar o executivo municipal de São Paulo. As queixas da população a respeito do tema aumentam a cada dia e uma solução efetiva para as demandas da cidade demora a chegar. Guilherme Boulos entende a prioridade, e afirmou ter reunido especialistas com a finalidade de construir um planejamento que vise sanar os problemas.
“Primeiro, nós temos um problema enorme na fila de exames, que aumentou 52% na atual gestão, sobretudo os de oncologia, cardiologia, ortopedia e saúde da mulher”, afirma. O pré-candidato argumenta que essas áreas, além dos exames, também têm déficit de médicos especialistas e que a prefeitura não tem feito o uso adequado do Programa Mais Médicos do Governo Federal. Diante disso, Boulos quer implementar o Mais Médicos Especialidades. “Ou seja, é realizado um mapeamento de quais especialistas estão faltando, assim é possível abrir editais em caráter de urgência para cobrir esses especialistas”.
Questionado sobre o papel das Organizações Sociais da Saúde, que gerenciam algumas unidades do Sistema Único de Saúde, Boulos destaca que, como acontece em diferentes setores do mercado, existem OSS que prestam um bom serviço e existem as OSS que não prestam um serviço tão bom. “Como você cobra o cumprimento do contrato? Com fiscalização. É preciso criar mecanismos de fiscalização, pois é isso que vai garantir se o serviço prestado ao paulistano será bom ou não”, enfatiza.
Transporte
Recentemente, uma operação do Ministério Público de São Paulo mirou em duas empresas de ônibus que atuam na capital, a Transwolff e a UPBUs. Ambas suspeitas de ligação com o PCC. Diante disso, Guilherme Boulos afirma que em seu plano de governo, que será lançado no fim deste mês, na convenção partidária, existe uma previsão para combater o crime organizado, que tem se apossado dos transportes em São Paulo.
Boulos lembrou aos ouvintes que, antigamente, as empresas ganhavam o subsídio do governo de acordo com a quantidade de pessoas transportadas, mas que Haddad propôs que o repasse fosse de acordo com viagens realizadas. Ao mudar a gestão, de Haddad para Dória, e posteriormente para Covas/Nunes, as empresas alegam necessitar de um tempo para que possam se adequar às novas regras, “e criaram uma fase de transição, que já dura seis anos”, enfatiza.