Homem planta mais de 40 mil árvores e muda o cenário de um bairro inteiro

Na zona leste de São Paulo, um senhor de 74 anos decidiu transformar indignação em atitude. Morador da Penha há mais de seis décadas, Hélio Silva viu um terreno se degradar até virar minicracolândia, depósito de entulho e estacionamento improvisado.

Em vez de reclamar, resolveu agir. Começou sozinho, com a ideia de “repatriar” a Mata Atlântica ao espaço onde ela já existiu um dia. Hoje, 22 anos depois, o que antes era abandono virou um parque arborizado e frequentado por moradores de todas as idades.

Atitude que inspira

Com espírito de cidadania, Hélio enfrentou resistência de comerciantes e descrença de vizinhos, mas não parou. Segundo ele, a transformação ambiental trouxe outro tipo de cura: “Essas áreas verdes hoje curam a doença mais perniciosa da humanidade, que é a depressão”, afirmou. Gente que antes vivia trancada em casa, com medo, hoje caminha pelas trilhas que ele ajudou a construir. E, mesmo sem buscar reconhecimento, sabe que seu exemplo floresceu.

Novos sonhos no horizonte

Para Hélio, o poder público começa com cada cidadão. Por isso, ainda que hoje o parque tenha sido abraçado pelas autoridades, ele acredita que ainda há o que melhorar — como incluir a educação ambiental no currículo escolar e aproximar crianças dos parques. Seu novo projeto? Instalar bibliotecas em contêineres espalhados por áreas verdes. E segue com planos: “Tenho três filhos, quatro netos e 41.750 filhos ecológicos”, brinca, referindo-se às árvores que já plantou.

Um maluco necessário

O espaço que começou com uma pá e algumas mudas hoje é reconhecido como o primeiro parque linear da cidade e, segundo ele, o quarto maior do mundo. Enquanto outros foram criados por grandes empresas, esse nasceu da teimosia de um cidadão comum. “Foi construído por um louco, um maluco, um cara que pensou fora da caixa”, define Hélio. Louco ou não, São Paulo ganhou uma floresta — e a prova de que transformar a cidade depende também de quem caminha por ela.