Por que o café está cada vez mais caro?
Por que o café está cada vez mais caro?
Preço do café sobe devido a desafios climáticos e logísticos; diretor da ABIC fala sobre o impacto da escassez de produção e a necessidade de consumo consciente.
Em entrevista à Novabrasil, Celírio Inácio, diretor executivo da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), alertou sobre o impacto do aumento no preço do café para os consumidores. Segundo Inácio, o café já está mais caro e, devido a fatores climáticos como estiagens prolongadas e a alta demanda global, os preços devem continuar subindo.
O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrenta dificuldades com safras menores devido a secas e geadas, o que se reflete na redução da produção e aumento no preço do café cru. “Em janeiro de 2024, o café cru estava sendo negociado a cerca de R$ 800, enquanto hoje ultrapassa R$ 2.100”, explicou Inácio, destacando o efeito dessa alta no custo final do produto.
Além das condições climáticas, fatores como a escassez de oferta global e problemas logísticos, exacerbados pelas tensões geopolíticas e pela desvalorização do dólar, têm contribuído para a alta. As indústrias de café, que dependem das cotações internacionais, também enfrentam dificuldades para absorver o aumento dos custos, resultando em reajustes nas prateleiras dos supermercados. Já em janeiro, novos aumentos de 15% a 20% são esperados para os consumidores.
Inácio também enfatizou a necessidade de as indústrias se prepararem para as mudanças climáticas, adaptando-se às variações na produção. Ele citou o uso de tecnologias para reduzir custos internos, mas afirmou que o mercado de café, sendo uma commodity negociada em dólar, limita as ações da indústria para controlar os preços.
Apesar do cenário desafiador, o Brasil segue sendo um dos maiores produtores de café, com Minas Gerais liderando a produção de café arábica e o Espírito Santo destacando-se na produção do café conilon. Para Inácio, a flexibilidade na mistura das variedades de café também ajuda a mitigar os impactos das variações de produção e preço.
Em uma reflexão final, o diretor da ABIC alertou sobre a conscientização no consumo de café, sugerindo que os brasileiros adotem práticas mais sustentáveis para evitar o desperdício. “Café é feito com água, e 1kg de café é capaz de produzir até 14 litros de café. Devemos consumir com mais consciência”, afirmou.
Com a popularidade do café ainda crescente, sendo a segunda bebida mais consumida do mundo, Inácio destacou que, além de ser um prazer cotidiano, o café também traz benefícios à saúde, como aumento da energia e bem-estar.