
“Existe certo conflito, mas Igreja não se deixa influenciar”, diz padre Roger Luís
“Existe certo conflito, mas Igreja não se deixa influenciar”, diz padre Roger Luís
Antes de embarcar para o Vaticano, o enviado especial da Novabrasil, Diego Amorim, conversou com Roger Luís, da comunidade Canção Nova


Em entrevista ao jornalismo da Novabrasil que foi ao ar na segunda-feira (5), o padre Roger Luís, da comunidade católica Canção Nova, argumentou que a realidade do conclave é “bem diferente” da de eleições convencionais mundo afora.
A eleição para a escolha do sucessor do papa Francisco começará na quarta-feira (7), quando os cardeais ‘se trancarão’ no Vaticano até a fumaça branca anunciar o início de um novo pontificado na Igreja Católica.
O sacerdote admitiu existir o que chamou de “certo conflito” ideológico entre os cardeais, mas acrescentou que a Igreja “não se deixa influenciar” pelas polarizações.
“Existem pensamentos diversos. E a gente também precisa reconhecer que existe um certo conflito. Não vou falar que existe uma divisão, porque é muito forte, mas existe aquela realidade ‘conservadores x progressistas'”, disse.
Para Roger Luís, a decisão de um novo papa, a despeito de ser encarada por parte dos fiéis como uma ação puramente sobrenatural, esbarra na “humanidade” dos religiosos envolvidos. “Essa é a beleza da Igreja. Existe, sim, a humanidade, o homem é um ser político. Existem, sim, interesses de alguns grupos, isso faz parte”, comentou o padre, para quem o filme Conclave é “bastante hollywoodiano” e retrata um “jogo político pesado” ficcional.
O perfil do novo papa
Padre Roger Luís avalia que, ao definir o sucessor de Francisco, os cardeais votantes — são 133 — levarão em conta o conceito de “Igreja em saída”, tão propagado ao longo dos 12 anos de papado do argentino Jorge Mario Bergoglio.
“Não temos como recuar, precisamos chegar nas pessoas. A Igreja vai olhar para essa realidade”, comentou.
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O sacerdote afirmou, ainda, acreditar que os ‘príncipes da Igreja’ escolherão “alguém moderado, para ser um moderador de conflitos e gerar a comunhão e a unidade que a Igreja precisa ter”.
A importância do ‘pré-conclave’
Na entrevista à Novabrasil, Roger Luís chamou a atenção para a importância das reuniões que antecedem o conclave, chamadas de congregações gerais.
“O conclave acontece nas reuniões preparatórias. Ali os cardeais tratam de geopolítica, trazem informações sobre as necessidades e os problemas da Igreja. A Cúria Romana também compartilha informações. A partir daí, tecem o perfil do papa”, explicou.
No entendimento de Roger Luís, reformas administrativas como a da Cúria Romana, que é o governo da Igreja Católica, e do Banco Vaticano serão, mais uma vez, temas de pano de fundo do conclave.