
Brasil lidera avanços e desafios na luta pelos direitos trans
Brasil lidera avanços e desafios na luta pelos direitos trans
Neon Cunha, ativista, destacou conquistas históricas e expôs obstáculos durante entrevista para Heródoto Barbeiro


A luta por direitos e reconhecimento da população trans no Brasil tem avançado em alguns aspectos, mas desafios importantes persistem.
Durante entrevista ao Jornal Novabrasil, Neon Cunha, ativista e fundadora da Casa Neon Cunha, abordou essas questões.
Entre os avanços, citou a possibilidade de retificação de nome e gênero diretamente nos cartórios, sem necessidade de procedimentos médicos ou jurídicos.
“Isso é um marco histórico não só para o Brasil, mas para o mundo. Hoje temos mais autonomia para garantir nossa dignidade”, destacou.
Apesar disso, o Brasil segue liderando no triste ranking mundial de assassinatos de pessoas trans pelo 14º ano consecutivo, de acordo com a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
Para Neon, o aumento de projetos de lei que atacam os direitos dessa população é alarmante.
Moralidade religiosa afeta direitos e perpetua preconceitos
Outro ponto levantado pela ativista foi o impacto da moralidade religiosa na política.
“É uma ideia de controle social que usa valores religiosos para justificar decisões políticas”, afirmou.
Segundo Neon, essa combinação dificulta o avanço dos direitos e perpetua o preconceito.
A legislação brasileira avançou ao equiparar crimes de ódio contra pessoas trans ao racismo, mas a falta de estrutura compromete a eficácia dessa medida.
Veja também:
“Ainda há uma grande dificuldade para registrar boletins de ocorrência específicos. Faltam delegacias capacitadas e braços suficientes para atender a demanda”, explicou Neon.
Educação igualitária é fundamental para mudança
A ativista também ressaltou a importância da educação igualitária e do acesso à informação para mudar o cenário.
Para ela, o superficialismo das redes sociais dificulta o entendimento profundo sobre os direitos das pessoas trans.
“É difícil convencer a população a ser agente de transformação quando a profundidade dos temas é ignorada”, pontuou.
Perspectivas políticas para um futuro inclusivo
Por fim, Neon falou sobre as perspectivas políticas para 2025, destacando o papel de representantes como Érica Malunguinho, Duda Salabert e Dani Balbi.
“O grande desafio será conquistar força nas câmaras municipais para enfrentar pautas que atacam diretamente os direitos da população trans”, afirmou.
A mensagem final da ativista foi clara: os avanços conquistados até agora precisam ser defendidos e ampliados. A luta por um Brasil mais inclusivo continua.