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Água da baía de Santos está contaminada por cocaína, diz estudo

Ana Luiza Bessa
12:09 30.04.2024
Jornalismo

Água da baía de Santos está contaminada por cocaína, diz estudo

A substância também foi encontrada em animais da região como mexilhões, mariscos e peixes

Ana Luiza Bessa - 30.04.2024 - 12:09
Água da baía de Santos está contaminada por cocaína, diz estudo
Foto: Reprodução Flickr / Baía de Santos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Santa Cecília (Unisanta) descobriu algo surpreende: além dos poluentes mais conhecidos, a baía de Santos, localizada no litoral de São Paulo, também está contamina por cocaína.  

Em entrevista ao “Jornal Novabrasil”, Camilo Dias Seabra, professor da Unifesp, conta que os estudos começaram com a desconfiança da presença de remédios na água em função do esgoto não tratado: “Ao iniciarmos as pesquisas com remédios nos deparamos com a presença de cocaína na água e uma concentração alta, parecida com a da cafeína”.

A substância não está só na água, ela também foi encontrada em animais marinhos, como mexilhões, mariscos e peixes: “O dado mais interessante é que a partir da ocorrência durante todo o ano, o próximo passo foi verificar se essa droga estava nos animais e eles tinham acumulado a droga no seu organismo. Pudemos detectar inclusive uma concentração maior do que havia na agua, a gente chama isso de bioacumulação”, conta Camilo Sebrae. “Essa descoberta é surpreendente”, avaliou.

EFEITO DA COCAÍNA NOS ANIMAIS

O estudo identificou graves efeitos toxicológicos em alguns animais, o que levou pesquisadores a considerarem o poluente um contaminante emergente preocupante.

O especialista explica que a cocaína encontrada na baía impacta principalmente o sistema reprodutivo desses animais: “Começamos a investigar os efeitos e percebemos que eles têm a diminuição da reprodução. Ela acaba desregulando hormônios importantes que fazem com que as fêmeas não consigam amadurecer os seus óvulos, por exemplo. Isso tem gerado efeitos de médio a longo prazo. A gente não vê mortalidade de peixes ou mariscos, mas podemos esperar um risco”.

COCAÍNA MAIS PRESENTE NO CARNAVAL

Outro fato curioso apontado no estudo é que apesar da água ser contaminada durante o ano todo pela cocaína, a época de carnaval foi a que teve maior expressividade nas coletas da substância: “As concentrações são maiores no carnaval do que o resto do ano, o que já era esperado. Entretanto, o que nos chama a atenção é que a concentração de cocaína é mais alta do que o seu metabolito, aquilo que sai na urina dos usuários. Aqui na baía encontramos a cocaína pura”, conta Camilo Seabre.

DE ONDE VEM A COCAÍNA?

Na avaliação do especialista, ao que tudo indica, a droga foi perdida na água: “É difícil afirmar, pois quando a gente encontra a cocaína no mar não tem com determinar a fonte. Mas uma coisa é certa, é uma droga que está sendo perdida em tubulações de esgoto ou em atividades de transportes. É uma droga cara que está presente em altas concentrações na agua, então grande chance de ser uma perda na região”. Outra suposição é de que a droga seja perdida durante o preparo do crack, pois há cerca de 40% de cocaína na sua composição.

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