Discos Antológicos: Doces Bárbaros
Discos Antológicos: Doces Bárbaros
Em 2022, há 46 anos, quatro potências da nossa música popular brasileira – Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso – juntavam-se para lançar um disco duplo, histórico, considerado uma obra prima da MPB e um dos 100 maiores discos da música popular brasileira, em lista desenvolvida pela Revista Rolling Stone Brasil, em … Continued
Em 2022, há 46 anos, quatro potências da nossa música popular brasileira – Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso – juntavam-se para lançar um disco duplo, histórico, considerado uma obra prima da MPB e um dos 100 maiores discos da música popular brasileira, em lista desenvolvida pela Revista Rolling Stone Brasil, em 2007: Doces Bárbaros.
Doces Bárbaros: A comemoração de 10 anos de carreira de Bethânia, Gal, Gil e Caetano
A ideia da união do quarteto e do nome do grupo foi de Maria Bethânia, para comemorarem os dez anos de sucesso de suas carreiras individuais e toda a contribuição estética, poética e comportamental que já traziam para a música brasileira naquela época.
Os baianos Caetano, Gil, Gal e Bethânia começaram juntos e cresceram juntos na música e continuaram grandes parceiros, mesmo depois de cada um seguir a sua carreira individualmente.
O disco foi gravado ao vivo, em uma das apresentações do grupo, que saiu em turnê pelo Brasil, a partir do finalzinho do mês de junho de 1976.
Quinze das dezoito canções do álbum eram inéditas
Quinze das dezoito canções do álbum eram inéditas até então e foram compostas especialmente para a turnê.
Lançado no auge da ditadura militar no Brasil e poucos anos depois de Gil e Caetano terem voltado do exílio na Europa, as canções do disco Doces Bárbaros trazem essa atmosfera de protesto, somada à característica união da mistura dos ritmos tradicionais brasileiros com experimentalismos modernos trazidos da música internacional como o rock’n roll e o jazz, que acompanhava os baianos desde a fundação do Tropicalismo.
A maioria das canções são composições de Gil ou Caetano, como a super tropicalista canção que apresenta a banda, Os Mais Doces Bárbaros, de Caetano – que abre e fecha o disco – e a envolvente canção de amor Esotérico, de Gil, interpretada magistralmente em dueto por Gal e Bethânia.
A maioria das canções são composições de Gil ou Caetano
Também são de Caetano as canções:
- Gênesis;
- Peixe;
- A sofisticada Eu Te Amo;
- E a poderosa e sempre atual Um Índio.
Também são de Gil:
- A doce e bela O Seu Amor – uma resposta ao bordão do regime militar “Brasil: Ame-o ou Deixe-o”, que fala sobre um amor livre e generoso;
- Pé Quente e Cabeça Fria,
- Eu e Ela Estávamos Ali Encostados na Parede;
- Nós Por exemplo;
- E o rock’n roll de Chuck Berry Fields Forever – um trocadilho com a famosa canção dos Beatles.
O disco traz ainda as seguintes parcerias:
- De Caetano e Gil, na nordestina São João Xangô Menino;
- Dos irmão Caetano e Bethânia, na canção protesto Pássaro Proibido;
- E de Gal, Gil e Caetano, no rock’n roll que faz referência à Rita Lee: Quando.
As únicas canções que não foram compostas por nenhum dos quatro artistas são:
- Uma versão eletrizante de Fé Cega, Faca Amolada, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos;
- O samba-canção Atiraste Uma Pedra, de Herivelto Martins e David Nasser;
- e Tarasca Guidon, do amigo tropicalista Wally Salomão
A turnê deste encontro tão especial virou um clássico documentário: Os Doces Bárbaros.
Em 2002, Caetano, Gil, Gal e Bethânia voltaram aos palcos como Doces Bárbaros para shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. O reencontro também foi documentado em Os (outros) Doces Bárbaros.