Este conteúdo faz parte do Acervo MPB, podcast com áudio-biografias de grandes nomes da nossa MPB, escute aqui:

– Compositora, instrumentista e regente, Chiquinha Gonzaga é uma das figuras mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos.

– Tão importante, que a data de seu nascimento, 17 de outubro de 1847, tornou-se oficialmente – em maio 2012 – o Dia da Música Popular Brasileira, por meio da Lei 12.624, sancionada no Rio de Janeiro, cidade em que a Chiquinha nasceu.

– Ela foi a primeira compositora popular e a primeira pianista de choro (chorona) do Brasil, além de ser também a primeira mulher a reger uma orquestra no país.

– Chiquinha é também autora da primeira marchinha de carnaval com letra da nossa história: a clássica Ô Abre Alas, escrita em 1899, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, que passava na frente de sua casa, no bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro.

– No que diz respeito a pioneirismo, Gonzaga foi uma mulher à frente de seu tempo. Quebrou muitas barreiras e rompeu padrões, tanto na música – abrindo portas (ou alas!) para muitas mulheres, em uma profissão que não era exercida por elas na época; quanto na sociedade: lutando pelas liberdades no país, participou da campanha abolicionista e da proclamação da república do Brasil e enfrentou uma cultura opressora, ao romper casamentos e perder a guarda dos filhos para dedicar-se à carreira.

– Chiquinha Gonzaga chamava a atenção nas rodas boêmias do Rio por ser independente e por fumar em público, algo que não era considerado de “bom tom” para mulheres na época.

– Enfrentou todos os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista para se firmar como pianista, compositora, regente e, por fim, líder de classe em defesa dos direitos autorais.

– Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros variados: valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas.

– Francisca Edviges Neves Gonzaga, nasceu no Rio de Janeiro do Segundo Reinado, filha da união de José Basileu Gonzaga, marechal de campo do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, filha de escrava alforriada. Contrariando a família, José casou-se com Rosa após o nascimento da filha.

– Chiquinha cresceu em uma família de pretensões aristocráticas (afilhada de Luís Alves de L. e Silva, Duque de Caxias) e conviveu bastante com a rígida família paterna.

– A menina cresceu e se educou num período de grandes transformações na vida da cidade. Além de escrever, ler e fazer cálculos, estudar o catecismo, e outras prendas femininas, a jovem Chiquinha aprendeu a tocar piano, estudando com o maestro Elias Álvares Lobo.

– Desde cedo, também frequentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África. Aos 11 anos, em 1858, escreveu sua primeira composição, a canção natalina Canção dos Pastores.

– Em 1863, aos 16 anos, por imposição paterna, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Mercante, e logo engravidou do seu primeiro filho, João Gualberto, nascido em 1864.  Sua segunda filha, Maria do Patrocínio, nasceu em 1865, e seu terceiro filho, Hilário, em 1970.

– Em 1869, Chiquinha foi homenageada pelo compositor Joaquim Canado, com a polca Querida por Todos.

– Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia e, principalmente a proibição de que se envolvesse com a música (o marido não gostava de música e encarava o instrumento como seu rival), uma inquieta e determinada Chiquinha decidiu abandonar o casamento, seis anos depois, escandalizando a sociedade conservadora da época.

– Por isso, sua família a expulsou de casa, proibindo-a de levar dois de seus três filhos e permitindo que mantivesse consigo somente o filho mais velho. Chiquinha sofreu muito por ter sido separada de seus filhos Maria do Patrocínio e Hilário, os quais não pôde criar, e também sofreu muito preconceito por criar um filho sozinha.

– Nesta mesma época, sofreu um processo de divórcio perpétuo movido pelo marido no Tribunal Eclesiástico.

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