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Neguinho da Beija-Flor e sua última passarela: despedida de um ícone

Carnaval Direto da Fonte com Sérgio Leão
19:32 19.12.2024
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Carnaval Direto da Fonte com Sérgio Leão

Jornalista, roterista e radialista
Agenda cultural

Neguinho da Beija-Flor e sua última passarela: despedida de um ícone

Após 50 anos de história, Neguinho da Beija-Flor se despede do carnaval carioca, deixando um legado imortal na voz da maior escola da Baixada Fluminense

Novabrasil - 19.12.2024 - 19:32
Neguinho da Beija-Flor e sua última passarela: despedida de um ícone
Foto: Neguinho da Beija-Flor / Redes Sociais

Neguinho da Beija-Flor, renomado cantor e intérprete, anunciou que se despedirá dos desfiles de carnaval após quase meio século de dedicação. Aos 75 anos, ele confirmou que o carnaval de 2025 marcará sua última participação à frente da Beija-Flor de Nilópolis, uma das mais icônicas escolas de samba da Baixada Fluminense.

Desde 1975, Neguinho tem sido a voz inconfundível da agremiação, liderando a escola em todas as suas 14 vitórias no campeonato. Figura histórica e símbolo da Beija-Flor, ele deixa um legado imensurável para o samba e para o carnaval brasileiro.

Ele preparou uma carta de despedida aos fãs, leia a íntegra:

“À minha amada Beija-Flor

O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba. No próximo Carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria. Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia de nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno.

Lembro emocionado, querida escola, do início dessa história, quando cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível “Sonhar com rei dá leão”. Joãosinho Trinta, também recém-chegado, criara o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse – e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões.

De lá para cá, você ganhou 14 carnavais e me concedeu o privilégio de estar presente em todos. Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil, em lugar de protagonista.

Consolidou-se a Maravilhosa e Soberana, como está no nosso hino-exaltação, “Deusa da Passarela”, que tive a honra de compor. E virou seu merecido apelido no planeta Carnaval.

Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória.

Por isso e muito mais, jamais cogitei receber salário da Beija-Flor. Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos. Costumo repetir que, se alguém deve algo, sou eu a você, minha escola. Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes.

Guardo como um tesouro a primeira carteira de integrante da ala de compositores. Está lá a data, 11 de junho de 1975, do começo de tudo. Dos companheiros originais, ainda estão aqui o patrono Anísio Abrahão David e a querida Pinah. Começamos juntos a aventura de conduzir uma pequenina escola da Baixada Fluminense ao panteão das gigantes de nossa cultura popular. E chegamos lá, com a participação de muitos outros sambistas que vieram depois e seguirão rumo ao futuro.

Chegou a minha hora. Em 2025, cantarei a exaltação de meu parceiro Laíla – a quem conheci ainda antes do primeiro Carnaval, na lendária roda de samba do Bola Preta –, como epílogo dessa odisseia que durou meio século de folia e felicidade. Superou muito meus melhores sonhos. E continuarei lhe amando. Você pode contar comigo por toda a eternidade.

Obrigado por tudo, minha escola, minha vida, meu amor.

Olha a Beija-Flor aí, gente!”

No início do mês, o atual presidente da Liesa, Gabriel David, conversou com a Novabrasil e disse: “Não faço ideia do que é a Beija-Flor sem o Neguinho.”

“Para mim, é a vida toda. Não faço ideia do que é a Beija-Flor sem o Neguinho. Vou ter que aprender isso em algum momento, mas eu tive algumas oportunidades de falar com ele. Vai ser um ano muito emocionante, e o Neguinho representa na minha vida algo inexplicável. Quem ama o carnaval está muito emocionado com isso.”

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