Quem foi Marquês de Sapucaí?
Carnaval Direto da Fonte com Sérgio Leão
Jornalista, roterista e radialista
Quem foi Marquês de Sapucaí?
O homem que batizou o sambódromo do Rio de Janeiro, a famosa passarela do samba, não tinha relação nenhuma com o gênero
Cândido José de Araújo Viana, mais conhecido como Marquês de Sapucaí, nasceu em 15 de setembro de 1793, em Nova Lima, Minas Gerais, e faleceu em 23 de janeiro de 1875, no Rio de Janeiro. Foi uma figura proeminente no cenário político e jurídico do Brasil Imperial, destacando-se como político, magistrado e intelectual.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1821, Araújo Viana iniciou sua carreira pública como membro da Assembleia Constituinte de 1823. Posteriormente, exerceu diversos cargos de relevância, incluindo Ministro da Justiça, Ministro da Fazenda, Conselheiro de Estado, deputado e senador pelo estado de Minas Gerais. Entre 1851 e 1853, ocupou a presidência do Senado Imperial.
Além de sua atuação política, o Marquês de Sapucaí teve um papel significativo na educação da família imperial brasileira, servindo como tutor de Literatura e Ciências Positivas do príncipe herdeiro Dom Pedro e, posteriormente, da Princesa Isabel. Foi também presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) de 1847 até sua morte em 1875, contribuindo para o desenvolvimento cultural e histórico do país.
Em reconhecimento aos seus serviços, recebeu diversos títulos e honrarias, incluindo o de Visconde em 1854 e, posteriormente, Marquês em 1872. Foi agraciado com condecorações como a Ordem de Cristo, a Ordem da Rosa, a Grã-Cruz da Ordem da Torre e Espada e a Legião de Honra.
Uma curiosidade interessante é que a famosa Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, que abriga o Sambódromo — palco principal dos desfiles das escolas de samba durante o Carnaval carioca —, leva seu nome em sua homenagem. O Sambódromo, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1984, é oficialmente denominado Passarela Professor Darcy Ribeiro, mas popularmente conhecido como Sambódromo da Marquês de Sapucaí, perpetuando assim a memória deste ilustre brasileiro na cultura nacional.
Marquês de Sapucaí batizou sambódromo sem relação nenhuma com o samba
Embora sua trajetória tenha sido marcada por contribuições à política e à literatura, a ligação de seu nome ao sambódromo não é fruto de uma escolha artística, mas de uma decisão geográfica. A Passarela do Samba foi construída em 1984, ao longo da avenida que já levava o nome do marquês, originalmente batizada em sua homenagem devido à sua relevância histórica.
Uma Conexão Improvável
O contraste entre a figura do Marquês de Sapucaí e o universo do samba é evidente. O marquês viveu em uma época anterior à consolidação do samba como manifestação cultural brasileira, e seu legado está mais associado à política e à literatura do que às festividades populares.
No entanto, a apropriação do nome pela cultura carnavalesca reflete um fenômeno comum na história do Brasil: a ressignificação de espaços e nomes. Assim como a avenida e seu entorno passaram a ser dominados pelo brilho, pela música e pela energia das escolas de samba, o nome do Marquês de Sapucaí foi incorporado ao imaginário popular como sinônimo de Carnaval.
Curiosidades sobre o Sambódromo da Marquês de Sapucaí:
1) Origem do Nome: Embora o sambódromo esteja localizado na Avenida Marquês de Sapucaí, o nome da passarela é uma homenagem ao antropólogo e político Darcy Ribeiro, que foi vice-governador do Rio de Janeiro na época da construção.
2) Eventos Diversos: Além dos tradicionais desfiles de Carnaval, o sambódromo já sediou uma variedade de eventos, incluindo shows de artistas internacionais como Roger Waters, Eric Clapton, Supertramp, Black Eyed Peas, Elton John, Coldplay, Whitney Houston, Avril Lavigne, Britney Spears, Justin Bieber, Iron Maiden, Radiohead, Hillsong, Jonas Brothers, Nirvana, A-ha, Janet Jackson, Bon Jovi, David Bowie, Rolling Stones, Marshmello, David Guetta, Hardwell, Martin Garrix, DJ Snake, Alok, entre outros.
3) Design e Arquitetura: O projeto de Niemeyer foi concebido para refletir o “socialismo moreno”, uma visão de multiculturalismo. A Praça da Apoteose, localizada no final da passarela, é um símbolo notável do Carnaval carioca.
4) Eventos Olímpicos: Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, o sambódromo foi palco de competições de tiro com arco e da chegada da maratona, exigindo reformas para acomodar essas modalidades.
O Sambódromo da Marquês de Sapucaí continua sendo um ponto de encontro cultural, celebrando a diversidade e a energia vibrante do Rio de Janeiro.
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