
Beija-flor e Salgueiro arrepiaram a Marquês de Sapucaí em segundo dia de desfiles no Rio


Carnaval Direto da Fonte com Sérgio Leão
Jornalista, roterista e radialista
Beija-flor e Salgueiro arrepiaram a Marquês de Sapucaí em segundo dia de desfiles no Rio
Com homenagens marcantes e enredos poderosos, as escolas levantaram o público e brilharam no carnaval carioca


No segundo dia do tradicional grupo especial do carnaval carioca, passaram pelo sambódromo da Marquês de Sapucaí mais quatro escolas: Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel.
A multidão que acompanhava o maior espetáculo da terra fez barulho e mostrou ainda mais euforia para as duas agremiações. Beija-flor e Salgueiro.
As duas, que vieram em sequência uma da outra, fizeram a galera ir à loucura no sambódromo. A escola Nilopolitana trouxe para a avenida uma homenagem a um dos principais diretores da história do carnaval, o chamado mestre Laíla. Já o Salgueiro trouxe para a avenida um culto às raízes espirituais da escola sob o título “Salgueiro de Corpo Fechado”. Vale lembrar que nenhuma das 4 escolas estourou o tempo, respeitando o máximo de 80 minutos.
Resumo das escolas
Unidos da Tijuca
A Tijuca buscou conquistar seu quinto título no Grupo Especial com um enredo inspirado no orixá Logun-Edé, o “Santo menino que o velho respeita”. O desfile foi uma homenagem à vida e à energia dessa entidade, mesclando elementos simbólicos e culturais com a história da escola.
Integrantes grávidas, representando a gestação sagrada de Logun-Edé, abriram o desfile, enquanto a juventude do Morro do Borel se destacou como um símbolo de renovação e força.

Com um espetáculo vibrante e colorido, refletindo a beleza do pavão, símbolo da agremiação, a escola enfrentou alguns desafios técnicos no início, como o apagão temporário de um carro alegórico, mas esses contratempos não pareciam ter interferido na avaliação dos jurados, que reconheceram a grandiosidade do desfile.
A cantora Anitta, que faz parte do time de compositores do samba campeão da escola, por questões de agenda, não conseguiu comparecer à Sapucaí, mas fez questão de assistir o desfile direto de uma van em meio a um deslocamento profissional e aproveitou para fazer um registro nas redes sociais.
Beija-flor de Nilópolis
A Beija-Flor abriu o segundo desfile da noite com uma emocionante homenagem a dois de seus grandes bambas. Neguinho da Beija-Flor, em seu último ano como intérprete, comoveu o público ao comandar um samba dedicado a Laíla (1943-2021), o diretor de carnaval que contribuiu com sua arte para muitos dos 14 títulos da escola.
A comissão de frente fez uma belíssima evocação de Laíla, representando-o como uma criança abençoada pelos santos, em meio à comunidade de Nilópolis, com uma alegoria encantadora de “velas” eletrônicas que surgiam do chão, criando um efeito deslumbrante.

A despedida de Neguinho, após 50 anos na Marquês de Sapucaí, foi marcada pelo impacto do samba-enredo e pela bateria, que fez o sambódromo vibrar com suas longas paradas, levando o público à emoção.
O último carro do desfile trazia uma referência ao icônico Cristo coberto, que apareceu no desfile de 1989, mas a faixa com os dizeres “De orum, olhai por nós” não conseguiu se desenrolar completamente, o que gerou um pequeno contratempo. Mesmo assim, o desfile se consolidou como uma homenagem memorável a dois ícones da Beija-Flor.
Acadêmicos do Salgueiro
O Salgueiro busca conquistar seu décimo título com um enredo que celebra os rituais de proteção e a cultura popular brasileira, abordando o corpo fechado por amuletos e outros elementos simbólicos.
O desfile começou com uma comissão de frente impactante, que incendiou um terreiro alegórico, trazendo à avenida a força e a energia da tradição.
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O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira foi responsável por representar os orixás Xangô e Iansã, figuras guerreiras e poderosas da mitologia africana, trazendo toda a imponência e mistério desses deuses para a Sapucaí.

Mais tarde, a dupla fez uma mudança de figurino e, em cima de uma moto, foi destaque do sexto e último carro, que foi uma homenagem a Zé Pilintra.
Consultado pela escola, o malandro pediu que o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira estivesse em sua alegoria, um momento que encantou os jurados e a plateia.
Com essa mistura de elementos da cultura popular e da religiosidade, o Salgueiro emocionou a Marquês de Sapucaí e foi cotada como uma das favoritas da noite.
Unidos de Vila Isabel
A Vila Isabel levou à Sapucaí um desfile cheio de mistério com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!”.
A comissão de frente trouxe à vida a história de um homem que enganou o diabo, com a participação dos atores Amaury Lorenzo e José Lorenzo.
A apresentação contou ainda com o uso de um drone, que deveria mostrar a transformação do herói em uma abóbora voadora, mas, infelizmente, o equipamento desabou logo no início da apresentação, prejudicando o efeito esperado.

Buscando seu quarto campeonato, a escola apostou na tecnologia, uma marca do carnavalesco, para criar alegorias impressionantes, como um trem fantasma e uma bruxa voadora.
As fantasias foram um espetáculo à parte, com criaturas, monstros e assombrações tomando conta da avenida.
Até a bateria entrou no clima sombrio, desfilando como vampiros, e completando a atmosfera aterrorizante que dominou o desfile da Vila Isabel. A rainha Sabrina Sato veio trazer os Dráculas da Vila Isabel com um look icônico representando uma vampira.

A ousadia e a inovação marcaram o enredo, que certamente ficará na memória do público.
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