A Recife de Clarice Lispector: uma “viagem consciente” pelas memórias da escritora
Viagem Consciente com Daniel Nunes
Jornalista e viajante
A Recife de Clarice Lispector: uma “viagem consciente” pelas memórias da escritora
Colunista Daniel Nunes mergulha na cidade que marcou a infância e a juventude de uma das maiores escritoras do século XX
A nossa viagem hoje é pela Recife de Clarice Lispector. Nesta semana em que celebramos tanto o aniversário de nascimento (10 de dezembro) quanto o de morte (9 de dezembro) desta escritora genial, redescobrir seus passos é uma forma de mantê-la viva em nossas memórias.
Embora tenha nascido na Ucrânia, foi na capital pernambucana que a escritora passou sua infância e juventude, moldando a sensibilidade única que mais tarde a transformaria em uma autora imortal. São muitos os lugares que marcaram sua vida e influenciou a genialidade dessa mulher que, com suas palavras, tocou gerações inteiras e continua fazendo muito sucesso mundo afora, mesmo mais de 40 anos depois da sua morte.
Um Museu para Clarice
Clarice nasceu no dia 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia, e chegou ao Brasil com apenas dois meses de vida. Sua família, de origem judaica, fugia das perseguições na Europa Oriental. Inicialmente, os Lispector se estabeleceram em Maceió, mas logo se mudaram para Recife, onde Clarice passou os anos mais formativos de sua vida, entre os 5 e os 15 anos.
Foi na capital pernambucana que ela começou a desenhar sua sensibilidade única, observando o mundo ao redor com olhos atentos e apaixonados. Anos depois, Clarice se tornaria a autora de obras-primas como A Paixão Segundo G.H. e A Hora da Estrela.
Recentemente, uma notícia emocionante movimentou os fãs da autora: uma das casas onde Clarice morou em Recife, localizada na praça Maciel Pinheiro, no centro da cidade, será transformada em um museu dedicado à escritora. A previsão é que o espaço seja inaugurado em 2025, organizado pela Associação Casa Clarice Lispector.
Outras áreas de Recife também guardam memórias da escritora. A rua da Imperatriz e a Avenida Conde da Boa Vista abrigaram sobrados onde a família Lispector viveu. Esses lugares são parte do cenário que influenciou Clarice durante sua infância e juventude, marcando o início de uma trajetória literária brilhante.
Como explorar esse lado da cidade
Embora ainda não exista um tour oficial que guie visitantes pelos passos de Clarice em Recife, há maneiras criativas de conhecer esses lugares. Uma delas é através da novela gráfica Pedra D’Água, criada pela pesquisadora Clarice Hoffmann e ilustrada por Greg Vieira.
Com 108 páginas repletas de referências à vida e obra de Clarice, essa graphic novel funciona como um verdadeiro guia alternativo, transportando o leitor para a Recife dos anos 1920 e 1930. Foi nesse período que Clarice estudou, passeou de bonde e tomou banho de mar, vivendo entre palacetes e ruas que hoje fazem parte da história da cidade.
Literatura e viagem: uma combinação perfeita
Essa coluna é um convite para que você leia ou releia Clarice Lispector enquanto explora Recife, uma cidade que respira história e cultura. É impossível não comparar a Recife da época de Clarice com a cidade atual, mas essa mistura de passado e presente faz parte do encanto de qualquer viagem consciente.
Se você não puder viajar imediatamente, sugiro começar pelo livro A Paixão Segundo G.H., um clássico atemporal que nos ajuda a entender o olhar profundo e introspectivo da autora. E se quiser se aprofundar ainda mais, acompanhe minhas dicas no Instagram, @danielnunes.co, onde compartilho links, informações e inspirações para suas viagens.
Que tal fazer as malas e embarcar comigo nessa viagem por Recife? Uma cidade que, assim como Clarice, é rica em história, cultura e emoção.
Até a próxima viagem!
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