
Especial Dia das Mães na MPB
Especial Dia das Mães na MPB
Novabrasil preparou uma matéria em comemoração a esta data tão importante; confira

Hoje é celebrado o Dia das Mães no Brasil e – como não poderia deixar de ser – a Novabrasil traz uma matéria especial em comemoração a esta data tão importante.
Pra começar, gostaríamos de relembrar duas matérias incríveis que fizemos no ano passado, para homenagear as mães. A primeira trazia duas playlists pra vocês aproveitarem: uma com 37 Mamães da MPB, cada uma delas interpretando uma canção diferente. Tem Cássia Eller, Rita Lee, Elza Soares, Roberta Sá, Luedji Luna e muitas outras.
E a outra, com 23 canções da música popular brasileira que falam sobre as mães e a maternidade, interpretadas por nomes como Maria Rita, Adoniran Barbosa, Emicida e Sandra Sá.
Tem também mais uma matéria, que publicamos no ano passado, que traz uma lista de oito mães da MPB que passaram o seu legado musical para os seus filhos e filhas. Tem Zizi e Luiza Possi, Elis Regina com seus três filhos, Cássia e Chicão e muito mais!
Aproveite, todos esses conteúdos estão muito especiais!
Mas neste ano – como nós sabemos que vocês adoram sabem as histórias por trás das músicas da nossa MPB – resolvemos trazer um conteúdo diferente para celebrar o Dia das Mães.
Vamos contar a história de uma das mais belas músicas já compostas e interpretadas sobre o tema: Minha Mãe, canção que Jorge Mautner e César Lacerda fizeram especialmente para Gal Costa interpretar em seu álbum A Pele do Futuro, de 2018.

História da música Minha Mãe, no Dia das Mães
Jorge Mautner e Gal Costa já eram amigos há muitos e muitos anos, quando a cantora encontrou o compositor em um dos ensaios da turnê do disco que ela gravou junto com Gilberto Gil e Nando Reis: Trinca de Ases, em 2017.
Este trabalho estava sendo dirigido por Gil e Nando, ao lado de Marcus Preto, diretor artístico também dos álbuns Estratosférica, que Gal lançou em 2015, e A Pele do Futuro (ao lado do produtor musical Pupilo), que ela lançaria em 2018.
Gal Costa pediu então que Jorge Mautner compusesse uma música para ela cantar no seu então próximo álbum, exatamente A Pele do Futuro. Mautner – que foi muito amigo da mãe de Gal Costa, dona Mariah Costa Penna, falecida em 1993 – resolveu, então, que escreveria uma canção sobre ela.

Gal contou em uma entrevista ao programa O Som do Vinil, apresentado pelo músico Charles Gavin, no Canal Brasil, sobre a amizade de Jorge Mautner e sua mãe: “Toda semana ele tirava uma tarde para tomar chá com bolo e conversar com a minha mãe”.
Ao começar a escrever a música, Jorge decidiu que homenagearia outra mãezona que é figura conhecida no Brasil inteiro, principalmente pelos fãs de música popular brasileira: Claudionor Viana Teles Veloso, a Dona Canô, mãe de Maria Bethânia e de Caetano Veloso, que faleceu em 2012, aos 105 anos.
Unindo a força e a saudade das duas mães – a de Gal e a de Bethânia – com a imagem da Nossa Senhora de Aparecida, mãe de Jesus Cristo, Jorge Mautner escreveu uma belíssimo poema e enviou para o jovem artista – cantor, compositor e instrumentista – mineiro, César Lacerda, musicar.

César contou sobre a história desse convite e dessa parceria quando conversou com Lívia Nolla, no programa Vitrine Novabrasil, que apresenta as novidades da música popular brasileira: “Estou ali sendo banhado pela luz da minha constelação. Foi muito especial.”.
Quando Gal escutou a música de Jorge Mautner e César Lacerda, ela achou a cara da amiga Bethânia, pela melodia, pelo clima da música e pela ligação da irmã de Caetano (e também da mãe, Dona Canô) com Nossa Senhora: “Eu gravei no meu tom, num tom que fosse bom pra mim e mandei, mas não ficou com pra ela. Daí ela gravou num tom que ficou bom pra ela e ficou altíssimo pra mim, então eu fiz a gravação em cima da voz dela. Mandei para ela e ela adorou”.
As duas cantoras não gravavam nada juntas há 28 anos, desde Gal Costa participou da faixa Iansã (composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil, em 1972), regravada por Maria Bethânia para o seu álbum 25 anos, de 1990, e com a participação também de outras cantoras: Alcione, Flávia Virgínia e Nair Cândia.

O último dueto entre Gal e Bethânia tinha acontecido há 30 anos, na gravação de O Ciúme (composição de Caetano Veloso, de 1987) lançada no álbum Maria, de Bethânia, em 1988, com participação de Gal Costa.
Minha Mãe (Jorge Mautner e César Lacerda, 2018) – Gal Costa e Maria Bethânia
Quando eu fico muito triste
Eu pego a fotografia da minha mãe
E aperto bem forte no meu peito
Minhas mãos param de tremer
Segurando a fotografia
E meu coração bate mais forte
Mas não é mais uma dor que eu sinto
Eu me transformo
Possuído de alegria que invade a mim
E todo esse recinto
E que não tem explicação
E eu choro de alegria
Rezando aos pés de Nossa Senhora Aparecida
Minha mãe me deu a vida
E sempre ela me dará a vida
Minha mãe me deu a vida
E sempre ela me dará a vida
Mas não é mais uma dor que eu sinto
Eu me transformo
Possuído de alegria que invade a mim
E todo esse recinto
E que não tem explicação
por Lívia Nolla