Este conteúdo faz parte do Acervo MPB, podcast com áudio-biografias de grandes nomes da nossa MPB, escute aqui:

– Talento e genialidade fazem de Moraes Moreira um dos nomes mais importantes da música popular brasileira. Ele fez história como o principal compositor – ao lado de seu parceiro, o também poeta Luiz Galvão – dos Novos Baianos, grupo responsável por marcar a MPB para sempre com seu estilo único de fazer música e com o antológico disco Acabou Chorare, de 1972, considerado o melhor álbum de música brasileira de todos os tempos, pela Revista Rolling Stone Brasil.

– Depois que deixou os Novos Baianos, Moraes fez história mais uma vez, transformando-se no primeiro cantor de trio elétrico do Brasil, ao lado de Dodô e Osmar, quando o carnaval ainda só contava com trios instrumentais.

– Com mais de 50 anos de carreira, o cantor, compositor e instrumentista gravou mais de 40 álbuns, entre discos solo, com os Novos Baianos e outras parcerias.

– Foi gravado por muitos nomes importantes da MPB como Gal Costa, Maria Bethânia, Simone, Fagner, Ney Matogrosso, Zizi Possi, Marisa Monte e Daniela Mercury. Além de Davi Moraes, seu filho, que – com sua carreira na música – também honra o legado deixado pelo pai.

Mestre no que diz respeito à diversidade musical, Moraes trazia em suas canções, além do rock, do samba, do frevo e do choro, influências da música erudita e até do hip-hop. Era também um excelente cordelista. Muito influenciado pelo gênero tradicionalmente nordestino, Moraes tem até cadeira na Academia Brasileira de Literatura de Cordel e publicou um livro escrito todo nessa linguagem, em que conta a história dos Novos Baianos.

Antônio Carlos Moraes Pires começou a sua trajetória musical tocando sanfona em festas de São João e eventos de sua cidade natal, Ituaçu, na Chapada Diamantina, Bahia. Na adolescência, enquanto fazia um curso científico no interior baiano, começou a aprender violão e apaixonou-se pelo instrumento.

Com 19 anos de idade, Moraes se mudou para Salvador com o objetivo de estudar medicina, mas a arte falou mais alto e logo decidiu cursar o Seminário de Música na Universidade Federal da Bahia. Lá, conheceu Tom Zé, que dava aulas de violão e passou a ensinar mais sobre o instrumento para Moraes.

Foi Tom Zé quem apresentou Moraes a Luiz Galvão, que tornou-se um de seus maiores parceiros musicais. Os dois se juntaram a Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes, Baby do Brasil e formaram o grupo Novos Baianos. Além deles, na formação original estavam Jorginho Gomes na bateria e bandolim, Bola Morais e Baixinho na percussão e Dadi no baixo.

O grupo Novos Baianos

Em 1968, a banda decidiu montar um show que viria a ser espetáculo de estreia dos Novos Baianos: O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal. No ano seguinte, vão para São Paulo participar do 5º Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, defendendo a canção De Vera, de Moraes Moreira, com letra de Galvão.

Dois anos depois, os Novos Baianos mudam-se para o Rio de Janeiro e lançam o seu primeiro disco, É Ferro Na Boneca, com força no rock, mas já focando na mistura de vários gêneros e instrumentos musicais, característica marcante do grupo.

A banda transformou a cena musical brasileira com suas composições icônicas, que misturam o rock com samba, ijexá, frevo, choro, afoxé, baião, influências da Tropicália, da Jovem Guarda e da bossa nova. João Gilberto é um dos grandes responsáveis pela estética multifacetada do grupo e frequentador assíduo do apartamento para o qual os Novos Baianos se mudaram juntos, no Rio de Janeiro. Moraes contava que “roubou” muitos acordes que aprendeu com João para utilizar em suas canções.

– Em 1971 lançam um compacto com a clássica canção Dê Um Rolê, de Moraes e Galvão.

O apartamento do Botafogo, em que viviam todos juntos, aumentou o entrosamento do grupo e as visitas constantes que recebiam do amigo e mestre, João Gilberto, que influenciou a banda profundamente para o que viria a ser o próximo álbum dos Novos Baianos.

Os Novos Baianos atingiram o auge do sucesso em 72 com o segundo disco “Acabou Chorare”, entrando para a história como o melhor álbum brasileiros de todos os tempos. O disco foi desenvolvido durante o período em que o grupo viveu em comunidade no famoso sítio de Jacarepaguá, trazendo as clássicas: Acabou Chorare, Preta Pretinha, Mistério do Planeta, A Menina Dança e Besta É Tu. Além do sucesso Brasil Pandeiro, de Assis Valente e Bilhete Para Didi, de Jorginho Gomes.

O time Novos Baianos F.C.

No ano seguinte, lançaram o disco Novos Baianos F.C. Não sei se você sabia dessa, mas a banda também tinha um time de futebol e jogavam diariamente no sítio de Jacarepaguá, daí o nome do disco. O projeto trouxe o sucesso da regravação de Samba da Minha Terra, de Dorival Caymmi. E, em 1974, o álbum Linguagem do Alunte, que conta com a clássica Eu Sou O Caso Deles, de Moraes e Galvão.

Depois desse disco, Moraes deixa os Novos Baianos e segue em carreira solo.

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