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Vaginismo: a dor feminina durante o sexo

Lara Vital
17:59 08.07.2024
Universo feminino

Vaginismo: a dor feminina durante o sexo

Estimativa é que até 6% das mulheres brasileiras sofram com essa disfunção

Lara Vital - 08.07.2024 - 17:59
Vaginismo: a dor feminina durante o sexo
Foto: Freepik.com

Vaginismo é uma dor que ocorre no assoalho pélvico feminino na hora da relação sexual e é causado muitas vezes pelo medo excessivo da penetração. Mas está longe de ser um problema que a mulher controla.

Como definiu a Diretora Científica da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Distrito Federal, Débora de Paulo, o vaginismo pode ser definido como: 

“Uma disfunção sexual feminina caracterizada por contrações involuntárias da musculatura vaginal que acabam impedindo totalmente ou parcialmente a penetração por via vaginal durante a relação sexual.

A estimativa é que até 6% da população geral tenha vaginismo, e essa disfunção permanece pouco pesquisada e com pouca discussão entre as mulheres.

Segundo a Dr. Débora, as pesquisas sobre o assunto possuem poucas amostragens, falta de um protocolo de diagnóstico padronizado nos atendimentos e falhas em demonstrar empiricamente os espasmos musculares. Assim, o campo de pesquisas científicas sobre o assunto carece de qualidade.

Causas

Segundo a Dra. Carolina Ambroghini, ginecologista, sexóloga e coordenadora do Centro de Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) o vaginismo pode ter como possíveis causas uma primeira experiência sexual ruim, traumática ou até um caso de abuso sexual. 

“Nós lá da UNIFESP fizemos uma pesquisa com as nossas pacientes e vimos que muitas tem no seu histórico uma educação mais rígida, em que não se fala de sexualidade, ou uma religião que preza muito pela virgindade, o casar virgem… E isso dificulta na hora de ter aquela primeira vez, porque ela tem dificuldade de se soltar ali naquele momento mesmo que seja permitido.”

Isto é, caso a mulher tenha sido submetida a uma educação conservadora, em que o sexo é tratado com tabú, isso pode provocar ansiedade e medo incontroláveis que geram o vaginismo. Desse modo, a paciente pode  desenvolver uma sensibilidade excessiva na região do assoalho pélvico.

Tratamentos

Os tratamentos atuais podem envolver terapia cognitivo comportamental, terapia sexual, terapia de casal ou fisioterapia do assoalho pélvico. 

Segundo a Dr. Carolina Ambroghini, nos casos que a paciente apresente um histórico complexo, de uma personalidade mais controladora e ansiosa, é recomendável que a pessoa faça um acompanhamento conjunto de psicoterapia com o tratamento da dessensibilização.

Isto é, um tratamento em que a mulher vai treinar o cérebro para ter  a penetração, através de penetradores vaginais que possuem tamanhos diferentes, para que a mulher aprenda a ter uma tolerância a sensação de dor. 

O objetivo é que a paciente vá perdendo o medo de maneira progressiva para conseguir relaxar a musculatura. Esse trabalho pode ser feito por fisioterapeutas pélvicos especializados ou médicos ginecologistas que tenham treinamento em sexualidade. 

O tempo de duração do tratamento não é exato eu estimado, varia de mulher para mulher. Há casos de mulheres com históricos traumáticos de abusos sexuais e psicológicos. Assim, normalmente leva mais tempo para àquela musculatura relaxar.

E infelizmente os valores desses procedimentos terapêuticos são caros. Segundo a dra. Débora de Paulo no Distrito Federal e na maior parte dos estados brasileiros não há esse serviço na rede pública, somente no sistema particular.

A dra. Ambroghini que atende em São Paulo explica que por se tratar de um tratamento multidisciplinar, que envolve psicoterapia e fisioterapia, o preço pode ficar ainda mais elevado para a paciente: 

“Os profissionais que atendem sexualidade, dificilmente eles conseguem fazer uma boa consulta de sexualidade pelo convênio médico, porque o convênio médico, ele infelizmente paga pouco para o profissional médico e ele tem que fazer volume, por isso ele não consegue dar atenção para a queixa sexual, que é uma queixa mais complexa que vai durar mais ou menos uma hora de consulta de consulta, ou até mais, dependendo do caso. Por isso que esse atendimento é mais difícil para paciente pagar particular, por geralmente não tem um atendimento pelo convênio.

Carolina que coordena o Centro de Sexualidade Feminina da UNIFESP oferece um atendimento totalmente gratuito pelo SUS. 

Porém, para a paciente ser acesso ao sistema de saúde do município de São Paulo, necessita de um encaminhamento das pacientes pelo sistema CROSS pelo SUS.

Assim, essa paciente precisa passar primeiro pela unidade básica de Saúde, e essa unidade vai encaminhar para um setor especializado.

A UNIFESP pode ser um centro de referência, mas também existem outros centros em São Paulo, como o Hospital das Clínicas, a Santa Casa, o Hospital Pérola Byington que possuem centros especializados em sexualidade. 

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