O que pode impactar diretamente a saúde dos pulmões? A gente responde

Trocar o cigarro tradicional por um vape aromatizado pode parecer uma decisão mais saudável. No entanto, as evidências científicas mostram que essa alternativa, vendida como uma forma de “redução de danos”, pode ter efeitos ainda mais devastadores.

Pesquisas recentes revelam que combinar o uso de cigarros eletrônicos com o cigarro comum pode aumentar em até quatro vezes o risco de desenvolver câncer de pulmão, criando uma ameaça silenciosa e crescente à saúde pública.

De acordo com o oncologista Dr. Guilherme Harada, do Hospital Sírio-Libanês, essa combinação funciona como um coquetel tóxico para o organismo. “Ao contrário do que muitos imaginam, os efeitos do vape não se anulam com os do cigarro tradicional. Eles se somam. E o resultado disso é uma sobrecarga de substâncias nocivas que agride os pulmões e reduz a capacidade de defesa do corpo contra o câncer”, afirma.

Carga dupla de toxinas e danos celulares acelerados

O vapor liberado pelos cigarros eletrônicos contém metais pesados e compostos voláteis que, quando inalados, entram diretamente nas vias respiratórias. Mesmo quando usados sozinhos, esses dispositivos oferecem risco de danos celulares e de desenvolvimento de tumores. Quando associados ao cigarro tradicional, o risco se multiplica, criando um ambiente ideal para o surgimento de doenças pulmonares.

Estudos também indicam que os danos causados pelos vapes podem surgir muito antes do que nos fumantes de cigarro comum. Casos de câncer de pulmão têm sido diagnosticados até 20 anos antes em usuários de cigarros eletrônicos. “Estamos falando de um envelhecimento precoce dos pulmões e de um risco grave para quem começa a fumar vapes ainda na juventude”, alerta Dr. Harada.

Nova geração em risco com a popularização do vape

Enquanto 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil ainda estão associadas ao cigarro tradicional, a explosão do uso de vapes entre adolescentes e jovens adultos acende um novo alerta. Muitos desses usuários começam no cigarro eletrônico acreditando ser uma alternativa mais segura, mas acabam migrando para o uso combinado com o cigarro tradicional — uma combinação que eleva drasticamente os riscos à saúde.

“A armadilha do vape é justamente essa imagem de que ele é moderno e menos agressivo. Mas, ao longo do tempo, temos observado o contrário: usuários de vape acabam se tornando também fumantes, e os danos se tornam ainda maiores”, explica o oncologista.

A mensagem, segundo os especialistas, precisa ser clara: cigarro eletrônico não é alternativa segura. E sua combinação com o cigarro convencional, longe de representar uma redução de danos, representa uma ameaça séria e precoce à saúde pulmonar. A melhor escolha continua sendo parar de fumar por completo — e quanto antes, melhor.