Bruna Henares: “Estudo revela perigos ocultos do cigarro eletrônico entre jovens”

Bruna Henares
14:54 06.05.2025
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Bruna Henares

Cardiologista
Saúde

Bruna Henares: “Estudo revela perigos ocultos do cigarro eletrônico entre jovens”

Segundo o estudo, o cigarro eletrônico não é seguro. A exposição à nicotina é elevada; entenda

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- 06.05.2025 - 14:54
Bruna Henares: “Estudo revela perigos ocultos do cigarro eletrônico entre jovens”
Foto: Freepik.

O cigarro eletrônico, muitas vezes visto como uma alternativa “mais segura” ao cigarro tradicional, pode estar expondo principalmente os jovens a riscos graves. É o que mostra uma pesquisa inédita conduzido pelo Instituto do Coração (InCor), em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da FMUSP.

A pesquisa foi coordenada pela Dra. Jaqueline Scholz, cardiologista e diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor, e entrevistou mais de 400 usuários de cigarro eletrônico em festas, bares e eventos na capital e interior de São Paulo. Os resultados revelam dados alarmantes: os níveis de nicotina encontrados no organismo de usuários frequentes podem ser até seis vezes maiores do que os registrados em fumantes de cigarro comum.

Em usuários com uso diário e intenso, os níveis chegaram a ultrapassar 4.500 ng/ml — enquanto a média em fumantes convencionais é de cerca de 400 ng/ml. Além disso, enquanto um fumante tradicional costuma dar cerca de 200 tragadas por dia, usuários de vape podem ultrapassar 1.500 tragadas diárias, elevando drasticamente a exposição à nicotina.

Outro dado preocupante é que 54% dos usuários afirmaram não saber se o produto continha nicotina e, entre os que acreditavam que estavam usando produtos “sem nicotina”, mais da metade apresentou a substância nos exames laboratoriais. A desinformação sobre a composição dos dispositivos é um dos pontos centrais do problema.

Além da dependência química, os impactos à saúde mental também chamam atenção. Cerca de 31% dos jovens entrevistados relataram sintomas de ansiedade e depressão. Entre os que apresentavam concentrações muito elevadas de nicotina, a ansiedade foi identificada em 41% dos casos. A exposição contínua à nicotina pode causar um efeito rebote, agravando os sintomas ansiosos e tornando o abandono do uso ainda mais difícil.

Do ponto de vista físico, os usuários apresentaram maior prevalência de doenças como asma, alergias respiratórias e hipertensão quando comparados à população não fumante da mesma faixa etária.

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O perfil dos usuários indica que a maioria tem ensino superior, pertence à classe média alta e tem entre 18 e 27 anos. Cerca de 60% dos entrevistados nunca haviam fumado cigarro convencional antes de iniciar o uso de vape. A curiosidade e a influência social foram os principais fatores que motivaram o início do consumo.

Segundo o estudo, o cigarro eletrônico não é seguro. A exposição à nicotina é elevada, os riscos à saúde física e mental são significativos, e a dependência se instala rapidamente. A pesquisa reforça a urgência de combater a desinformação, regulamentar adequadamente esses produtos no Brasil e ampliar as campanhas educativas, especialmente voltadas à população jovem.

Fique atento: o que parece moderno ou inofensivo pode colocar sua saúde em risco.

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colunista

Bruna Henares

Cardiologista pelo Instituto do Coração- InCor ( HC- FMUSP), cardiologista do Centro de Acompanhamento da Saúde e Check up do Hospital Sírio Libanês e MBA Executivo em Gestão de Saúde da FGV ( Fundação Getúlio Vargas)

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