
Bruna Henares: “Colesterol baixo causa demência?”

Bruna Henares: “Colesterol baixo causa demência?”
Novo estudo publicado no NEJM Evidence traz respostas importantes e baseadas em ciência para essa questão; entenda

Nos últimos anos, têm surgido preocupações sobre a possibilidade de que níveis muito baixos de colesterol LDL possam afetar a função cognitiva e aumentar o risco de demência.
No entanto, um novo estudo publicado no NEJM Evidence em dezembro de 2024 trouxe respostas importantes e baseadas em ciência para essa questão.
O LDL, conhecido como “colesterol ruim”, está diretamente associado ao risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Reduzir os níveis de LDL, especialmente em pessoas com alto risco cardiovascular, é uma estratégia essencial para a prevenção dessas doenças. Mas será que níveis muito baixos de LDL podem prejudicar o cérebro?
O Que Diz a Ciência?
Um estudo de longo prazo intitulado “Long-Term Cognitive Safety of Achieving Very Low LDL Cholesterol with Evolocumab”, publicado no NEJM Evidence, avaliou a segurança cognitiva da redução extrema do LDL por meio do uso do inibidor de PCSK9 evolocumab, em associação com estatinas.
Principais achados do estudo:
• Foram acompanhados 473 pacientes por um período médio de 7 anos.
• O grupo estudado atingiu níveis médios de LDL de 35 mg/dL, sendo que alguns participantes tiveram LDL abaixo de 25 mg/dL.
• A pesquisa analisou diversos testes neurocognitivos para avaliar o impacto da redução extrema do LDL na função cerebral.
• O estudo contou com a participação do pesquisador brasileiro Dr. André Zimerman.
Conclusão:
• Reduzir o LDL para níveis muito baixos NÃO foi associado a declínio cognitivo.
• Pelo contrário, a redução do colesterol LDL esteve associada a uma menor incidência de:
✅ Infarto do miocárdio
✅ Acidente Vascular Cerebral (AVC)
✅ Morte cardiovascular
Por Que LDL Baixo Não Afeta o Cérebro?
1. O cérebro produz seu próprio colesterol para funcionar adequadamente, independentemente dos níveis de colesterol no sangue.
2. Medicamentos como o evolocumab não atravessam a barreira hematoencefálica, ou seja, não interferem diretamente no metabolismo cerebral.
3. Estudos prévios, como o EBBINGHAUS-OLE, também já haviam demonstrado a segurança cognitiva da redução agressiva do LDL.
Atenção às Fake News
Circulam muitas informações equivocadas sobre colesterol e saúde. A ideia de que reduzir o colesterol pode causar demência não tem embasamento científico e pode levar à descontinuação de tratamentos essenciais para a prevenção de eventos cardiovasculares.
Todo Colesterol Alto Precisa de Medicamento?
Nem sempre. O tratamento deve ser individualizado e baseado no risco cardiovascular de cada paciente. Enquanto algumas pessoas precisam de medicações para controle do LDL, outras podem se beneficiar de mudanças no estilo de vida.
O mais importante é consultar um cardiologista para uma avaliação personalizada e baseada nas melhores evidências científicas.