
Inês de Castro: “Taxas de referência nem sempre mostram a qualidade da saúde”

Inês de Castro: “Taxas de referência nem sempre mostram a qualidade da saúde”
Medicamentos ajudam, claro. Mas é preciso lembrar que a saúde não se mede só através de números


Toda vez que se tem notícia sobre a mudança de parâmetros para medir substâncias no nosso corpo, logo na sequência ficamos sabendo de um novo medicamento para tratar aquele excesso ou falta.
Antes de tudo, isso não é uma crítica à indústria farmacêutica, mas um alerta sobre tratamentos e condutas para melhorar a nossa saúde.
Se as taxas de colesterol, glicemia ou ácido úrico, por exemplo, não estão dentro dos novos parâmetros estabelecidos, o médico vai lá e recomenda um remédio e, com isso, consegue melhorar os níveis para que fiquem dentro das taxas de referências, o paciente tende a acreditar que, agora sim, acertou na estratégia para tratar um problema.
De forma pontual, pode ser que sim. A longo prazo, nem pensar.
Parece óbvio, mas mudar a origem do problema é o maior dos desafios em qualquer que seja a esfera da nossa vida.
Vou fazer uma analogia: você tem um problema conjugal, faz uma viagem romântica para mudar a cena… Será que essa conduta, isoladamente, resolve a questão? Temporariamente pode ser que sim, mas a raiz daquele problema continua lá, incomodando.
Na medicina da qualidade de vida (um novo olhar – e mais global – sobre a saúde) o todo é muito mais importante do que as pequenas partes. Sem alimentação balanceada, exercícios físicos, controle do estresse e atividades para manter o cérebro vivo e ativo, pode até ter um remedinho ou um supermedicamento sejam capazes de colocar as taxas no lugar.
Mas definitivamente não é isso que vai melhorar a nossa saúde de uma forma significativa.