Inês de Castro: “Demência evitável, entenda”
Inês de Castro: “Demência evitável, entenda”
Entre os fatores que podem levar à demência na velhice, o isolamento social é um dos que podemos escapar ao longo da vida
A revista Lancet, o veículo científico mais respeitável do mundo, acabou de publicar um estudo feito pela Faculdade de medicina da USP sobre demência na América Latina. Esse estudo mostrou que 54% dos casos de demência são atribuíveis a fatores que podem ser modificados.
Traduzindo: é possível mudar e melhorar 12 fatores que, comprovadamente, aceleram o surgimento da demência na velhice.
Alguns deles são: tabagismo, obesidade, hipertensão, depressão, diabetes, consumo excessivo de álcool, poluição do ar, perda auditiva e isolamento social.
Se muitos desses fatores dependem de políticas públicas ligadas ao sistema de saúde (embora, sim, nós possamos fazer a nossa parte também), sobre o último deles eu diria que nós temos gerência e responsabilidade grandes ao longo da vida. Estou me referindo ao isolamento social.
Não dá para desconsiderar que muitos idosos não se isolam porque querem, porque ficaram ranzinzas ou porque não gostam mais da convivência com a família. O que acontece com eles é o isolamento (talvez não intencional, mas real) provocado pela própria família.
São velhos que vão sendo largados num canto, esquecidos sem que alguém perceba o que está se passando. E isso não acontece da noite para o dia; vai dando sinais. É a esses sinais nós precisamos estar muito atentos, até para reverter os efeitos ruins da solidão quando a velhice chegar.
Se não tem mais a família, busquemos amigos, conhecidos com quem a gente possa se conectar, de quem se aproximar, gente com quem se possa contar.