
Inês de Castro: “Ajuste na produtividade”

Inês de Castro: “Ajuste na produtividade”
A produtividade tóxica que nos contamina ao longo da vida pode ser ainda pior quando envelhecemos

O excesso de produtividade se transformou num veneno sem que a gente se desse conta disso. E se é ruim ao longo da vida, fica ainda pior ainda na velhice.
Pelo horror que nós desenvolvemos da palavra “aposentadoria”, também internalizamos a ideia de que não vamos – nem podemos – parar de produzir nunca mais.
Estar em atividade é um dos pilares do envelhecimento saudável. Mas a pergunta que nos importa fazer é: “como estaremos ativos?”.
Não é, definitivamente, da mesma forma que estivemos ativos ao longo da vida, com o mesmo calendário de compromissos, o mesmo ritmo de horas trabalhadas ou até na mesma função que desempenhamos ao longo da vida.
Se for assim, a gente só estará forçando os nossos motores físico e mental, sem olhar para as condições que eles oferecem para que sejamos ativos na medida do que nos contempla.
Criar uma velhice ativa dá um certo trabalho e demanda inventividade. Até para nos perguntarmos: quanto tempo e quanta energia eu tenho, o que meu corpo é capaz de aguentar, em que cenário eu sou produtivo e em qual eu não caibo mais?
De posse dessas respostas, fica muito mais fácil estabelecer como vai ser a nossa produtividade no envelhecimento.
Dia desses, dois jovens – um de 17 e outro de 25 anos – conversavam sobre as suas ambições de vida. O de 25 anos disse ao de 17 que a vida dele tinha mudado muito e que os seus desejos também tinham mudado. Por isso, ele precisava de um ajuste de rota.
É exatamente isso. Deixar o GPS entender o novo contexto para recalcular o novo caminho em que estaremos confortáveis para nos manter ativos